Outubro é o mês de conscientização sobre o câncer de mama, que segundo dados publicados pelo Ministério da Saúde, matou 16,5 a cada 100 mil mulheres no Brasil, no ano de 2020. A taxa de mortalidade da doença no país está acima da média mundial (13,0), como também da América Latina (13,4).
Em busca de mais esclarecimentos sobre o câncer de mama, o Acorda Cidade entrevistou, a pedido da Dudu Naturais, a médica mastologista Vanessa Boeira, que atua em diversos hospitais da rede privada em Feira de Santana, e também presta atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em unidades do município.
Conforme a especialista, os estudos mais recentes têm demonstrado uma associação entre o câncer de mama e a obesidade, que depois do tabagismo é um dos fatores que mais está levando a população a ficar doente.
“São dois fatores que influenciam naturalmente, mas é claro que existem também as alterações genéticas. O tabagismo está associado a outros tipos de câncer, mas a obesidade está mais ligada ao câncer de mama. Mas como a gente sempre ressalta: os fatores genéticos são coisas que não podemos influenciar, e às vezes existe uma predisposição, então a gente tem que trabalhar em cima do que a gente pode modificar”, explicou.
O que é o câncer de mama?
Conforme explica Vanessa Boeira, o câncer de mama é um tumor maligno, que se desenvolve nas mamas.
“Existem tumores mais agressivos e outros menos, mas todo câncer é maligno, e o que define a malignidade de uma lesão é o potencial que ela tem de se espalhar pelo corpo. Claro que tem tratamento, tem cura e temos que focar no diagnóstico precoce, que muda todo o cenário em relação ao câncer de mama. Os casos iniciais têm uma chance de cura em torno de 90%, e é por isso que as mulheres têm que estar se cuidado, fazendo mamografias a partir de 40 anos, estar alertas aos sintomas clínicos, procurar o mastologista caso sinta qualquer manifestação nas mamas”, orientou a médica.
Conforme a mastologista, os casos que se manifestam já estão clinicamente mais avançados, mas isso também não quer dizer que não têm cura.
“São casos que muitas vezes requerem um tratamento mais radical, cirurgias mais agressivas, e em algumas situações é preciso retirar a mama. Já nos casos iniciais, a gente pode fazer uma cirurgia mais conservadora e não precisa retirar a mama toda, o tratamento com quimioterapia pode ser mais brando. Toda mulher a partir de 40 anos tem que estar fazendo mamografia anualmente, e mulheres que têm casos na família devem iniciar esse acompanhamento mais cedo, quando há casos de câncer de mama em parentes próximos, às vezes, a partir de 25 anos, e também mulheres a partir de 30 anos podem realizar a ultrassom, consulta com mastologista para avaliar o risco e a necessidade de se fazer exames”, esclareceu a médica em entrevista ao Acorda Cidade.
Ela lembrou que há alguns anos as mulheres iam ao mastologista quando já tinham um caso de câncer e hoje em dia muitas já incluíram na rotina anual a consulta com mastologista, a fim de avaliar as mamas e fazer os exames adequados.
“O câncer de mama é o principal tipo de câncer entre as mulheres e o que mais mata, por conta também dessa falta de diagnóstico no início da doença e também porque a população está envelhecendo e um dos fatores de risco é o envelhecimento. Outro fator é a obesidade, porque ela aumenta a quantidade de fatores inflamatórios no organismo, principalmente no período da menopausa, que há o aumento da gordura periférica, que atua produzindo hormônios femininos, como o estrogênio, e é um dos fatores de risco para o câncer de mama.”
Sinais clínicos
Para observação de qualquer sinal clínico, o autoexame continua sendo primordial, observou Vanessa Boeira.
“Tem que se tocar, e o melhor dia para isso é em torno do 7º dia após a menstruação, quando a mama está menos inchada e com menos efeito dos hormônios. O objetivo desse exame de toque é perceber qualquer sintoma no intervalo dos exames clínicos, porque não vai estar procurando o mastologista várias vezes no ano. Os sintomas mais importantes são: notar algum caroço na mama, alguma alteração no bico do peito, drenagem de secreção pelo mamilo, principalmente se for aquosa, em grande quantidade, ou secreção sanguinolenta, alguma ferida na mama que não cicatriza, inchaço nas mamas, que a gente chama aquele edema em casca de laranja, e também que nesse exame de toque que envolve a apalpação das axilas, porque se nota algum carocinho embaixo do braço, também é importante buscar o mastologista.”
Alimentação saudável
A médica mastologista ressaltou a importância de uma alimentação saudável e, caso seja necessário, a suplementação com orientação de um especialista.
“A Sociedade Brasileira de Oncologia já publicou notas informando que mulheres que são obesas têm mais predisposição a desenvolverem câncer de mama, além de, em alguns casos, não terem uma resposta tão boa ao tratamento. E a manutenção de uma alimentação saudável, a prática de exercícios físicos, tudo isso ajuda a prevenir a doença, como também obter melhores respostas no tratamento tanto no curto prazo, como a longo prazo, no sentido de prevenir que o câncer volte. As mulheres devem avaliar com seu médico se há necessidade de tomar suplementos alimentares, pois muitas vezes a nossa alimentação não possui todas as vitaminas e nutrientes necessários”, informou.
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