Atualizada em: 12h14
Laiane Cruz
Pais e mães de pacientes que dependem de traqueostomia, gastrostomia e ventilação mecânica estão enfrentando dificuldades com a falta de insumos e materiais hospitalares para o tratamento dos filhos, em Feira de Santana. Segundo algumas mães ouvidas pelo Acorda Cidade, os materiais deveriam ser distribuídos pela Secretaria de Saúde, porém estão sempre em falta e quando chegam aos postos é em quantidade insuficiente. Outro problema é com o fornecimento de medicamentos.
Mãe de uma adolescente de 12 anos com epilepsia refratária, Talita da Conceição Ribeiro, relatou que a filha sofreu uma parada cardíaca e está acamada. Ela depende da traqueostomia, gastrostomia e ventilação mecânica para sobreviver. Segundo ela, enfrenta muita dificuldade para conseguir os materiais e medicamentos para o tratamento da filha e são muitas idas e vindas para tentar garantir o seu direito.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Muito antes da pandemia que Taine não vem recebendo os materiais do município. Quando a gente sai do Hospital da Criança, que a criança tem traqueostomia ou gastrostomia, o hospital, junto com a assistente social, encaminha um relatório para o município custear o que ela tem de necessidade. Os profissionais de saúde, a Secretaria de Saúde da Bahia(Sesab) manda até a residência para atendê-la. Mas o material, as medicações, eles não mandam. Eles informaram que é dever do município dar todas as medicações que ela tem necessidade. E o município informou que algumas medicações, eles tinham que fazer solicitação de compra, como o medicamento para epilepsia e crise convulsiva”, informou Talita Ribeiro.
De acordo com ela, foi aconselhada a procurar a Defensoria Pública e ganhou na Justiça o direito de receber as medicações pelo município, algo que não vem ocorrendo.
Foto: Arquivo Pessoal
“E teve uma pessoa que me disse que eu deveria procurar a Defensoria Pública para poder receber essas medicações, e assim foi feito o ano retrasado, mas até hoje não estamos recebendo nada, mesmo com o juiz dizendo que é para o município dar essas medicações a Taine. No final de 2019, ela chegou a receber uns materiais, que eram complemento do que ela já recebe, que é sonda de aspiração, luva estéril, gaze, luva de procedimento, seringas, só que dos últimos tempos para cá não estamos recebendo mais nada. Vamos ao posto e eles falam que não tem material. E a Secretaria afirma que não foi recebido ofício nenhum da Defensoria Pública e e que não têm a medicação”, reclamou.
Outra dificuldade de Talita com a filha é com relação às fraldas descartáveis. Segundo a mãe, o estado só envia o equivalente para uma semana e alega que o restante do material deve ser fornecido pelo município.
“As medicações que não dão no posto eu tenho que comprar, e os materiais, eu recebo algumas doações, outras tenho que comprar. Fralda descartável o estado só dá três fraldas por dia, que dá 96 fraldas, para oito dias. Eu liguei para lá para questionar que a fralda não dava e que no relatório dela de alta tem dizendo a quantidade que deveria vir, só que não vem. E eles informaram que eu tinha que procurar o município, que também alega que não dá a fralda”, lamentou.
Elenilda Teixeira de Oliveira, mãe de Letícia Oliveira Barreto, também sofre para conseguir cuidar da menina, que teve a meningite. Após o internamento, a garota precisou fazer uso de traqueostomia e ficou dependente de ventilação mecânica. Os materiais que ela precisa, como luva, sonda, soro, gaze, estão sempre em falta, como também um dos medicamentos que utiliza de alto custo e mãe precisa comprar.
Foto: Arquivo Pessoal
“Antes da pandemia eles mandavam o material, depois eles pararam de mandar praticamente tudo. De vez em quando a unidade de saúde liga dizendo que chegou material de Letícia lá, e quando chego lá, às vezes tem lá 3 ou 4 luvas estéreis, que não dão pra passar nem uma semana. Eles nunca mandam o material completo, quando mandam é pouca coisa, que não dá pra passar nem um mês. Eu estou comprando tudo isso, e o custo é muito alto. E ainda tem uma medicação que ela toma que é cara, mas o que eu ganho e o salário dela não dá pra tudo isso. Ela é dependente de três medicações: dois a unidade fornece, que são o omeprazol e o phenobarbital, mas outro, que é o Keppra, não fornece. Desde que ela começou a fazer uso dessa medicação eu tenho que comprar, pois a secretaria não fornece porque o custo é alto”, disse.
O Acorda Cidade aguarda um retorno da Secretaria de Saúde sobre o assunto.
Com informações dos repórteres Ed Santos e Ney Silva do Acorda Cidade