Saúde

Luto Perinatal: saiba mais sobre a dor silenciosa que precisa ser acolhida

O luto perinatal não se restringe apenas à perda física do bebê, mas também envolve a desconstrução do sonho da maternidade idealizada.

Lexa no hospital
Lexa | Foto: Reprodução/Instagram

Recentemente, a cantora Lexa anunciou a triste perda de sua filha Sofia, fruto de seu relacionamento com Ricardo Vianna. Após ser diagnosticada com pré-eclâmpsia precoce, Lexa precisou passar por uma cesariana emergencial no dia 2 de fevereiro. No entanto, a bebê, que nasceu prematura, não resistiu e faleceu no dia 5, três dias após o nascimento. O caso trouxe à tona um tema delicado e pouco discutido: o luto perinatal.

Aline Rezende Graffiette, psicóloga clínica, neuropsicóloga e fundadora da Mental One, ressalta a importância de falar sobre o luto perinatal, um assunto frequentemente tratado como tabu. Segundo a Fiocruz, a cada 100 mil gestações, um bebê não sobrevive, e o luto perinatal é reconhecido a partir da 22ª semana de gestação. “Se pouco é falado, pouco é vivido. E todo luto precisa ser vivido para que encontre um espaço de elaboração”, explica Aline.

Lexa no hospital
Foto: Reprodução/Instagram/Lexa

A especialista destaca que, muitas vezes, as famílias enlutadas tendem a se isolar, tornando o processo de enfrentamento ainda mais difícil. No ambiente hospitalar, especialmente nas UTIs neonatais, há uma rede de apoio espontânea entre as mães e familiares que compartilham a mesma realidade. No entanto, ao saírem do hospital, muitas dessas conexões se perdem, e o sofrimento se torna solitário.

O luto perinatal não se restringe apenas à perda física do bebê, mas também envolve a desconstrução do sonho da maternidade idealizada. “É um luto duplo: a perda do filho real e do filho idealizado. Muitas vezes, cria-se uma fantasia de que tudo ficará bem, mas quando estamos diante de uma gestação de risco, já não está tudo bem. É necessário um olhar realista para preparar os pais e toda a rede de apoio para essa possível perda”, alerta a neuropsicóloga.

Aline compartilha sua própria experiência com a perda gestacional e destaca como o acolhimento e o reconhecimento desse luto são fundamentais para que as famílias possam seguir em frente. Além disso, chama a atenção para outro aspecto pouco discutido: o risco de morte materna associado a pré-eclâmpsia. “A condição pode ser fatal não apenas para o bebê, mas também para a mãe. É uma realidade que precisa ser discutida, pois a informação pode salvar vidas.”

Diante de uma perda tão significativa, é essencial que as famílias tenham suporte emocional e psicológico para atravessar esse período com acolhimento e compreensão. “Ninguém será substituído, e o luto precisa de espaço para ser vivido”, conclui Aline.

Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos canais no WhatsApp e Youtube e grupo de Telegram.

Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais recentes
mais antigos Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários