Dia Mundial do Diabetes

Jovens com diabetes contam como descobriram a doença; médica reforça tratamento adequado para evitar complicações

A doença é silenciosa, por isso é importante fazer exames de rotina e manter hábitos saudáveis. Existem pesquisas que mostram que quando as pessoas recebem o diagnóstico já são diabéticas há pelo menos sete anos.

Laiane Cruz

Aos 11 anos de idade, o publicitário Antônio Levi, hoje com 19 anos, foi diagnosticado com a diabetes do tipo 1. Na época, os pais dele perceberam alguns sintomas e o levaram ao pediatra.

“Comecei a fazer muito xixi, emagrecer e eles acharam estranho eu emagrecer 7 kg em duas semanas. Me levaram ao pediatra, que solicitou alguns exames. Quando o resultado saiu, eles me levaram para o hospital, pois minha glicemia estava altíssima”, contou Levi, em entrevista ao Acorda Cidade.

De acordo com ele, descobrir que estava com a doença foi um baque para toda a família, mas em pouco tempo, o garoto foi se adaptando à nova rotina de cuidados com a saúde.

Foto: Arquivo Pessoal
 

“Ainda na primeira semana eu aprendi a utilizar a insulina e aplicava em mim mesmo. Comecei a entender o que era a doença e porque eu tinha que me cuidar. Já fui ao hospital algumas vezes, mas nunca fiquei internado. Hoje estou muito tranquilo e não tenho nenhum problema de falar da doença”, afirmou o publicitário.

Levi resolveu então compartilhar parte da sua rotina através das redes sociais. Começou em 2015, produzindo vídeos para o Youtube, e depois migrou para o Instagram.

“Pesquisando vi que não tinha muita coisa. E hoje a doença atinge 50% da população mundial, mata muito. É muito importante prevenir, e as pessoas que não têm diabetes devem ter esse cuidado, reduzir o consumo de refrigerantes e outros alimentos. Estou há oito anos com a doença e não tive nenhuma complicação, convivo bem com a doença. Quem quiser acompanhar um pouco da minha rotina pode me seguir no Instagram @levi.type.1”, destacou.

Foto: Reprodução/Instagram
 

Aos 28 anos de idade, a influenciadora digital e maquiadora Vick Sá (@vicksa__) ainda tem dificuldade de conviver com a diabetes. A descoberta veio no ano passado, quando ela precisou ficar internada em decorrência da covid-19.

“Fiquei internada em São Paulo porque fiquei com cetoacidose diabética e o açúcar ficou muito alto no sangue, levou à descompensação. O tipo da minha diabetes é da que toma insulina para regular, e como eu lidei com a diabete eu confesso que é muito difícil. Eu até hoje não me dou 100%, mas tenho aprendido a conviver com a doença e a aceitar”, revelou.

A maquiadora ressaltou que às vezes fala sobre a doença em suas redes sociais, alertando para os cuidados.

“É muito importante esse cuidado, porque o controle da diabetes é indispensável para ter uma vida saudável. Dá pra conviver, basta praticar exercício físico, cuidar da alimentação, tomar os remédios e ter um acompanhamento médico. Minha rotina mudou a partir da diabetes, mas preciso ainda melhorar alguns hábitos alimentares e fazer mais atividades físicas”, disse Vick ao Acorda Cidade.

Dia Mundial do Diabetes

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
 

O Dia Mundial do Diabetes é comemorado neste domingo (14). De acordo com a médica endocrinologista Geruza Brandão Assad, a doença metabólica causa hiperglicemia (açúcar alto no sangue) e inflamação em praticamente todos os órgãos do corpo humano.

“É uma doença bastante silenciosa, ela não dá sintomas e a gente acaba descobrindo através dos exames de rotina.”


Tipos

A diabetes pode ser do tipo 1, que representa cerca de 10% dos casos e acomete crianças e adolescentes, e a mais comum, o tipo 2, engloba cerca de 80% dos casos, provocada por uma deficiência relativa da insulina, que é um dos hormônios produzidos pelo pâncreas.

“O tipo 1 é caracterizado por uma deficiência mais completa do hormônio insulina, e isso obriga que a gente desde o início coloque a insulina como tratamento, porque isso coloca em risco a vida do paciente. Geralmente acontece na infância e é uma deficiência do hormônio. O tipo 2 varia de acordo com a quantidade de insulina que cada pessoa produz. Então é aquela pessoa que ainda produz o hormônio, porém de forma parcial”, esclareceu a especialista ao Acorda Cidade.

O tema da campanha deste ano é ‘A diabetes age em silêncio. A informação dá voz ao tratamento e visa alertar a população sobre a doença ser silenciosa.

“Isso quer dizer que você só vai ter sintomas da hiperglicemia, da glicose alta no sangue, quando ela está acima de 170 ou 200, então muitas vezes o paciente fica diabético e não sente absolutamente nada. Existem pesquisas que mostram que quando as pessoas recebem o diagnóstico já são diabéticas há pelo menos sete anos”, alertou.

Geruza Brandão acrescentou que em alguns casos a doença pode ter fatores genéticos e uma característica familiar.

Tratamento

O tratamento da diabetes 1 é feito por meio da aplicação de insulinas. Já para o tipo 2 há várias medicações de controle.

“O hormônio pancreático acabou de completar 100 anos de existência, isso representa o salvamento de muitos pacientes. No passado, todos que desenvolviam a deficiência completa evoluíam para a morte. Para o tipo 2 existe uma série de medicações, que estão cada vez com mais tecnologia para trazer qualidade de vida aos pacientes, proteção contra várias complicações, e aí são várias drogas que agem em vários sítios da doença, amenizando os sintomas e protegendo a pessoa.”

Caso o paciente não siga corretamente o tratamento prescrito pelo médico pode sofrer com várias complicações, e em casos mais graves pode ter membros do corpo amputados e evoluir até para a morte.

“A diabetes, principalmente do tipo 2, que é a mais prevalente, pode ter complicações desde os olhos da pessoa, causando cegueira, hemorragias no fundo do olho, alterações na visão, até os rins. A gente divide as complicações em duas categorias, que são as microvasculares, que atingem os olhos, rins e nervos, e as macrovasculares, que podem causar o derrame, o infarto, alteração global do organismo. Quando existe um comprometimento neurológico importante, existe a perda de movimentos das pernas, dos pés, e da microcirculação da artéria, causando uma isquemia, e vêm aqueles ferimentos que não conseguem cicatrizar, causando complicações secundárias podendo levar a uma amputação”, elencou.

Os casos em que se faz necessária a amputação representam uma perda muito grande da qualidade de vida do paciente. Por isso a endocrinologista reforça que a prevenção ainda é o melhor remédio.

“No momento em que você precisa amputar um membro, você tem uma infecção, um internamento, com risco de complicação maior até a morte. Além disso, compromete toda a mobilidade, a qualidade de vida, mexe com o emocional, a atividade laboral, pois às vezes o paciente precisa deixar de trabalhar. A prevenção maior é fazer os exames de rotina todos os anos, ter uma qualidade de vida saudável. No momento quem tem um diagnóstico deve tratar com o médico, que vai apontar o melhor caminho para o tratamento e a prevenção das complicações”, aconselhou.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
 

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