Feira de Santana

Internada por mais de dois meses, idosa de 88 anos aguarda na fila de regulação por cirurgia no quadril

Na tarde de terça-feira (11), dona Maria Galvão recebeu alta da unidade hospitalar e segue aguardando pela cirurgia em casa.

Gabriel Gonçalves

Atualizada às 18h31 de 13/01/2021

A idosa Maria Galvão de Medeiros, 88 anos de idade, deu entrada no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) em Feira de Santana, no dia 9 de novembro do ano passado, para realizar uma cirurgia no quadril.

Ao Acorda Cidade, a filha Mirian Galvão, contou que a paciente chegou a ser atendida através de regulação no Hospital Manoel Vitorino em Salvador, mas não obteve êxito em realizar o procedimento.

"O médico reumatologista nos orientou a dar entrada na UPA do Clériston, pois minha mãe pode estar com uma infecção no quadril por conta dos desgastes da artrose que ela tem. Esse diagnóstico foi dado após uma ressonância que ela fez. A regulação dela, ainda chegou a marcar uma consulta no Hospital Manoel Vitorino em Salvador, fomos no dia 23 de dezembro, fomos atendidos, mas o médico explicou que minha mãe precisava voltar para a fila de cirurgia", explicou.

De acordo com Mirian, o Hospital autorizou a alta da paciente no dia 30 de dezembro, mas por ainda sentir fortes dores, a mãe, Maria Galvão, permaneceu internada. Na tarde de terça-feira (11), dona Maria Galvão recebeu alta da unidade hospitalar e segue aguardando pela cirurgia em casa.

"Ontem eu assinei o termo de alta, viemos para casa, chegamos por volta das 16h, e aqui sigo medicando ela, tentando acalmá-la, mas irei à luta. Eu preciso que minha mãe faça a cirurgia em Salvador lá no Hospital Manoel Vitorino. Este é um relato de uma filha lutando pelo bem da própria mãe, infelizmente moramos em um país com muitos descasos, fazem o que querem com a população", lamentou.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o promotor de Justiça Audo Rodrigues, que integra o Ministério Público da Bahia (MP-BA), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) o que vai regular a prioridade de um paciente é se a cirurgia é de urgência e emergência ou se é a chamada cirurgia eletiva.

"Na última semana, eu estava saindo do Ministério Público e encontrei com o filho dela, que estava meio revoltado com essa situação, porque o hospital tinha dado alta a essa idosa e pediram que a família procurasse MP. Nessa conversa ele relatou que já existia uma liminar dada pela Justiça para que se procedesse a cirurgia da paciente e tinha um advogado constituído. Eu expliquei que neste caso ele teria que buscar o advogado, que foi quem deu entrada, para que se buscasse o cumprimento de uma eventual decisão que tivesse sido proferida", explicou.

Segundo ele, em Feira de Santana há 31 pessoas dependendo de regulação. "Nós estamos numa situação que não é restrita ao caso de uma idosa, mas tem sido uma constante. A central estadual de regulação teria que dizer o que está acontecendo, por que não está tendo regulação. Eu tenho certeza que isso é um fenômeno geral. Cirurgias eletivas também teremos um grande problema em pouco tempo, porque nesses dois anos que tivemos de pandemia, isso impactou nas cirurgias eletivas no estado da Bahia. Existe uma fila, e o estado não pode escolher a quem vai oferecer o serviço. Ele precisa seguir critérios objetivos, como o princípio da impessoalidade. No caso dessa idosa, haveria uma medida judicial, o que acho estranho. Porque decisões judiciais não demoram muito, porque há uma possibilidade de responsabilização do gestor em caso de descumprimento", comentou. 

Com informações da jornalista Laiane Cruz do Acorda Cidade
 

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