Rachel Pinto
Os casos em investigação do novo coronavírus não devem ser motivo para que as pessoas que residem em Feira de Santana fiquem em pânico. É o que diz a médica infectologista Normeide Pedreira. Ela explicou como é possível se proteger da doença, as principais características do vírus e também como é feito o tratamento.
Normeide declarou que a primeira providência a ser tomada com relação aos casos suspeitos de coronavírus é fazer a notificação com as autoridades de saúde da cidade onde o paciente se encontra. A partir disso, o caso é investigado, são realizados os exames e feitas as devidas orientações. Se for confirmado que a pessoa tem a doença, ela deverá ficar isolada do convívio de outras pessoas para evitar que o vírus seja transmitido.
A médica salientou que o coronavírus é um vírus envelopado e que não consegue resistir a sabões e detergentes, por isso a importância de aumentar o contato com a higiene para se prevenir.
“É um vírus que ele é envelopado. Vírus envelopado significa que ele tem uma camada de lipídio. Isso é uma coisa boa porque ele não consegue resistir a sabões e detergentes e então isso nos ajuda a prevenir. Lavar mãos com sabão já é uma coisa boa. Esse vírus é um vírus que é agressivo, causa doença respiratória e pode ser até sem sintoma nenhum. Já tiveram alguns casos de pacientes que foram contatos de doentes e que mesmo eles não tendo sintomas, foram diagnosticados como positivos. Então a doença pode ser desde assintomática, até casos muito graves, como a insuficiência respiratória e a pneumonia grave provocada pelo próprio vírus . A contaminação se dá pela via respiratória. Se espirrar, ou falar muito próximo e essa pessoa estando infectada pelo vírus ela tem possibilidade de transmitir para outras pessoas naquele ambiente. Uma outra forma, é através de contato com superfícies infectadas. Se o doente tosse ou espirra na mão e depois ele pega em uma superfície, em uma maçaneta, em um
celular , no corrimão e vários outros objetos ou superfícies, o vírus fica ali durante algum tempo e então outra pessoa que pegue nessa superfície e depois passe a mão nos olhos ,no nariz ou na boca, essa pessoa irá se contaminar com o vírus também”, afirmou.
Tratamento
De acordo com a infectologista, não existe tratamento específico para o coronavírus. O tratamento é feito através de medidas de suporte. Como, oxigênio, hidratação e medicação sintomática. A medicação sintomática consiste em remédios para febre, dor e para reduzir o desconforto. Essas medidas vão cuidando do paciente e dando mais conforto enquanto a doença durar.
Ainda não há comprovação sobre a imunidade ao coronavírus. A médica relata que vírus como o sarampo e a catapora, que as pessoas têm uma vez na vida, imunizam para a vida toda. Mas, tem outros vírus, como, o influenza que é o vírus da gripe, dá uma imunidade temporária e também o próprio vírus, sofre mutações. Essas mudanças que o vírus vai sofrendo vão reduzindo a proteção pelo episódio anterior e pessoa fica desprotegida e pode pegar de novo.
“Ainda não conhecemos o tipo de proteção que a doença pelo coronavírus oferece ao indivíduo que já teve. Então pode ser que seja uma proteção de curta duração, ou pode ser uma proteção de longa duração. Isso ainda precisa ainda ficar muito claro com novos estudos porque é uma doença muito recente”, comentou.
Normeide Pedreira frisou que o coronavírus pode levar a morte principalmente de pessoas idosas com alguma outra doença, especialmente se for crônica. Pacientes com doenças cardíacas e outras doenças de base podem apresentar maiores complicações.
“Os estudos com os pacientes têm mostrado que a letalidade da doença é em torno de 2% para adultos mais jovens e é em torno de até 13,5% se a pessoa tiver mais do que 80 anos. Então é uma letalidade quase dez vezes superior pela idade em relação aos mais novos”, pontuou.
Influências climáticas
A médica esclareceu ainda que o coronavírus, assim como outros vírus respiratórios, gosta mais do frio que do calor para se proliferar. Os países de clima tropical como o Brasil, também apresentam doenças por vírus respiratórios, mas em climas frios, o coronavírus encontra melhores condições para se desenvolver. No entanto, não significa que ele não possa também se adaptar aos climas quentes. Os pesquisadores estão analisando essas condições.
Tempo de incubação do vírus
O tempo de incubação do coronavírus é de até 14 dias. A quarentena é estabelecida justamente para verificar essa incubação se se há apresentação de algum sintoma da doença e resultados positivos de exames.
“O período de sobrevivência do vírus nas superfícies vai depender de muitas coisas. Se a superfície é porosa, ou não porosa, e se está em condições adequadas, debaixo do sol ou se está em um ambiente mais fresco. Vai depender das condições que aquela superfície ofereça ao próprio vírus. Para alguns vírus podem ser horas, dias, mas para o novo coronavírus ainda não está estabelecido um tempo exato na superfície. Neste momento não há vacina nem remédios para matar o vírus e é muito importante salientar isso . Existem muitas Fake News circulando, a respeito de medicamentos homeopáticos , a respeito de chá de erva-doce e vitamina C e outras coisa. Não há nenhuma comprovação científica para nenhum desses”, concluiu Normeide.
Casos suspeitos na BA
A Bahia registrou 61 casos notificados com suspeita clínica de infecção pelo novo coronavírus, sendo 25 excluídos por não se enquadrarem no protocolo do Ministério da Saúde, 16 foram descartados laboratorialmente e 20 aguardam análise laboratorial. Os dados foram divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), no final da tarde dessa terça-feira (3). Os números correspondem ao período do mês de janeiro até as 17h de hoje (3).
Segundo a Sesab, os municípios notificantes foram Camaçari, Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna, Jacaraci, Jequié, Lauro de Freitas, Lençóis, Salvador, Teixeira de Freitas, Tucano e Vitória da Conquista. Estes números representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA) em conjunto com os Cievs municipais.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.