Saúde

Infectologista alerta para período crítico da pandemia em Feira de Santana: 'Número de mortes pode aumentar'

Ela falou ainda sobre o alto número de pessoas que estão se reinfectando e sendo internadas pela segunda vez no município.

Laiane Cruz

A infectologista Melissa Falcão, coordenadora do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 em Feira de Santana, fez uma alerta acerca da evolução dos números da pandemia no município nos últimos meses e a tendência de elevação dos casos, sobretudo após o período do São João.

De acordo com ela, Feira de Santana está vivenciando um período crítico da pandemia, ainda que a média de mortes de 1,8%, seja uma das menores do país.

“O número de mortes no Brasil é de 490 mil, sendo que nas últimas 24 horas, foram 2.760 mortes. Dessas, 790 foram em Feira de Santana (desde o início da pandemia). Mantemos uma taxa de mortalidade na média de 1,8%, que continua sendo uma das menores do país. Porém, à medida que esse número de casos aumenta, o número de mortes também vai aumentar. Estamos em um período crítico da pandemia e esse vírus se supera a cada fase. Estamos há mais de seis semanas com mais de mil casos semanais, então é um quantitativo muito grande, pensando que até 200 pessoas de cada mil desses casos por semana vão precisar de um internamento e de 1,8 a 2% vão morrer. É muita gente e essa tendência é de alta”, ressaltou.

Segundo a infectologista, o aumento no número de casos de Covid-19 em Feira de Santana, está diretamente relacionado aos feriados, e a preocupação é que novas aglomerações e festas venham ocorrer no São João. Ela destacou que neste momento não há como aumentar a capacidade de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) nos hospitais da cidade.

“Vimos um aumento depois do feriado, e agora está vindo o São João, pois nossa capacidade está excedida e não teremos a curto prazo como abrir mais vagas. A abertura dos leitos da UTI do Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA), comprovou que só a abertura de leitos não vai resolver o problema, pois em oito dias a UTI estava com 100% de ocupação. O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), já aumentou também o máximo que podia os seus leitos de UTI e não estamos dando conta do número de pessoas que precisam se internar, e com essa tendência de alta”, explicou.

Variantes

Melissa Falcão reforçou que em Feira de Santana circulam variantes do coronavírus, com predominância para a variante P.1 de Manaus. Ainda não há suspeita de casos provocados pela cepa indiana, no entanto, ela reforça que em breve essa será mais uma preocupação.

“Nossa situação epidemiológica atual é com presença dessas variantes. No Brasil inteiro está a predominância da variante de Manaus P.1, e em nosso município temos indícios de que há predominância da P.1. A cepa indiana não tem nenhuma confirmação na Bahia e não tivemos nenhuma suspeita em Feira de Santana. Por enquanto não é um problema real para nosso município, mas sem dúvida será, porque essas variantes estão se espalhando com uma rapidez muito grande”, alertou.

Por conta da disseminação de variantes, existe a preocupação também com relação aos municípios pequenos, que costumam receber muitas pessoas de fora no período do São João, o que pode agravar a situação da pandemia nesses locais. “Então temos que ter responsabilidade com outros municípios. Esse ano vamos comemorar em casa essa festividade. Não é hora de aumentar esse número de casos”, disse.

Medidas restritivas

A infectologista falou ainda sobre o alto número de pessoas que estão se reinfectando e sendo internadas pela segunda vez no município. Ela chamou a atenção também para o descumprimento das medidas de restrição.

“Quando temos pessoas contaminadas numa festa com 800 pessoas, 600, 300 pessoas, claro que o adolescente, o jovem, tem a responsabilidade por ter ido. Mas a responsabilidade também é do empresário que permitiu, e não deixa de ser indiretamente, nossa, por permitir que esteja acontecendo. Então a gente pede aí, uma responsabilidade grande dos empresários e dos sindicatos dos bares e restaurantes, para que as coisas sejam cumpridas. Entendemos a dificuldade do comércio, das atividades comerciais e permitimos que elas funcionem dentro de algumas regras, mas não temos como fiscalizar isso em período integral, então pedimos que os empresários se mobilizem para que todos sigam as regras, porque senão, todos acabam pagando pelo erro de poucos. A nossa rede de saúde está superlotada, estamos com pacientes em filas de internamento de UTI e não tem vaga. Então as pessoas que adoecerem de agora em diante podem não ter um leito disponível. As Upas e Policlínicas também estão começando a encher”, destacou.

A coordenadora do Comitê declarou que caso as medidas continuem sendo descumpridas pela população e pelos empresários, a prefeitura pode ter que decretar um novo fechamento total das atividades.

“Restrições do que está funcionando agora é imperativo, não temos como fugir disso, e medidas mais restritivas vão ser tomadas e precisaremos reforçar também a fiscalização. E caso a situação continue, mesmo com as novas medidas tomadas, vai ter que ser pensado num fechamento total. Não é o que a gente quer, evitamos a todo custo, mas as vidas serão priorizadas”, enfatizou.


 

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