Saúde

Infectologista alerta para os riscos da baixa imunização contra o sarampo e outras doenças virais

Pela primeira vez, o Ministério da Saúde promoveu a campanha da Influenza e do sarampo juntas.

Laiane Cruz

Após 21 anos sem registros de sarampo, Feira de Santana registrou um caso da doença, em 2019, mesmo ano em que o país perdeu o seu certificado internacional de eliminação do vírus, com 20.901 casos. Parece pouco, no entanto, é mais uma evidência do retorno dos surtos virais que estavam completamente erradicados no país desde 2016.

Com a baixa adesão da população às vacinas já estabelecidas no Plano Nacional de Imunização, cresce entre os profissionais de saúde e o poder público o temor de que vírus como o do sarampo, assim como a rubéola e a poliomielite se transformem em atores centrais de novas epidemias. E por isso, no início deste mês foi lançada a Campanha Nacional de Vacinação contra o sarampo e também contra o vírus da Influenza (gripe).

“O sarampo é uma doença viral aguda altamente contagiosa, então ela consegue ser transmissível de uma maneira maior que a covid-19 de uma pessoa para outra, através de secreções respiratórias. Os principais sintomas do sarampo são febre alta, nariz escorrendo, conjuntivite (inflamação nos olhos) e manchas vermelhas pelo corpo”, informou ao Acorda Cidade, a infectologista de Feira de Santana Melissa Falcão, que já atuou no Comitê de Combate à Covid-19 no município e é autoridade no assunto.

Ela chama a atenção para o fato de que todas as pessoas que não estão vacinadas ou que não tiveram o sarampo previamente podem contrair a doença, independente da idade. O risco é aumentado para crianças abaixo de 1 ano.

“O sarampo pode acometer qualquer faixa etária, porém é menos frequente nos adultos e nos idosos porque era uma doença muito comum no Brasil e muitas pessoas mais velhas já contraíram na infância. A transmissão ocorre de uma pessoa contaminada para outra através das secreções respiratórias, como secreção nasal e saliva, e a maneira mais eficaz é através da vacinação, que vem piorando ao longo dos anos. A aderência da população a todas as vacinas vem caindo no nosso país”, lamentou.

De acordo com a infectologista, crianças a partir de 1 ano de idade devem começar o seu calendário com a tríplice viral, que protege não apenas contra o sarampo, mas também contra a caxumba e a rubéola.

“Essa campanha não é apenas para acabar com esse ciclo de sarampo no país, pois tínhamos o certificado de erradicação do sarampo desde 2016, e a recorrência dos casos a partir de 2018 fez com que o Brasil perdesse o certificado em 2019. O sarampo já foi uma doença muito comum no nosso país, mas diante da eficácia da vacina e campanhas realizadas para erradicação, isso foi possível, e essa falta de vacinação está fazendo com que doenças extintas voltem. É uma preocupação o sarampo, e há medo do retorno da rubéola e da poliomielite. Isso é muito grave. São doenças com impacto muito grande na vida das pessoas acometidas. Vimos o retorno pela falta de responsabilidade das pessoas em vacinar suas crianças e a se vacinarem também”, reforçou.

Contraindicações

Apesar da importância da vacinação contra o sarampo, alguns grupos constituem exceções para essa imunização.

Segundo Melissa Falcão, a restrição para a vacinação contra o sarampo é para pessoas com imunodeficiência, pois é uma vacina de vírus vivo atenuado. Então pacientes que fazem uso de corticóides por tempo prolongado, que estão em fase de quimioterapia e uso de imunobiológicos devem esperar um tempo antes de se vacinar.

“E também aquelas pessoas que têm alguma alergia ao componente da fórmula e as gestantes. Já as mulheres que podem tomar a vacina devem esperar um período de até 4 semanas para poder engravidar. Mas, caso aconteça de alguém engravidar antes desse período ou tomar a vacina sem saber que estava grávida, basta apenas acompanhar, pois a maioria das mulheres não relata nenhum problema.”

Campanha simultânea contra sarampo e influenza

Melissa Falcão salientou que a campanha do Ministério da Saúde este ano, pela primeira vez, promoveu a campanha da Influenza, junto com a vacina do sarampo, mostrando a importância que essas vacinas têm para a proteção da população.

“Nesse momento, serão contempladas as crianças de seis meses até cinco anos de idade incompletos e os profissionais de saúde, que estão mais expostos. Então todas as pessoas que não tomaram as duas doses da vacina de sarampo ou que não tiveram a doença previamente, e todas as crianças de 6 meses a 5 anos, mesmo que já vacinadas previamente, deverão se vacinar. Em relação à vacina da covid-19, para as crianças abaixo de 12 anos precisa de um intervalo de duas semanas para tomar as outras vacinas. Acima dessa idade, podem ser aplicadas simultaneamente as vacinas da gripe e covid ou a vacina do sarampo com a da covid. Qualquer vacina tem efeitos colaterais, normalmente leves, como dores no braço, no corpo, e algumas pessoas depois de uma semana podem ter uma vermelhidão no corpo, mas são limitadas e somem espontaneamente, sem maiores problemas”, tranquilizou.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.
 

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