Gabriel Gonçalves
Na manhã desta segunda-feira (10), o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA), divulgou que foram detectadas por meio de sequenciamento genético, 12 amostras da variante Ômicron no estado.
Os casos foram identificados em residentes de Salvador, Guanambi, Seabra, Camaçari, Madre de Deus e São Francisco do Conde. São sete homens e cinco mulheres.
Em Feira de Santana, não há confirmação de amostras positivas para esta variante, mas de acordo com a médica infectologista e coordenadora do Comitê de enfretamento à Covid-19 do município de Feira de Santana, Melissa Falcão, é provável que a Ômicron já esteja circulando na cidade.
"Nós já temos casos suspeitos em investigação, mas ainda não temos nenhuma confirmação dessa variante aqui no município, não tenho dúvidas de que ela já chegou aqui. Então simultaneamente quando foi descoberta em outros estados, percebemos um aumento no número de pessoas infectadas aqui em nossa cidade. Podemos levar em consideração desde o final do mês de dezembro, quando tivemos as reduções nas medidas de isolamento, e os festejos que foram realizados. Nesse período de Natal e Ano Novo, muita gente se encontrou, então são pessoas que chegam de outras cidades, de outros estados, as outras festas estão acontecendo com grande frequência e sei que a indústria recreativa precisava sobreviver, mas é importante que possamos ter o cuidado, porque estamos vivenciando também a co-pandemia, do H3N2 paralelo com Covid, que vem acometendo à população de uma maneira intensa", explicou.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Mesmo com o município apresentando duas doenças simultaneamente como o é o caso da Covid-19 e do H3N2, para a médica infectologista, não é momento de decretar lockdown, pois segundo ela, a população já tem um conhecimento a mais como se prevenir.
"Hoje nós temos as duas doenças circulando ao mesmo tempo, a gripe ela se expande de uma maneira mais intensa, então a gente vê mais pessoas gripadas do que com Covid-19. As emergências públicas e privadas estão nesse momento superlotadas sejam com adultos ou crianças apresentando síndrome respiratória, sendo que grande parte dessas, é a gripe, mas com esse aumento significativo, pode ter também a positividade para Covid-19. Acredito que a possibilidade de um novo lockdown está completamente descartada, o mundo não aguenta mais ser completamente fechado, aprendemos muito ao longo desses meses, ao longo desses anos com a Covid-19 e hoje já sabemos como lidar melhor com isso. No início da pandemia quando foi preciso ter o lockdown, nós não tínhamos vacina, uma doença nova com muita coisa a ser descoberta, então hoje já existe a vacina, apesar de não prevenir 100% a infecção, mas previne uma porcentagem muito alta, como o agravamento da doença e a própria morte e essa é a principal consequência que temos medo. Mas hoje já temos a vacina, já se tem o conhecimento por parte dos profissionais de saúde como manejar essas doenças e temos o conhecimento de como se prevenir e evitar adquirir a infecção", avaliou.
De acordo com a médica infectologista, esse surto de gripe acontece em um momento atípico provocado pelo vírus que foi transportado da Europa e dos Estados Unidos para o Brasil.
"Esse surto de gripe costuma aparecer no período após as festividades de Carnaval, mas essa chegada agora deste vírus é provocada pelo vírus que já estava circulando na Europa e nos Estados Unidos e esta vacina que estamos aplicando, não protege contra a variante H3N2, mas se a pessoa for vacinada, terá algum tipo de proteção? Vai, porém sendo um vírus diferente, são semelhantes e podem ter uma reação cruzada, uma atenuação dos sintomas, então não vai impedir também de adquirir, mas possa ser que reduza o risco de gravidade. Além disso, a gente está vendo cada vez mais, as pessoas se despreocupando com os casos de Covid-19. Infelizmente as pessoas perderam o medo e isso fez com que aglomerações voltassem a acontecer, e os cuidados diminuíram, como ir trabalhar sentindo sintomas gripais além de encontrar com familiares", destacou.
Quem já tomou as duas doses da vacina ou até mesmo a dose de reforço, fica imune contra o vírus H3N2?
Segundo Melissa Falcão, a única finalidade neste momento, é evitar que a pessoa seja contaminada com os dois vírus simultaneamente.
"A vacina para Covid-19 não tem nenhuma influência contra o H3N2, a não ser que seja para prevenir que aconteça a co-infecção, como estão chamando de Flurona. Então a vacinação para Covid-19 com as três doses, diminui o risco de adquirir as duas infecções ao mesmo tempo e lembrando que a terceira dose, deve ser tomada após quatro meses de intervalo após a segunda dose. Estamos observando que as pessoas que estão sendo internadas em sua grande maioria, são pessoas que não estão vacinadas ou apenas com a primeira dose, principalmente aqueles idosos que tomaram a vacina da CoronaVac e precisam tomar a dose de reforço, assim como os profissionais de saúde para evitar a gravidade maior da doença", afirmou.
Para a médica infectologista Melissa Falcão, é importante e necessário que as crianças também sejam vacinadas como está acontecendo em outros países.
"Depois que já estiver vacinando as crianças a partir dos 5 anos de idade, é importante também que seja liberada a vacinação para as crianças entre 6 meses até aos 5 anos, porque elas precisam ser protegidas. A mortalidade e a gravidade em crianças, é menor, mas já existem vidas perdidas de crianças por conta desta doença e quanto aos comentários de pessoas que a vacina pode levar à morte, não estamos vendo relatos expressivos à isso. Já foram vacinadas mais de cinco milhões de crianças nos Estados Unidos com a confirmação do benefício, então não tem porque ficarmos questionando, porque as pessoas estão estudando, estão investigando, estão produzindo dados para comprovar essa segurança e a nossa Agência Reguladora jamais liberaria essa vacina por interesses econômicos ou por qualquer outra coisa que não fosse salvaguardar a saúde da população, então vamos acreditar, vamos nos vacinar", concluiu.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade