Saúde

'Houve um aumento significativo de adoecimento mental durante a pandemia', diz gestora de instituições especializadas em saúde mental

Vivian Pires fala sobre desafio de administrar hospitais e clínicas psiquiátricas neste período.

Acorda Cidade

Uma pesquisa do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) mostra que 51% das pessoas consultadas afirmaram que a pandemia teve um impacto negativo na sua saúde mental. Entre os principais sintomas que fizeram aumentar a procura por médicos psiquiatras e outros especialistas da área, estão a ansiedade, nervosismo ou tensão, perturbação de sono e uso abusivo de álcool, medicamentos ou outras drogas.

Vivian Pires, empresária que cuida da gestão de três instituições especializadas em saúde mental na Bahia – uma delas a Quíron, pioneira na área em Feira de Santana e região -, ressalta que, neste momento de pandemia, estamos vivendo uma ampliação de problemas como ansiedade, depressão, fobia, entre outros, que acende um sinal de alerta sobre as consequências individuais e coletivas a curto, médio e longo prazo.

“Houve um aumento significativo do adoecimento mental das pessoas. Os fatores implicados nesse processo são o isolamento social necessário para conter o alastramento do vírus, as perdas econômicas, o medo e as incertezas quanto ao desfecho da crise global, além de vulnerabilidade biológica individual, herança genética e hábitos de vida que aumentam as chances de o indivíduo adoecer”, ressalta Vivian Pires, que também diretora do Espaço Nelson Pires, pioneiro no estado e no país, e sócia na Omni Neuroestimulação, especializada em transtornos mentais resistentes em Salvador.

Desafios

O aumento no número de procura por hospitais e clínicas especializados em saúde mental trouxe desafios para as instituições psiquiátricas. Segundo Vivian Pires, o maior deles é fazer uma barreira sanitária com humanização no tratamento: “Estamos falando de instituições que cuidam da saúde mental. É muito difícil conseguir que pacientes, na modalidade integral, fiquem utilizando máscaras 24 horas por dia, que lavem as mãos constantemente ou que mantenham o distanciamento social. Diante disso, é preciso estabelecer uma rotina de segurança sem perder de vista o acolhimento. E tudo isso é possível de ser feito”.

Seguindo medidas para evitar a proliferação do novo coronavírus, o Espaço Nelson Pires não registrou nenhum caso de contaminação interna de pacientes durante a pandemia. Entre os cuidados estabelecidos pelo hospital estão o encaminhamento do paciente que ficará internado para as enfermarias de isolamento, onde é realizado o teste PCR, e a criação de um sistema que permite a visitação por videoconferência, suspendendo as visitas presenciais.

“Foi preciso evitar o trânsito de pessoas na unidade e o resultado foi um sucesso absoluto. Adotamos medidas de prevenção com colaboradores também, disponibilizando equipamentos de proteção individual e reforço da necessidade da higienização pessoal”, conta Vivian Pires.

O recurso da telemedicina também foi adotado pela instituição, que acabou adotando a modalidade de forma permanente no hospital.

“Não podemos suspender o tratamento da saúde mental, especialmente em um cenário tão adverso. A nossa responsabilidade social com os pacientes e seus familiares fez com que a gente tomasse as medidas de forma muito precoce e, talvez por isso, o nosso sucesso. Todas as nossas medidas sanitárias tomadas no hospital dia e no ambulatório nas duas unidades continuam até hoje”, finaliza a empresária.

A população de Feira de Santana, no centro-norte da Bahia, e sua região metropolitana (RMFS) passou a contar com uma maior atenção e apoio à saúde mental. A Quíron inaugurou uma unidade privada de internação psiquiátrica em tempo integral, no bairro Santa Mônica. O objetivo é acolher as demandas dos pacientes que se encontram em crise aguda.

A unidade conta com 19 leitos e uma equipe multidisciplinar, formada por médico psiquiatra, psicólogo, enfermeira, assistente social, terapeuta ocupacional, farmacêutico e técnico de enfermagem, além de educador físico e professor de dança.

“A Quíron neste cenário surge como um farol em toda a região de Feira de Santana. A pessoa que se sente vulnerável e que esteja vivendo as consequências da quarta onda encontrará um acolhimento humano no nosso atendimento. Agora a Quíron amplia seu espaço, oferecendo todos os dispositivos da saúde mental, com tratamento robusto, humanizado e completo”, finaliza Vivian Pires. 

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