O Hospital da Mulher de Feira de Santana, que é gerido pela Fundação Hospitalar Inácia Pinta dos Santos, realizou 47.243 atendimentos de emergência a gestantes de Feira e região, realizou até o dia 15 de dezembro de 2022. Em 2021, durante os 12 meses, foram 45.369.
De acordo com a presidente da Fundação Hospitalar, Gilbert Lucas, os dados indicadores comprovam o aumento dos atendimentos a cada ano, sobretudo pela unidade atender não somente pacientes de Feira de Santana, mas também de municípios pactuados com a gestão e até mesmo provenientes de municípios não pactuados.
“A gente vem fazendo o possível, pois o Hospital da Mulher, mesmo sendo municipal, pactua serviços com outros municípios, e a gente acaba se tornando até uma unidade regional, porque atende a toda a região, muitas vezes até municípios que não são pactuados com Feira de Santana. Em 2022, foram 47.243 mil gestantes atendidas somente na emergência, até o dia 15 de dezembro. Em 2021, durante os 12 meses, foram 45.369 pacientes. Então a gente acredita que vamos chegar a quase 48 mil neste ano”, afirmou Gilbert Lucas ao Acorda Cidade.
Ela ressaltou que o Hospital da Mulher faz parte de um complexo materno infantil, que conta também com a estrutura do Hospital Municipal da Criança.
“A gente trabalha com um complexo materno-infantil, que conta com o banco de leite, que é referência, um berçário, que foi reformado e reinaugurado recentemente, toda a parte ambulatorial de pediatria com 12 especialidades, como neuropediatra, cardiologista pediátrico, fisioterapia infantil, fonoaudiologia, e todos os exames que as crianças recém-nascidas fazem: teste do ouvido, coraçãozinho, olhinho, entre outros. Além disso, o mãe canguru, com 14 leitos, e as crianças que nascem no Hospital da Mulher de parto normal e têm alta em 24 horas já saem com a consulta agendada no ambulatório de pediatria. Esse atendimento também ocorre via central de regulação de municípios pactuados”, esclareceu a presidente da Fundação.
Método Canguru
Gilbert Lucas explicou como funciona o Método Canguru no complexo materno-infantil para bebês e gestantes acompanhados na unidade.
“A gente trabalha com as três fases do Método Canguru. O bebê que nasce prematuro fica na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), e a mãe fica na Casa da Puérpera, com direito a alimentação e psicólogo. Quando a criança tem alta na UTI Neonatal vai para o Mãe Canguru e fica lá com a mãe até ganhar o peso ideal, que é 1,850 kg para ter alta do hospital. A gente tem bebês que ficam lá até seis meses na estrutura. Esse bebê prematuro tem direito a 1 ano de acompanhamento no ambulatório de pediatria do hospital. Esse serviço é importante porque evita que eles retornem para a emergência. Os bebês que nascem no hospital, até 28 dias de vida, se tiverem algum problema, eles retornam via emergência e são internados na unidade”, informou a gestora ao Acorda Cidade.
Serviços de referência
A presidente da Fundação Hospitalar, Gilbert Lucas, enfatizou que o Complexo Materno-Infantil, que compreende o Hospital da Mulher e o Hospital Municipal da Criança, possuem também um laboratório de análises clínicas, que é referência no município, não só para análises internas, mas para toda a população.
“Nosso laboratório é referência e não atende só pacientes internadas, mas a toda a rede do município. Somos a referência para os exames de anemia falciforme. O único local que faz pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é o laboratório do Hospital da Mulher. Em 2022, realizamos mais de 428 mil exames no laboratório, então é uma unidade que a gente trabalha com a parte de bioquímica, hormônios, serviços importantes”, elencou.
Outros serviços ofertados às mulheres acompanhadas no local são atendimentos de especialidades como fisioterapia pélvica, pré-natal de alto risco, consulta com especialidades da pediatria, totalizando neste ano até 15 de dezembro mais de 56 mil atendimentos.
“Só de pediatra foram mais de 9 mil atendimentos em 2022. E nas duas unidades que a Fundação também faz a gestão, que são o Centro Municipal de Prevenção ao Câncer (CMPC) e o Centro Municipal de Diagnósticos por Imagem (CMDI), foram feitos mais de 100 mil atendimentos, entre consultas e exames.”
Segundo Gilbert Lucas, o CMDI I, que atualmente atende mulheres, passará a ser uma unidade voltada para a saúde do homem em 2023. E o novo CMDI, que está localizado no bairro Baraúna, deverá ser inaugurado em breve.
“O CMDI II a obra já está toda pronta. Concluímos a licitação da subestação elétrica, que é uma parte paralela, e a empresa vai montar junto com a Coelba, e a licitação do elevador foi separada. A empresa que ganhou a licitação para instalar esse elevador tem um prazo de 60 dias para entregar o equipamento. A gente já fez a licitação dos móveis planejados e vamos instalar agora em janeiro, fizemos a compra de equipamentos e já chegaram raio-x, ultrassom, eletrocardiograma, mesas, cadeiras, longarinas, segurança patrimonial, computadores, então a gente pretende inaugurar essa unidade final de janeiro ou início de fevereiro, mesmo sem montar o elevador, só a parte do térreo, onde a gente tem uma sala de mamografia, raio-x, duas salas de ultrassom e dois consultórios, então já dá para iniciar o projeto”, adiantou Gilbert Lucas.
Tabela SUS
A presidente da Fundação Hospitalar ressaltou em entrevista ao Acorda Cidade, que a estrutura para manter os atendimentos através do SUS é muito complexa e a tabela de pagamentos do sistema está muito defasada, necessitando ser atualizada com urgência.
“Muitas pessoas perguntam por que o Hospital da Mulher é municipal e atende pacientes de outros municípios. Feira de Santana já é plena, e para o SUS funcionar é preciso pactuar serviços. Salvador tem pactuação com outros municípios, e Feira precisa ter também. Quando vem o recurso do SUS, uma parte já fica com Feira. Por exemplo, um município X pactuou 23 mil reais para parto cesárea no HM, mas o que não se consegue controlar nesta pactuação é a quantidade. Então muitas vezes um município pactua 100 partos, mas acaba fazendo 200. Quando ultrapassa o SUS não deixa de pagar, mas o que recai para Feira? Vou dar um exemplo: um parto cesárea é pago ao Hospital da Mulher uma média de R$ 532, mas o custo da cesárea acaba saindo por quase R$ 3,5 mil para a gente, porque tem o anestesista, o obstetra, e para se ter uma maternidade pública tem que ter Banco de Leite, alimentação diária para a gestante e também o acompanhante, com seis refeições, e tem os serviços de fonoaudiologia, ambulatório, que o SUS chama de pacote, que só recebe R$ 532, e quando é alto risco pouco mais de R$ 700. O restante recai para o município de Feira de Santana. O município aceita isto, porque tem que ter a pactuação. É por isso que dificilmente no Brasil inteiro encontramos maternidade particular credenciando leito com o SUS, ou Santas Casas, por causa da tabela”, observou Gilbert Lucas.
Ela deixou claro que o atendimento a uma gestante e seu bebê envolve toda uma estrutura dentro da unidade.
“Esse pacote envolve tudo, como uma ultrassom que a gestante precisar dentro da unidade, um exame que a criança precisa, então tudo isso reflete. Existem situações que vêm se discutindo sobre mudar essa tabela, pois hoje para se manter uma maternidade o custo é muito alto. Em uma unidade particular, quando o bebê nasce, qualquer coisa que tiver, ele não retorna para o pediatra, a consulta vai ser paga pelo plano ou particular. No SUS, até 28 dias pós-parto, a responsabilidade é nossa, o retorno imediato via emergência, exames que foram essenciais, sem contar os gastos com a lavanderia, alimentação, todo o acompanhamento, o ambulatório de especialidades. No particular, tudo isso entra a parte, e no SUS não, entra no pacote.”
Gestão própria
A Fundação Hospitalar é uma unidade descentralizada do município, uma autarquia com administração própria, que realiza licitações próprias e tem orçamento próprio.
“Nós somos interligados com a Secretaria de Saúde, porque uma autarquia precisa estar ligada a uma secretaria. A Fundação é uma unidade de atendimento de especialidades na área de saúde. Muitas pessoas questionam por que não podem realizar o pré-natal no ambulatório da fundação, no Hospital da Mulher. Mas essa parte é da Atenção Básica, e a gente atende quando é alto risco, dentro das especialidades. A Fundação também tem no seu estatuto o atendimento social, e por isso fazemos as campanhas como no mês da Mulher, o Outubro Rosa, Novembro Azul, e se hoje a prefeitura quiser montar um centro de especialidades, ele pode inserir na Fundação, porque ela atende toda a parte da mulher, de planejamento familiar e atendimentos de especialidades.”
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