Acorda Cidade
Em parceria com o Instituto Materno Infantil de Pernambuco (Imip) e empresas privadas, que doaram as próteses, os hospitais Ana Nery (HAN) e o Santa Izabel realizaram, na quinta-feira (4) e nesta sexta (5), pela primeira vez na rede pública de saúde, seis intervenções em pacientes cardiopatas (portadores de deformidades congênitas raras, na faixa etária entre seis e 18 anos), utilizando um procedimento que diminui o tempo de internamento e os riscos durante a cirurgia e no pós-operatório.
O Hospital Ana Nery (HAN) e a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), juntamente com o Congresso Brasileiro de Cardiologia Pediátrica, participam de um esforço conjunto para incluir, até o próximo ano, no Sistema Único de Saúde (SUS), o novo procedimento, já utilizado na rede privada de saúde e que integra uma ação do programa nacional de cirurgias cardíacas fechadas.
Minimamente invasiva, o tratamento é realizado por meio de uma pequena incisão na virilha, com introdução de cateter, permitindo a recuperação do paciente em 24 horas. A técnica evita a abertura da cavidade torácica, ao substituir outras convencionais, que normalmente são utilizadas na correção destas patologias.
“A princípio, esses defeitos só poderiam ser corrigidos via cirurgia (abertura do tórax). Com esse tratamento, o procedimento é muito menos agressivo. Por intermédio de cateterismo cardíaco, conseguimos chegar ao coração e corrigir esses defeitos”, explicou o coordenador do programa do HAN, Paulo Ribeiro. Ele afirmou que o paciente que passa pela cirurgia convencional só recebe alta em uma semana ou em 10 dias.
Aprovação do procedimento
Conhecido em todo mundo, o tratamento no país vem sendo realizado, nas duas últimas décadas, pela rede privada a um custo de aproximadamente R$ 30 mil. De acordo com Ribeiro, cerca de 4% das crianças que nascem têm algum tipo de defeito no coração. “A intenção é mostrar a viabilidade e segurança em realizar um procedimento de alta complexidade no serviço público”.
A sociedade brasileira de cardiologia busca aprovar o procedimento no SUS junto ao Ministério da Saúde. Segundo o médico Paulo Ribeiro, a expectativa é que no próximo ano esse avanço terapêutico seja regulamentado e oferecido para toda população.
O procedimento corrige falhas congênitas no coração, devolvendo ao paciente as condições normais de vida. A mãe de Juliana, 18 anos, dona Altair Conceição, buscou ajuda médica quando a filha tinha cinco anos. Na época foi detectado um fechamento do canal arterial. Em duas horas, esse defeito foi corrigido, restabelecendo a saúde da adolescente.
“O procedimento foi rápido e a recuperação mais ainda. Ela veio da cirurgia falando. Minha filha poderia viver o resto da vida com esse problema, podendo ter complicações futuras, já que uma infecção no dente, no ouvido poderia infeccionar o coração”, afirmou dona Altair.