Laiane Cruz
O Dia Nacional do Combate ao Alcoolismo, lembrado na quinta-feira (18), visa conscientizar sobre os prejuízos causados pelo uso abusivo de bebidas alcoólicas. Em Feira de Santana, o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Gutemberg Almeida (Caps AD) é o órgão responsável pelo tratamento do alcoolismo, como também do uso de outras substâncias psicoativas.
De acordo com a coordenadora do Caps AD, Mariana Rios, a maior procura do local é por pacientes com problemas relacionados ao uso abusivo do álcool. Os homens, segundo ela, são maioria.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Hoje nós temos cadastrados mais de 7 mil pacientes. É um número um pouco grande porque esses pacientes que fazem uso de qualquer tipo de substância desistem do tratamento, mas quando a gente vai falar exclusivamente sobre o uso do álcool, nós temos uma média de 24 a 25 atendimentos médicos diários. Desses 25 atendimentos diários, em média, 18 estão relacionados ao uso abusivo do álcool”, informou Mariana Rios.
Ela destacou que a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas pode ocorrer de forma primária ou secundária. “Eu posso ter um indivíduo que tem transtorno de ansiedade e diante de qualquer problema pode ir para o uso abusivo do álcool ou cocaína, como uma forma de compensação. Agora eu tenho aquele usuário que faz o uso constante da substância, que no caso aqui é o álcool. Mas muito do que hoje tem levado ao uso abusivo do álcool está muito mais relacionado às vulnerabilidades, e aí muito mais até social. O homem, quando perde o emprego, a família, termina um relacionamento conjugal, sempre acaba aumentando ou iniciando o uso do álcool”, salientou a coordenadora.
Mariana Rios ressaltou ainda que muitas pessoas acreditam que a maconha é primeira droga de escolha de um indivíduo, mas na verdade a primeira droga de escolha na maioria dos adolescentes é o álcool, pela fácil acessibilidade, por ser uma droga lícita, vendida nas esquinas, em qualquer estabelecimento comercial. Apesar disso, a coordenadora do Caps afirmou que não é comum adolescentes procurarem o local para tratamento do alcoolismo.
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“Nós temos adolescentes a partir de 15 anos de idade, por uso de substância psicoativa, mas hoje a procura pelo tratamento pelo uso abusivo de álcool se dá por homens mais maduros. Mulheres procuram mais aqui pelo atendimento do tratamento do cigarro, do tabaco, mas o homem vem nessa faixa etária dos 40 ou 50 anos”, revelou.
Tratamento
O Caps AD fica localizado na rua Paris, 41, no bairro Santa Mônica e trabalha com demanda aberta. Conforme a coordenadora, o atendimento é prestado somente para residentes em Feira de Santana, que é o território de atuação do centro.
“Qualquer indivíduo que queira vir ao Caps para esse tratamento só precisa inicialmente trazer a xerox dos seus documentos, que é o cartão do SUS, identidade e comprovante de residência. Lembrando que o Caps AD é para a cidade de Feira de Santana, é território. No primeiro momento, ele vai passar pelo acolhimento com um profissional de nível superior para escutar um pouco o relato e a demanda que ele ou ela traz pra gente. E em seguida é encaminhado para atendimento com a psicóloga, psiquiatra, atendimentos em grupo, que nesse momento estão suspensos devido à pandemia”, explicou.
Para Mariana Rios, quando se trata de alcoolismo, não é adequado se falar em uma cura definitiva, afinal, nas palavras dela, esses pacientes precisam “matar um leão por dia”. Ela chama a atenção para o fato do uso excessivo de bebidas alcoólicas ser uma doença, que ainda é vista com muito preconceito.
“São pessoas com vulnerabilidade emocional, financeira, social, que sofrem o preconceito que quem faz o uso abusivo de álcool é ‘vagabundo’ e não quer trabalhar, mas é realmente uma doença e tem tratamento, tem medicamentos que associados à psicoterapia trazem melhora. E a cura é diária. Falo sempre da importância de um tripé: família, serviço e usuário, então Caps, usuário e família. Esse tripé é muito importante. O que acontece muitas vezes com esse usuário de álcool é que tem uma vulnerabilidade familiar muito grande, ele já perdeu essa família e aí dificulta um pouco o processo desse tratamento, mas nunca deve desistir e sempre procurar esse tratamento eficaz ou no Caps ou até na própria atenção básica como sendo no território a primeira porta de entrada do serviço de saúde.”
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
