Saúde

Fibromialgia: Reumatologista explica principais características da doença crônica que afeta os brasileiros

Apesar de ser uma doença crônica, a fibromialgia tem tratamentos que podem reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Fibromialgia
Foto: Stefamerpik/ Freepik

No último domingo (12), foi comemorado o Dia Mundial de Conscientização da Fibromialgia, mas a doença crônica que afeta muitos pacientes, principalmente em Feira de Santana é relembrada durante todo o mês de maio.

Caracterizada por dores constantes e musculares, a síndrome da fibromialgia (FM) tem como público-alvo, as mulheres, mas pode ser percebida também no público masculino e principalmente, em adultos. Sobre as principais características e a importância do tratamento, o Acorda Cidade ouviu a médica reumatologista Hany Kelly Cruz.

Em entrevista ao Programa Acorda Cidade, na Rádio Sociedade News, Hany Cruz explicou a definição da fibromialgia, que é uma síndrome clínica e se manifesta por todo o corpo.

Hany Kelly Cruz
Foto: Arquivo Pessoal

“A fibromialgia é uma doença crônica que afeta o paciente e ele começa a interpretar estímulos como se fosse sempre uma agressão, ele sente dor aos mínimos estímulos. Dor no corpo todo, sensação de fadiga constante, insônia, alteração de memória. Às vezes o paciente experimenta a doença de formas diferentes. Às vezes um paciente tem alteração intestinal, outro tem alteração urinária, então é uma doença muito complexa que requer muita atenção”, disse

Sintomas

Apesar de ser manifestada com uma dor muscular por todo o corpo, a fibromialgia também pode estar associada a outras dores, como de cabeça e articular. Hany Cruz também comentou que até a rotina do paciente pode agravar as dores da fibromialgia, à exemplo do banho gelado.

Conforme a médica reumatologista, a doença crônica também pode desencadear problemas psicológicos, visto que não há perspectiva de cura.

“Os principais sintomas são a dor generalizada, uma dor no corpo inteiro associada à fadiga e alteração do sono. Porém, esses pacientes podem ter outros sintomas associados relacionados diretamente com o sistema nervoso, então a gente não consegue dizer que o paciente é sempre daquela forma e é uma doença que traz muito sofrimento para quem possui o diagnóstico, já que é uma doença crônica e não traz perspectiva de cura. Geralmente é uma dor muscular, dor em qualquer músculo do corpo, mas alguns pacientes referem-se também à dor articular. A gente examina a área e não vê alteração, que é o problema da fibromialgia, o paciente sente a dor mas a gente não consegue enxergá-la. A gente olha, mas o exame físico do paciente é inocente. Muitas vezes você toca o paciente e ele não aguenta o toque por conta da dor. Então, muitas vezes a dor é muscular mas a gente pode ter dor de cabeça, outros tipos de dores que podem estar relacionadas. A gente toma um banho frio e sente o frio, mas um paciente com fibromialgia vai sentir dor ao tomar esse banho”.

Fatores

Cientificamente, as causas da fibromialgia são desconhecidas. Mas, através de fatores na vida do paciente, a doença pode ser manifestada. Questionada sobre a relação da fibromialgia com a imunidade, a médica garantiu que não há possibilidade de causa, já que a doença não é tratada como inflamatória.

“Não tem causas específicas, a doença ainda está em estudos, mas a gente sabe que existem gatilhos, situações que podem fazer o quadro iniciar. Por exemplo, na pandemia, muitos pacientes desenvolveram a fibromialgia pela questão dos picos de estresse, pessoas que trabalham sob pressão muito grande, infecção ou vírus que começam com o quadro de dor posteriormente. Não tem relação com a imunidade, ela não é uma doença inflamatória mas a gente têm pacientes que tem um quadro de dor crônica, por exemplo, uma pessoa que tem endometriose e sente dores por muito tempo. Aquela dor persistente pode ser um estímulo de uma fibromialgia se não tratada. Pacientes que ficam sentindo dor por muito tempo, ao longo de anos podem desenvolver fibromialgia por conta desse distúrbio neural”.

Profissional

O médico reumatologista é o especialista responsável pelo diagnóstico e tratamento de pacientes com Fibromialgia. Porém, outros profissionais de saúde podem também estar associados à doença, na execução do tratamento.

Hany Cruz também falou sobre este assunto, destacando que o reumatologista está apto ao diagnóstico que possui características específicas.

“O paciente que acompanha pacientes com fibromialgia é o reumatologista que também faz esse tipo de diagnóstico porque às vezes também o paciente sente dor e acaba indo para muitos profissionais até chegar no reumatologista para chegar ao diagnóstico. Ele leva um tempo longo, mas o principal profissional é o reumatologista. Porém, temos profissionais que dão o suporte, o neurologista, nutricionista, fisioterapeuta, psiquiatra muitas vezes porque o paciente desenvolve um quadro de depressão”, contou.

Doença psicossomática?

Como mencionado anteriormente, a fibromialgia é uma doença que se descreve com dores musculares que implicam em fatores psicológicos, atingindo a capacidade funcional e até alteração do sono. Sobre a ligação da fibromialgia com as doenças psicossomáticas, a reumatologista enfatizou que houve por anos a associação das doenças, visto que em ambas, as emoções podem agravar os sintomas.

“Por muitos anos a fibromialgia foi considerada uma doença psicossomática. A doença psicossomática é aquela que vem relacionada ao humor, a questão psicológica ou psiquiátrica. Muitas pessoas achavam que a fibromialgia era uma doença psiquiátrica, a pessoa sente dor porque é deprimido, e hoje a gente sabe que não, que a doença realmente ela tem mecanismos orgânicos, a dor tem um motivo para acontecer e para o paciente ouvir isso de um vizinho, do parceiro é muito ruim”.

Tratamento

Apesar de ser uma doença crônica, a fibromialgia tem tratamentos que podem reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. A médica reumatologista contou que o procedimento é feito de forma multidisciplinar e requer atividades físicas regulares, além de alimentação e acompanhamento psicológico.

Hany Cruz concluiu ainda chamando atenção da importância do tratamento contínuo da doença, o que infelizmente não é realizado como deveria, mediante a dificuldade de acesso a profissionais nos serviços públicos.

“Como ela é um distúrbio neural a gente não trata a fibromialgia com analgésico porque não resolve, ela não é uma inflamação, então a gente trata com medicações que modulam o sistema nervoso para tentar reduzir o quadro de dor. O tratamento é multidisciplinar, então inclui atividade física, terapia, psicoterapia, acompanhamento nutricional, então como é uma doença complexa o tratamento precisa ser multidisciplinar. Infelizmente a gente vê que muitos pacientes não têm acesso a esses profissionais na rede pública, mas precisa ser tratado dessa forma. O paciente que precisaria fazer três sessões fisioterapias por semana acaba fazendo uma vez só, precisaria ser acompanhado pela reumatologia a cada três meses e só consegue a consulta para seis meses, um ano, é muito complexo o acompanhamento desses pacientes mas não podemos desistir”, finalizou.

A Santa Casa de Feira de Santana realiza atendimentos gratuitos relacionados às doenças autoimunes, como o lúpus, gota, arterite e demais síndromes através do Ambulatório SUS de Reumatologia. O atendimento é feito às quartas-feiras, duas vezes ao mês, sempre no período da tarde. Os contatos disponibilizados para mais informações estão no card abaixo:

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Foto: Divulgação
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