Gabriel Gonçalves
Na última terça-feira (8), o vereador Edvaldo Lima (MDB) apresentou na Câmara Municipal, o Projeto de Lei 157/2021, para eliminar o uso de máscaras de proteção contra a Covid-19, pela população de Feira de Santana.
Já na sexta-feira (11), o governador Rui Costa (PT), afirmou que pode liberar o uso de máscaras em ambientes abertos na Bahia a partir o mês de abril, caso os números da Covid-19 no estado sigam em queda.
A reportagem do Acorda Cidade foi em busca da população feirense, quanto a estas decisões e saber do público qual a sua opinião.
A professora Sandra Bacelar, informou que usa o equipamento de proteção individual diariamente e não pensa em deixar de usar tão cedo.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"Eu utilizo diariamente, porque a gente sabe que a Covid-19 ainda não foi embora. Independente de qualquer coisa, até mesmo se a pessoa tiver apenas gripado, a gente não sabe se realmente é gripe ou é a Covid-19. Por isso que continuarei usando a minha máscara. Já com relação ao Projeto do vereador, assim como eu, ele também não é médico, então acredito que este ainda não seja o momento de retirar este equipamento", informou.
Para Angelina Passos, já virou rotina sair de casa utilizando a máscara.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"Eu utilizo o tempo todo, não tiro por nada aqui no centro comercial. Se a pandemia ainda não terminou, a gente precisa continuar usando, até porque não é o momento de tirar. Eu tenho medo, mas agradeço a Deus, porque ninguém da minha família pegou esta doença e assim como estou utilizando agora, irei permanecer por mais tempo", alegou.
Segundo Zete da Conceição, o uso da máscara precisa ser obrigatório, até que realmente os números identifiquem uma zona de conforto com o fim da pandemia.
"A gente observa que os números ainda são crescentes, é necessário que possamos permanecer com o uso das máscaras até o término dessa pandemia. Acredito que este vereador deve engavetar este projeto, porque ainda não é o momento, será que ele não pensa na família dele?", questionou.
Para a vendedora de livros Leda Oliveira, o uso da máscara agora está sendo feito apenas em ambientes fechados. Segundo ela, nos locais abertos o uso já foi deixado de lado.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"Eu continuo usando máscaras diariamente, porém em locais fechados, seja em uma academia ou outro espaço, porque a gente sabe que o vírus continua circulando, mas em ambientes abertos, eu já não uso mais. Mas apoio o vereador, porque uma hora ou outra, esse assunto seria debatido, colocado em pauta", disse.
Máscara, álcool em gel e até mesmo, sabão líquido. Estes são os principais equipamentos que a lavradora Antônia Duarte utiliza diariamente no centro comercial. Segundo ela, este ainda não é o momento para deixar de usar a máscara.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"Eu continuo seguindo todos os protocolos, porque fico com medo do que pode acontecer. A gente sabe que até amenizou, mas infelizmente não eliminou o vírus, então precisa manter total cuidado. Eu só não uso máscara dentro de casa", comentou.
Vendedora de máscaras há cerca de um mês, Edilza Silva de Jesus, informou a reportagem do Acorda Cidade que chega a vender 20 até 30 máscaras por dia. Para ela, as pessoas não vão deixar de usar máscara tão cedo.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"Logo no início da pandemia eu não estava vendendo máscaras, mas depois passei a vender. Hoje eu trabalho com máscaras estilo 3D e máscaras de modelo simples, onde os preços variam, mas também podemos fazer uma promoção. A procura não é tão grande assim com frequência, mas tem dia por exemplo que eu vendo 20 até 30 máscaras, e que as pessoas possam continuar usando, pois assim, continuarei vendendo", pontuou.
Desde o dia 3 de março, o uso de máscara contra a Covid-19 no estado do Rio de Janeiro, passou a depender do entendimento de cada município. A decisão foi tomada pelo cenário epidemiológico da doença no território carioca.
A jornalista Williane Brito, atualmente está morando na cidade do Rio de Janeiro. Ao Acorda Cidade, ela contou que assim que teve a liberação, a maioria das pessoas deixou de utilizar a máscara.
"Por aqui foi liberado o uso de máscaras em espaços abertos e fechados, e foi a primeira capital do país a desobrigar por completo o uso do equipamento de proteção individual contra Covid-19. Segundo o prefeito Eduardo Paes, quando atingir 70% na dose de reforço, acaba também o passaporte da vacinação. Então a situação é o seguinte, parece que as pessoas realmente só estavam esperando este decreto, muitas pessoas antes mesmo, já não estavam mais usando tanto as máscaras, mas agora com o decreto, no outro dia quando estava indo trabalhar, indo para academia, saindo nas ruas, a maioria das pessoas realmente abandonou as máscaras. Considero prematura a liberação, a pandemia ainda não está controlada", destacou.
De acordo com o médico infectologista Robson Reis que atua em hospitais de Salvador, o atual momento permite que esta decisão seja tomada pelos governantes.
"O momento epidemiológico atual da pandemia da Covid-19 em todo o país, envolvendo todos os estados e o Distrito Federal, é um momento epidemiológico de certa forma confortável para que possamos avançar em relação às medidas de flexibilização. Temos um fator RT menor do que 1, em muitos estados menor do que 0,5. Nós temos uma queda significativa do número de casos diagnosticados diariamente, e consequentemente, uma queda expressiva da média móvel. Temos também um percentual aceitável e, em alguns locais, baixa de leitos hospitalares e de enfermaria ou de UTI ocupados por paciente com Covid-19. Então sim, é um momento de avançarmos em relação à medidas de flexibilização, soma-se a isso ainda, um avanço expressivo do percentual da população vacinada contra Covid-19. A ideia que eu compartilho com outros colegas especialistas é que flexibilizar, ou seja, não obrigar o uso de máscaras em locais abertos, nesse momento seria uma medida de certa forma aceitável e segura. Porém, eu pediria um pouquinho de cuidado, um pouquinho mais de cautela para retirar a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados, isso porque essas medidas devem ser implementadas de forma gradativa, e avaliarmos qual é o impacto epidemiológico que elas venham trazer. Praticamente não vai haver um aumento do número de casos, não vai haver um retorno de situação que víamos anteriormente, a não ser que novas variantes venham a surgir. O que em todo o mundo acaba se direcionando em relação à pandemia da Covid-19 e com o avanço da vacinação é um controle efetivo da doença, em que possamos voltar ao nosso normal, ao nosso novo normal", informou.
Ao Acorda Cidade, o infectologista contou que os riscos de contaminações em ambientes fechados são maiores e enfatizou que a medida não é uma atitude precipitada.
"Sem dúvidas o risco de transmissão de doenças infecciosas respiratórias no ambiente fechado é muito maior do que em ambiente aberto, o ambiente aberto que conta com o local arejado, local ventilado, esse risco acaba sendo menor. Porém em ambientes fechados, o paciente que esteja contaminado, com Covid ou com a própria gripe, tem o risco muito maior de transmitir para outras pessoas. Lógico que se as outras pessoas estiverem usando máscaras, há sim uma proteção, porém a proteção seria mais efetiva ainda se tanto o paciente que esteja com a doença e como a outra pessoa que está próximo dele estiver usando máscara, essa proteção é maior. Diante do que falamos, a não obrigatoriedade de uso de máscaras em locais abertos, não considero uma medida precipitada, mas aqueles estados com cidades que retiraram a obrigatoriedade de uso de máscaras em locais fechados, eu diria que há sim uma certa forma precipitação. Seria interessante, diante das medidas de flexibilização que já vêm ocorrendo, que nós pudéssemos ter um pouquinho de cuidado e cautela para avaliarmos o impacto dessas medidas", disse.
O médico Robson Reis, também chamou a atenção daqueles pacientes que fazem parte dos grupos de riscos, a continuarem utilizando máscaras.
"Quando falamos sobre medidas de flexibilização, não falamos somente sobre a não obrigatoriedade do uso de máscaras, mas também estamos falando em relação a funcionamento de setores que foram extremamente prejudicados durante o período da pandemia, e exemplo de setores de eventos, setores culturais, setores turísticos, algumas atividades econômicas. Mas em relação ao uso de máscaras é importante chamar a atenção que grupos específicos, principalmente aqueles que têm um risco maior de adoecer, e de complicações pela doença, esses pacientes devem ainda, independente de local aberto, local fechado, utilizarem máscaras. As medidas de flexibilização ocorrem no geral, para toda a população, lembrar que não obrigatoriedade de uso de máscaras não significa a não recomendação, é importante diferenciar. Essas pessoas que nós falamos, esse grupo de pessoas, é importante que possam seguir utilizando máscaras, até um ponto final dessa pandemia de Covid-19", sinalizou.
Ainda segundo o médico, o estado da Bahia permanece com números confortáveis.
"No estado da Bahia, assim como em outros estados brasileiros, nos encontramos os números da pandemia da covid-19 de certa forma confortáveis para prosseguirmos em relação a essas medidas de flexibilização. As medidas que foram até então tomadas no estado como um todo e nas principais cidades, a exemplo de Salvador ou Feira de Santana, pelos gestores, pelos secretários envolvidos no combate à pandemia, foram decisões acertadas em sua grande maioria. Todas elas foram importantes para que possamos chegar a esse momento, esse estágio atual da pandemia da Covid-19. As medidas que vêm sendo adotadas nos estados brasileiros, e que já foram adotadas de certa forma com sucesso nos outros países onde a onda Ômicron acabou chegando anteriormente. Essas medidas para serem tomadas, adotadas, devem ser muito bem avaliadas, através do momento epidemiológico atual, através de dados objetivos nós conseguimos prosseguir em relação às medidas de flexibilização sem trazer um impacto maior para os número das pandemia", concluiu.
Com informações do repórter Paulo José e Maylla Nunes do Acorda Cidade
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