Na manhã desta segunda-feira (24), o deputado federal reeleito Zé Neto (PT) apontou uma série de razões pelas quais o número de pacientes à espera de regulação tem crescido em Feira de Santana.
Segundo dados da Secretaria de Saúde, na última sexta-feira (21), 54 pacientes estavam internados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e policlínicas do município à espera de uma transferência para hospitais de referência no estado, entre eles o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), porém há grande dificuldade de encontrar vagas.
Segundo o deputado, os pacientes de Feira de Santana são os responsáveis por grande parte dos atendimentos feitos pelo Clériston, mas não foi sempre assim, uma vez que a unidade recebia mais pessoas que vinham de outras cidades.
“Há 15 anos, quando chegamos ao governo, quase 16 anos já, tínhamos 1/3 do atendimento de Feira e 2/3 de pessoas de fora de Feira, porque não tínhamos UTI em nenhuma das cidades da região ou da macrorregião. Não tinha em Juazeiro, mas o hospital já inaugurou, assim como inaugurou em Irecê, Santo Antônio de Jesus, abriu convênio em Jacobina e Coité, Hospital da Chapada, em Ilhéus, que tudo isso passava em Feira. Então 2/3 do atendimento do Clériston era para o interior. Hoje é o contrário: mais de 2/3 são feitos para atender Feira, de lá para cá a Upa do Clériston foi inaugurada há 5 anos, as duas UPAs do município quem trouxe foi a gente”, afirmou o deputado.
Ele pontuou que, além da implantação de hospitais em outras cidades da região, essa mudança de perfil do HGCA ocorreu também devido à escassez dos atendimentos ambulatoriais feitos pelo município através dos postos de saúde, e isso tem colaborado para o aumento do número de pessoas com problemas graves de saúde.
“O número de amputações está uma coisa lamentável, e olha que estamos fazendo no Clériston e na policlínica, porque as pessoas com diabetes estão aumentando e não tem médico para cuidar, nem medicação. Aumentou drasticamente o número de pessoas com AVC [Acidente Vascular Cerebral], é algo inacreditável, sendo que uma parte vem da Covid, mas outra parte grande é falta de atendimento. De cardiologia, também aumentou, ou seja, as doenças que precisam ser cuidadas de forma permanente para que o paciente não piore e tenha que necessitar de uma hospital, além do absurdo que a gente tem que enfrentar com coragem e determinação, que é o número de acidentes com motocicletas em Feira, que é outra situação”, afirmou Zé Neto.
Conforme o deputado federal, foi realizada uma ação de saúde no 1º Batalhão de Infantaria vizinho à Universidade Estadual, no último fim de semana, e lá foram feitos mais de 15 mil atendimentos.
“Foram procedimentos de odontologia, oftalmologia, com consultas de rastreio de catarata, limpeza de lentes de cirurgia de catarata, ultrassonografia de mamas, abdômen total, tireoide, transvaginal, próstata, abdominal. Você não tem noção da demanda reprimida desses atendimentos em Feira, que não são do estado. Trouxemos raio-x, preventivos, cirurgias eletivas de hérnia inguinal, umbilical, histerectomia, vesícula, tudo isso pegamos lá, com uma demanda inacreditável, além do SAC, que levamos para lá também”, enfatizou.
Diante do número de pacientes constatados na Feira de Saúde, em busca de atendimentos básicos, o deputado decidiu entrar com uma representação no Ministério Público, para que o órgão possa sentar à mesa de negociação, juntamente com o estado e o município.
“Estou fazendo uma representação ao Ministério Público, não para punir ninguém, mas para que ele coloque todo mundo para sentar, e talvez o órgão tenha essa condição de fazer com que a gente possa com maturidade e responsabilidade, sentar, porque não adianta alguns ficarem torcendo para piorar a regulação, e olhe que não é falta de esforço. Agora em janeiro, vamos entregar 74 novos leitos dentro do Clériston Andrade. A ressonância está pronta e só depende de uma parte jurídica para funcionar o contrato com a empresa, vamos fazer novos tratamentos agora no Clériston, então há um esforço. Agora falta sentar com o município. Fiquei impressionado com o número de pessoas que estão na fila de espera por um raio-x e um preventivo, de uma cirurgia eletiva simples. Feira não faz hoje 10% de cirurgias eletivas e de ortopedia que fazia em outros governos, e de lá para cá é uma tragédia”, apontou.
Ele questionou ainda a forma como são utilizados os recursos da saúde pela prefeitura de Feira.
“Você procura onde está o dinheiro de Feira e está na alta hospitalar, com exames de alta especialidade, principalmente de imagem. É preciso entender o que está acontecendo, porque temos um atendimento básico ruim. Os agentes comunitários só receberam aumento salarial, porque foram para a Justiça, e foi uma confusão na Câmara. Os postos de saúde estão sem consulta para nada, e os pacientes estão indo para o Clériston, porque não tiveram um cuidado antecipado, então esse é o debate que precisa ser feito. E se a gente conseguir fazer esse debate com serenidade vamos conseguir resolver grande parte do problema de regulação da saúde em Feira”, concluiu.
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram