Saúde

Febre maculosa: entenda como a doença é transmitida e conheça as principais formas para se proteger

Ao Acorda Cidade, o professor Aristeu informou como ocorre a transmissão da febre maculosa, quais espécies podem contrair a doença, dentre outras orientações.

Carrapato-estrela, transmissor da bactéria causadora da Febre Maculosa.
Foto: Prefeitura de Jundiaí

A febre maculosa é uma doença infecciosa transmitida por carrapatos que afeta principalmente os seres humanos. No Brasil, a doença é causada pela bactéria Rickettsia rickettsii e foi reconhecida pela primeira vez no país em 1929, em São Paulo. E recentemente, casos de febre maculosa reapareceram no país com as mortes do piloto Douglas Costa e da sua namorada, a dentista Mariana Giordano, entre outras vítimas. Eles morreram após apresentarem sintomas como febre, dor e erupções vermelhas no corpo e foram diagnosticados com febre maculosa.

O carrapato-estrela, também conhecido como Amblyomma cajennense, é a principal espécie de carrapato envolvida na transmissão da febre maculosa no Brasil. Esses carrapatos são comuns em áreas rurais e silvestres, encontrados em animais como capivaras, cavalos e bois. Eles têm uma aparência característica, possuem quatro pares patas, não têm antenas, possuem uma cor marrom-avermelhada e um padrão em forma de estrela em seu escudo dorsal, o que rendeu o nome popular de “carapato estrela”.

A transmissão da febre maculosa ocorre quando uma pessoa é picada por um carrapato infectado com a bactéria Rickettsia rickettsii. Os sintomas iniciais podem incluir febre alta, dor de cabeça intensa, dores musculares e mal-estar geral. Com o avanço da doença, podem surgir manchas avermelhadas na pele, especialmente nas palmas das mãos e nas solas dos pés. Se não for tratada precocemente, a febre maculosa pode levar a complicações graves, como manifestações renais, respiratórias e até mesmo óbito.

Ciclo de vida e transmissão

Para entender mais sobre essa doença e sobre os principais cuidados para preveni-la o Acorda Cidade conversou com o professor de parasitologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e pesquisador do grupo de Zoonoses e Saúde Pública, Aristeu Vieira da Silva.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Conforme o parasitologista Aristeu Vieira, o ciclo de vida dos carrapatos começa a partir dos ovos depositados pelas fêmeas. Esses ovos são geralmente colocados no solo, em capim ou terra, e eclodem em larvas. As larvas procuram um hospedeiro para se alimentar de sangue, nesse estágio conhecido como “primeiro hospedeiro”, elas podem subir em outros animais, como roedores, cachorros e até mesmo seres humanos. Após se alimentarem, elas descem e passam por uma muda para se transformarem em ninfa. A ninfa, então, busca um segundo hospedeiro para se alimentar novamente. Após outra muda, se tornam adultos. “Só que elas precisam subir em um outro animal novamente, um canjennense, por exemplo, vai subir em um cavalo, mas nós temos outros”, disse.

No caso da febre maculosa, o transmissor é um carrapato que pode infectar diferentes espécies de animais, incluindo cães e capivaras, além dos seres humanos. Quando as larvas ou ninfas desse carrapato se alimentam do sangue de um hospedeiro infectado, adquirem uma bactéria causadora da febre maculosa. Ao se alimentarem de outro hospedeiro, como seres humanos, podem transmitir acidentalmente a bactéria. Se a quantidade de bactéria for suficiente e o hospedeiro estiver debilitado, a doença pode se desenvolver.

“Aparecem no cachorro, na capivara, e eventualmente, larvas e ninfas, podem transmitir também para o ser humano. Isso não vai aparecer a princípio como doença, mas quando o carrapato, a larva ou a ninfa sugar o sangue de outro animal ou do ser humnano, vai transmitir para esse ser humano, de uma forma aciental. Não é tão comum, mas pode acontecer como a gente viu acontecer recentemente e vai transmitir para esse ser humano, se ele estiver debilitado e se a quantidade de bactéria for suficiente ela vai se reproduzir no tecido dos seres humanos e vai promover a doença”, pontuou.

Variações da febre maculosa

No Brasil, a febre maculosa pode se manifestar de duas formas: grave ou branda. Existem duas bactérias diferentes que causam a doença, transmitidas por carrapatos distintos. É importante destacar que os animais também podem contrair a febre maculosa e, muitas vezes, são eles que mantêm as bactérias na natureza, permanecem como reservatórios.

“As capivaras são reconhecidas como bons mantenedores da febre maculosa, muita delas acabam não tendo a doença, mas têm a bactéria e acabam transmitindo para os carrapatos. E eventualmente outros animais podem ter febre maculosa, como os cachorros, em uma frequência muito baixa”, contou.

Cuidados

A prevenção da febre maculosa envolve medidas de controle de carrapatos, como evitar áreas infestadas, usar roupas protetoras, aplicar repelentes e realizar cuidadosa verificação corporal para a remoção de carrapatos. Além disso, é importante buscar atendimento médico imediatamente se os sintomas da doença se manifestarem após uma possível exposição aos carrapatos.
Normalmente esses carrapatos vão estar mais em ambiente de matas, pastos, em ambientes mais rurais. Veja alguns cuidados:

  • Quando estiver em áreas em que os carrapatos podem estar, é importante usar roupas que protejam a pele para que não fique exposta.
  • Após sair desses ambientes, verifique se há carrapatos no corpo.
  • Manter a higiene pessoal.
  • Usar repelente.
  • Quando sair, fazer uma busca para saber se há algo.
  • Mantenha os quintais livres de matos, pois animais infestados podem levar os carrapatos para esses espaços.
  • Desinfestar animais que estejam com carrapatos.
  • Mantenha a limpeza dos terrenos.
  • Preservar o equilíbrio do ambiente natural.
  • Zelar pela higiene dos animais.

Percebeu um carrapato em sua pele? Veja o que fazer

É importante ressaltar que, para a transmissão da bactéria causadora da febre maculosa, o carrapato precisa estar grudado na pele por algumas horas. Portanto, ao identificar os cuidados com os carrapatos na pele, é possível fazer a remoção. Caso o carrapato seja arrancado de forma brusca, as peças bucais podem permanecer na pele. Recomenda-se fazer movimentos de vai e vem até ter certeza de que as peças bucais foram removidas. Após a remoção, é essencial limpar a área com um antisséptico e tratar uma ferida para evitar infecções.

“Observar, ao tomar banho, se tem alguma coisa diferente, algum pontinho. As larvas e ninfas são muito pequenas, têm poucos milímetros, e um carrapato na fase adulta pode chegar a quase 1 centímetro. Para contrair a bactéria não basta o carrapato picar, ele tem que ficar algumas horas grudado para que haja a possibilidade de transmissão da bactéria, senão não transmite. Então se você for a um local e perceber que está com carrapatos na pele basta você fazer a limpeza para prevenir”, orientou.

Ainda não há informações sobre a doença em Feira de Santana e conforme o professor investigações estão sendo feitas.

“Precisamos fazer uma investigação junto ao pessoal que cuida do controle de vetores, que estão em campo trabalhando com esses animais, para verificar se já houve identificação”, ressaltou.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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