Feira de Santana

Família entrará na Justiça após morte de recém-nascida que teve pulmão perfurado no HEC

A bebê nasceu no Hospital da Mulher com uma anomalia anorretal, chamada ânus imperfurado.

Fachada do Hospital Estadual da Criança
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O pedreiro Rubens Machado de Santana e a esposa dele, Luane Araújo, vão ingressar com uma ação no Ministério Público contra o Hospital Estadual da Criança (HEC), em Feira de Santana, o governo do estado da Bahia e o médico que realizou a cirurgia da filha recém-nascida do casal, na unidade hospital, e morreu após ter o pulmão perfurado durante o procedimento.

A bebê nasceu no Hospital da Mulher com uma anomalia anorretal, chamada ânus imperfurado. Ela foi regulada para o HEC, onde foi realizado o procedimento para colocação de uma bolsa de colostomia. No entanto, diante da perfuração do pulmão, a recém-nascida foi entubada, recebeu um dreno no pulmão, mas após 9 dias não resistiu.

De acordo com o advogado constituído pela família da pequena Alice, Carlos Henrique, o HEC foi acionado pela 1ª Vara Cível de Santo Estevão a fornecer o prontuário médico, após ter excedido o prazo dado pelo escritório de advocacia. No documento, o hospital evidencia a suspeita de erro médico.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Rubens e a família, diante do cenário vivenciado, nos contratou para acompanhar toda essa situação. Estivemos no hospital e, infelizmente, diante da extrema burocracia e do prazo estipulado para concessão do prontuário médico, fomos obrigados a ingressar com uma demanda de exibição de documentos, na qual a juíza da 1ª Vara Cível de Santo Estevão entendeu no mesmo sentido, do excesso de prazo, e concedeu ao hospital o prazo de cinco dias para fornecer o prontuário médico. Sendo assim, esse prontuário, no dia de ontem, no final da tarde, foi juntado nos autos do processo. O prontuário, basicamente, afirma aquilo que o senhor Rubens informou, da evidência de um erro médico, o qual ensejou lamentavelmente no óbito da pequena Alice, que após 9 dias da cirurgia, infelizmente, faleceu”, relatou o advogado.

Ele reiterou que, o prontuário médico, como um todo, leva a entender que de fato houve uma perfuração do pulmão direito da recém-nascida. “Algo totalmente estranho. O procedimento médico tinha como finalidade a colostomia, de basicamente regularizar um erro na anatomia da criança, e um procedimento que o próprio médico informou, antes da cirurgia, que seria simples, mas tomou outras proporções, que ensejaram na morte da recém-nascida”, disse.

Segundo o advogado, o próximo passo é, com base no prontuário médico, buscar o devido ressarcimento moral da família.

“A família que tanto esperava, sonhava com o nascimento da menina, infelizmente se deparou não só com o erro médico, mas com o descaso do hospital, com a burocracia para liberar o prontuário, para liberar o corpo da criança, a família sofreu muito aguardando a liberação do corpo, e sofre até hoje. Então, nossa função nesse momento é buscar a Justiça neste caso. Vamos informar ao Ministério Público, demonstrar o prontuário médico, e além disso, ingressar com uma ação indenizatória contra o estado, contra o hospital e contra o médico responsável. As demandas retomam dia 21 de janeiro, mas como o sistema é basicamente eletrônico, conseguimos organizar a demanda e protocolar assim que possível”, informou Carlos Henrique.

Ainda conforme o advogado da família, os pais da criança estão inconsoláveis, pois é uma perda muito recente.

“Vamos buscar no Judiciário uma indenização, mas por mais que o valor seja alto, não supre uma vida que foi perdida. E o objetivo primordial é o cunho pedagógico, para que isso não ocorra com outras crianças, que esse não é o primeiro caso e nem o último, mas as cautelas precisam ser tomadas pelos profissionais e, consequentemente, a responsabilidade há ser assumida”, salientou.

Ao Acorda Cidade, o Hospital Estadual da Criança (HEC) enviou a seguinte nota:

O Hospital Estadual da Criança (HEC) informa que atendeu à solicitação da Justiça para o fornecimento do prontuário médico. Sobre o caso relatado pela reportagem, trata-se de uma recém-nascida prematura de parto gemelar com problema de imperfuração no ânus (não tinha por onde expelir fezes). O tratamento cirúrgico consiste em desviar as fezes para uma colostomia e criar cirurgicamente um ânus.

Para o procedimento cirúrgico, a criança necessita de sedação e, consequentemente, precisa manter sua respiração por meio de intubação orotraqueal (um respirador manda o oxigênio com pressão positiva para os pulmões). Essa situação, aliada à condição de prematuridade, onde o bebê está ainda mais frágil, pode ocasionar agravantes como a complicação denominada barotrauma. O ar com pressão positiva pode romper os alvéolos pulmonares frágeis do prematuro e permitir a formação do pneumotórax. Apesar de não ser uma condição desejada, é descrito como possível complicação do procedimento.

O pneumotórax foi tratado adequadamente, mas, infelizmente, a paciente não resistiu e veio a óbito por outros motivos diversos, conforme relatado na certidão de óbito. O HEC frisa que todo o auxílio foi prestado e que não houve qualquer perfuração pulmonar por manobra ou conduta cirúrgica médica.

Referência em gestação de alto risco e em média e alta complexidade em pediatria, o HEC preza por atendimento de qualidade para prestar assistência humanizada, garantindo boas práticas e a segurança na atenção às crianças e gestantes da Bahia. O hospital conta com mais de 20 especialidades pediátricas e uma equipe multidisciplinar capacitada.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

Leia também: Recém-nascido morre após ter pulmão perfurado durante cirurgia no HEC, diz família

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