Saúde

Estudo revela que passagem para a vida adulta é um dos principais fatores associados ao início da obesidade

A pesquisa foi realizada em Salvador pelos psicólogos Hélder Farias e Larissa Mendes, da equipe multidisciplinar do Núcleo de Tratamento e Cirurgia da Obesidade (NTCO)

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De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a obesidade é um dos mais graves problemas de saúde pública no mundo. Para situar a associação entre obesidade e questões emocionais e em que momento da vida o indivíduo começa a ficar obeso, os psicólogos Hélder Farias e Larissa Mendes, da equipe multidisciplinar do Núcleo de Tratamento e Cirurgia da Obesidade (NTCO), realizaram o estudo “O início da obesidade e o momento da vida, sob a perspectiva do paciente”.

O estudo foi apresentado durante o XX Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica da SBCBM, que aconteceu em meados deste mês (maio) em Curitiba. Trata-se de um levantamento quantitativo feito através da entrevista clínica de 39 pacientes diagnosticados com obesidade e que se preparavam para uma cirurgia bariátrica. O levantamento concluiu que 82,1% dos pacientes conseguiram relacionar o início da obesidade a algum momento especifico da vida, sendo que 30,8% da amostra relatou tratar-se de um momento pontual de ganho de peso.

Desta amostra, 25,7% relatou a passagem para a vida adulta como sendo o momento da vida associado ao início da doença. “Nesse momento da vida, o indivíduo assume várias responsabilidades, sai da casa dos pais, começa sua vida profissional e sua vida passa por várias transformações”, afirma Hélder Farias, um dos autores da pesquisa. De acordo com Larissa Mendes, “a transição para a vida adulta, que não necessariamente coincide com um marcador cronológico, parece exigir mais psiquicamente das pessoas, que acabam reagindo com práticas alimentares disfuncionais como recurso para enfrentamento da vida e suas novas demandas”.

Outra parcela dos pacientes pesquisados, 20,5% sinalizou a infância como sendo o momento do início da obesidade; 7,7% pontuou a adolescência e outros 7,7% relacionam o início da obesidade à gravidez.

Considerada uma doença crônica, multifatorial, progressiva e que pode causar a morte precoce, a obesidade resulta de um desequilíbrio entre a quantidade de calorias ingeridas e a quantidade gasta, causando acúmulo de gordura. A doença é reconhecida, hoje, como importante problema de saúde pública. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, trata-se de uma epidemia global, decorrente de hábitos alimentares, sedentarismo e fatores genéticos. Uma pessoa com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30 é considerada obesa. O IMC é calculado dividindo-se o peso da pessoa em quilos por sua altura ao quadrado.

Entre as doenças e complicações associadas ao excesso de peso, estão hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, artropatias (doenças das articulações), diabetes mellitus tipo 2, problemas de circulação, refluxo gastroesofágico, apneia so sono (parada respiratória involuntária durante o sono), colesterol alto, esteatose hepática (gordura no fígado), vários tipos de câncer, disfunções respiratórias, distúrbios hormonais, depressão e outros transtornos psicológicos.

Em Salvador, a obesidade atinge 19,9% da população e supera a média nacional, que é de 18,9%, de acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada pelo Ministério da Saúde em todas as capitais do país. O tratamento cirúrgico é recomendado em casos específicos, quando o grau de obesidade ou de doenças associadas com risco de morbidade torna a cirurgia uma alternativa mais eficaz e resoluta.

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