Saúde

Especialista orienta como prevenir o câncer colorretal, 3ª doença que mais mata no Brasil

O gastroenterologista Fábio Teixeira ressaltou que esse tipo de câncer tem aparecido cada vez com maior frequência em pessoas jovens abaixo dos 38 anos.

Intestino
Foto: Freepik

O câncer do cólon e reto provoca anualmente cerca de 862 mil mortes. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a doença é a terceira que mais mata homens e mulher no Brasil, segundo dados estatísticos de 2022. Ainda conforme o Inca, a expectativa é que mais de 45 mil novos casos do câncer colorretal sejam registrados a cada ano entre 2023 e 2025.

Os dados são alarmantes, mas a doença ganhou ainda mais notoriedade nos últimos meses em virtude das mortes de Pelé e Roberto Dinamite, além do diagnóstico da cantora Preta Gil por esse tipo de câncer.

De acordo com o médico gastroenterologista Fábio Teixeira, em entrevista ao Acorda Cidade, o mês de março é dedicado ao combate do câncer do colorretal. Ele esclareceu dúvidas sobre a doença, bem como a importância da prevenção e o diagnóstico precoce.

Foto: Maylla Nunes/Acorda Cidade

“O câncer colorretal é aquele que vai da parte final do intestino grosso do reto e que sobe até a parte inicial do intestino delgado. Boa parte do câncer do aparelho digestivo se concentra ali. Por isso, é um câncer que não tem sintomas e precisamos fazer um alerta à população e chamar a atenção para uma busca ativa na prevenção da doença.”

Conforme o especialista, todas as sociedades médicas brasileiras passaram a adotar o mês de março como um período de importância, onde toda a política social e as ações se concentram na campanha Março Azul.

“Nós abraçamos essa ideia em Feira de Santana já há alguns anos e fazemos a nossa parte. Nosso grupo está unido para começar uma campanha de conscientização, com palestras, reuniões, encontros e principalmente vamos convocar a população. Todos os anos, realizamos mutirões para oferecer exames de forma gratuita à população carente, que precisa desse apoio. Esse câncer é prevenível e precisamos trabalhar com a população a prevenção do dia a dia, desde a infância até as populações de alto risco”, frisou.

Fatores de risco

O gastroenterologista Fábio Teixeira ressaltou que esse tipo de câncer tem aparecido cada vez com maior frequência em pessoas jovens abaixo dos 38 anos.

“Um estudo recente demonstrou o avançar do câncer para o adulto jovem. Cerca de 25% dos diagnósticos realizados em 440 mil investigações nos Estados Unidos são de pacientes abaixo de 38 anos. Nós sabemos que o fator de risco principal é a idade, sem sombra de dúvida, mas temos que começar a organizar uma escada de orientação para as pessoas: primeiro, se tem alguém na família com câncer de colo com menos de 50 anos, todos os parentes de primeiro grau, aos 35 anos devem fazer a prevenção; se por acaso, com o passar dos 50 anos não teve nenhum sintoma, e essa pessoa tem alguém na família com câncer de intestino, todos devem passar por uma investigação também. Mas se a pessoa não sentir nada, a partir dos 45 anos deve-se fazer a colonoscopia”, orientou.

O pólipo

“O pólipo é uma lesão benigna. Como o intestino tem uma luz maior ele não consegue dar sintomas”, esclareceu o médico.

Segundo ele, o pólipo intestinal aumenta ao longo dos anos e recebe o nome de adenoma.

“Até então a transformação celular começa de forma gradativa e passa de um adenoma benigno para uma displasia de baixo grau até uma de alto grau. Podemos impedir esse tempo de evolução através da colonoscopia, que utiliza um aparelho com um tubo. É um exame extremamente seguro, guiado por uma equipe de anestesia, com todo o suporte de segurança e conforto, e consegue fazer a ressecção desse pólipo, utilizamos materiais especiais para fechar a mucosa e não haja o risco maior de sangramento ou perfuração, e nesta retirada em 90% das vezes conseguimos fazer a prevenção do câncer do intestino.”

Sintomas

Os sintomas deste tipo de câncer costumam aparecer em estágios mais avançados da doença. São eles:
• Sangramento nas fezes;
• Massa (tumoração) abdominal;
• Dor abdominal;
• Perda de peso, fadiga e anemia;
• Mudança de hábito (ritmo) intestinal;

Prevenção

A prevenção contra o câncer do cólon e do reto deve começar desde a infância, enfatizou Fábio Teixeira, com uma mudança na alimentação familiar.

“Precisamos mudar a cultura familiar, como tirar o açúcar, o doce, o ultraprocessado, a comida industrializada e vamos combater cedo a obesidade, que devem começar também dentro das escolas. Combater o cigarro, o uso de carnes ultraprocessadas, como calabresas e todos os embutidos, o consumo de carne vermelha, que deve ser reduzido por 500 gramas por semana, redução da bebida alcoólica, consumir mais fibras e alimentos naturais, como folhas, verduras, legumes e frutas, e incluir as sementes como linhaça, gergelim, aveia, trigo, quinoa.”

Outro ponto importante, segundo ele, é identificar fatores de risco, a exemplo da doença inflamatória intestinal, que são a doença de chron e retocolite, além de fatores hereditários, como o histórico da doença na família. A prevenção também é feita através da prática de atividades físicas.

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