A Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou no último dia 14, emergência global em saúde por conta da Mpox [monkeypox], doença conhecida também como varíola dos macacos. A nova variante do vírus, que possui maior facilidade de disseminação e maior nível de letalidade, está se espalhando em países do continente africano. Apesar do alerta, a infectologista Melissa Falcão afirmou que a nova cepa não representa um surto.
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“O Mpox não é uma pandemia, não será um novo Covid, não teremos uma proporção como tivemos antes. É só um alerta para ficarmos atentos para essa nova variante que ainda não chegou ao nosso país. Temos casos no Brasil do mesmo tipo que tivemos em 2022. O número de casos naquele ano foi muito maior do que os registrados até agora, em 2024. É um alerta, porque a doença continua circulando”, disse ao Acorda Cidade.
Formas de Contágio
Especialistas em saúde afirmam que a principal forma de contágio da Mpox é através do contato próximo e prolongado com pessoas infectadas. Ações como abraços, beijos e relações sexuais representam um alto risco de disseminação do vírus. A contaminação também pode ocorrer no compartilhamento de objetos utilizados pelas pessoas infectadas. Por este motivo é recomendado não compartilhar peças de roupas, toalhas, roupas de cama e utensílios domésticos como pratos, copos e talheres.
Deve-se evitar o contato com as lesões na pele como erupções cutâneas [um tipo de alteração temporária na coloração e na textura da pele], crostas, feridas e bolhas comuns em pacientes diagnosticados com a Mpox. Também é igualmente importante evitar o contato com os fluidos corporais, como as secreções e o sangue de pessoas infectadas com a varíola.
“O vírus não fica no ar como a covid ficava, por isso a disseminação não é tão rápida como foi com o outro vírus [coronavírus]. Mas a doença pode ser transmitida através da saliva. Se uma pessoa contaminada estiver muito próxima de outras pessoas falando alto, gritando ou tossindo, o contato direto com a saliva ou secreção respiratória com a outra pessoa também pode levar a transmissão”, afirmou a infectologista ao Acorda Cidade.
Semelhança com o sarampo e catapora
O diagnóstico correto é fundamental no combate a qualquer tipo de doença. No caso do Mpox, as vesículas, que são uma característica da doença, podem ser confundidas com outros tipos de lesões na pele presentes em doenças como o sarampo e a catapora, o que pode atrapalhar o diagnóstico. Por este motivo é essencial ficar atento às diferenças. No caso do sarampo, o que o diferencia da Mpox é a forma das lesões. Normalmente os ‘carocinhos’ são achatados, não tem líquido dentro e pode vir acompanhado de uma conjuntivite [um tipo de inflamação ou irritação nos olhos] ou secreção no nariz.
“No início da varíola o diagnóstico pode confundir mais com a catapora. Elas se parecem mais, porém, tem algumas diferenças. Na catapora os ‘carocinhos’ tem um líquido transparente dentro, que se disseminam de uma maneira mais rápida, dentro de 24 horas. No Mpox essas lesões são maiores, começam de 1 a 3 milímetros, são vermelhinhos, depois aumentam, cria um líquido transparente ou amarelo, depois vira uma crosta, afunda um pouco como úlcera, para depois secar. Enquanto essas feridas estiverem presentes na pele, sem cicatrizar, o paciente está transmitindo a doença e deve permanecer afastado das outras pessoas”, afirmou Melissa ao Acorda Cidade.
Sintomas da Mpox
- Febre
- Ínguas
- Gânglios aumentados
- Dor nas costas
- Vermelhidão em partes do corpo
- Dor de cabeça
- Diarreia
As lesões na pele, apesar de muito comuns, aparecem depois de algum tempo após a contaminação. E podem estar presentes na pele ou em qualquer outra parte do corpo, com na boca, região genital, ânus, testículo, vagina ou garganta.
Tratamento
O tratamento de um paciente contaminado com o vírus do Mpox normalmente não exige um internamento. Os quadros geralmente são mais leves. A grande preocupação da comunidade médica e com a chamada infecção secundária, ou seja, uma infecção por bactéria nas feridas que demoram às vezes um tempo maior para cicatrizar, por este motivo a introdução de antibióticos é necessária para evitar o agravamento do quadro clínico.
“Existem complicações, como em qualquer outro vírus, que podem comprometer, apesar de não ser tão frequente, no pulmão ou no cérebro do paciente. As complicações podem acontecer, apesar de serem mais comuns em pessoas imunossuprimidas [pessoas com um sistema imunológico enfraquecido, o que as torna mais suscetíveis a doenças potencialmente perigosas, como infecções graves]. Pessoas que têm qualquer déficit da imunidade tem o risco maior de agravamento de morte, como todas as outras doenças. Não existe um antiviral específico dado amplamente ou com facilidade para esse vírus. O tratamento vai ser por sintomas, conforme o que a pessoa estiver sentindo”, declarou a infectologista ao Acorda Cidade.
A vacina
A infectologista ressaltou que existe uma vacina que tem uma eficácia contra o Mpox, porem, não significa que as pessoas que tomarem a vacina estarão totalmente protegidos contra o vírus. Ao se vacinar, o risco de contágio diminui, assim como o risco de gravidade caso a pessoa venha desenvolver a doença. Ela também lembrou que as pessoas que tomaram a vacina para varíola antes de 1980 tem algum grau de proteção contra o vírus. Na década de 1980 a vacina foi retirada do calendário básico de vacinação, pois a doença tinha sido erradicada no Brasil.
Apesar da seriedade da doença, o risco no Brasil ainda é considerado baixo.
“São poucas pessoas que morrem. O índice de mortalidade é muito baixo com esse tipo de vírus que está circulando no nosso país, mas com o vírus que está circulando na África, essa mortalidade pode chegar até 10%. Por isso que foi lançada essa alerta da Organização Mundial de Saúde, para ser evitado que essa nova variante, com maior risco de transmissão e maior risco de morte, se dissemine por todos os países”, finalizou Melissa.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão da jornalista Andrea Trindade
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