Saúde

Dor de cabeça e cansaço na face é normal? Saiba como identificar uma DTM e quais são as formas de tratamento

O primeiro passo para uma melhoria na qualidade de vida do paciente que possui a DTM é o diagnóstico, feito por um especialista da área.

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Foto: Divulgação

Sentir dor de cabeça no dia a dia pode ser consequência de diversos fatores, desde os mais simples, aos mais complexos. Falta de hidratação, dormir mal e estar sob estresse podem desencadear o desconforto.

Mas, é preciso ficar atento para saber quando procurar um médico ao sentir constantes dores de cabeça, ou outras dores associadas à face. A disfunção temporomandibular (DTM) é um problema de saúde comum e que pode estar vinculada a alguns sintomas comuns do cotidiano.

Para falar sobre a DTM, o Acorda Cidade conversou com o cirurgião bucomaxilofacial e especialista na área, Thiago Leite, que tirou dúvidas sobre os principais sintomas que estão associados a disfunção temporomandibular (como as dores de cabeça), além de destacar os principais tratamentos para estes pacientes.

Foto: Ascom

À princípio, o cirurgião explicou que a disfunção temporomandibular é associada a cefaleia, termo médico utilizado para se chamar a ‘dor de cabeça’.

“A cefaleia é um nome genérico em que o leigo chama muito de dor de cabeça. Mas, na cefaleia, existem vários tipos. Há a primária, secundária, migrânea, enxaqueca, cefaleia associada a disfunção temporomandibular que é a área que eu trato. Trato muito os pacientes com dor de cabeça do tipo tensional que é atribuída a disfunção temporomandibular. Existem outras cefaleias, que quem tem maior domínio e expertise em tratar é o neurologista, vou falar um pouco sobre a área que me cabe, que é a dor de cabeça atribuída a DTM que é um número expressivo de pacientes que sofrem dessa doença. Temos uma pesquisa em que observamos que 59% dos pacientes que sofrem com dor de cabeça têm causa atribuída à disfunção”, disse.

O que é DTM?

A disfunção temporomandibular consiste na anormalidade dos músculos responsáveis pela mastigação. Essa disfunção pode causar dor e desconforto na região da mandíbula, da face, dos ouvidos e da cabeça.

Ainda segundo o especialista, a DTM pode ocorrer principalmente em pessoas que possuem problemas psicológicos como a depressão e a ansiedade, em virtude do hábito de apertar constantemente os dentes.

“DTM é um nome genérico para a disfunção, T de temporo e M de mandibular. A disfunção temporomandibular quer dizer que há alguma disfunção na região da cabeça. Essas alterações podem ser na própria articulação que é essa junta próxima do ouvido. Esse músculo que temos do ladinho da testa, o temporal, e o do ladinho da bochecha, que é o masseter, os pacientes que sofrem com cafelaia atribuída a DTM, na maioria das vezes são pessoas que sofrem com transtorno generalizado de ansiedade, depressão, insônia ou usa algum tipo de fármaco, tipo antidepressivos que podem potencializar o bruxismo, que é o hábito parafuncional, deletério de ficar apertando os dentes e levando a uma contração muscular exacerbada. Então, esses músculos no qual mencionei, o temporal e o masseter e outros músculos contraem, trabalham apenas no momento da mastigação. Eles foram feitos para tomar café, almoçar, jantar, enfim. E os pacientes que sofrem com esse tipo de dor, eles têm o hábito de ficar apertando os dentes durante o dia, chamado bruxismo de vigília, associada ao transtorno ansioso e também o bruxismo do sono que são os pacientes que apertam os dentes durante a noite”, contou.

90% do público acometido com a disfunção temporomandibular é o feminino. Questionado sobre o motivo pelo qual as mulheres são mais afetadas, Thiago Leite frisou que um dos hormônios presentes de sensibilização da área da face, é o estrogênio, presente no corpo feminino.

“90% dos casos, são mulheres. O público é feminino, até porque, os estudos mostram que na bainha do nervo trigêmeo, que é responsável pela sensibilização da área da face, existe receptor para o hormônio feminino, o estrogênio, tendo em vista que se é feminino, não acontece no homem. E, além do mais, é observado que as mulheres sofrem muito mais com o transtorno de ansiedade do que os homens também. Como é uma doença psicossomática que está associado a uma questão de estresse, as mulheres sofrem muito mais com esse tipo de patologia”.

Sintomas

Os principais sintomas para um diagnóstico de uma DTM são dores de cabeça, cansaço na região da face, zumbido e até mesmo dor nos olhos e dificuldade ao fechar a boca. Por isso, deve-se ficar atento aos principais sinais para tratar a doença de forma preventiva.

“Relacionados a disfunção temporomandibular, a DTM, muitas vezes, os sintomas são as dores de cabeça associado ao cansaço da face, dor na região do pescoço, dor no fundo do olho, zumbido, porque o nervo que sensibiliza a musculatura da região é o mesmo nervo que inerva dente, fundo dos olhos, ouvido, então os pacientes procuram um otorrino com queixas de dor de ouvido e o otorrino avalia o ouvido do paciente é que não tem nenhuma alteração que justifique aquela dor e muitas vezes encaminha ao especialista para tratar. Mas, os sintomas que os pacientes relatam em sua maioria é cansaço muscular, travamento de boca, dor no pescoço, dor no fundo do olho e dificuldade de abrir a boca”, contou.

Diagnóstico

O primeiro passo para uma melhoria na qualidade de vida do paciente que possui a DTM é o diagnóstico, feito por um especialista da área. Além dos principais sintomas que podem ser percebidos, os exames complementares também pode chegar a identificação da doença.

“O cirurgião bucomaxilofacal e o especialista em disfunção temporomandibular e dor orofacial avaliam clinicamente o paciente, examinam esta questão da musculatura associada com a musculatura do pescoço, cervical, do trapézio e também a articulação temporomandibular e é feito o diagnóstico observando ser uma disfunção articular ou muscular. Os pacientes muitas vezes se queixam de cansaço na musculatura da face, dizem que acordar com uma dor na boca, cansada, justamente porque passou a noite contraindo e é isso que leva a essas dores de cabeça. Os pacientes que apresentam alteração articular ainda relatam crepitação, estalos na articulação temporomandibular, que ficam fazendo barulho, travamento de boca, quando abre a boca e não consegue fechar”, destacou Thiago Leite.

Tratamento

O tratamento de uma DTM pode depender da situação do paciente. Porém, atualmente, um leque de possibilidades podem ser feitas para tratar a doença. Thiago Leite também aproveitou para destacar os mais diversos procedimentos que podem reduzir o desconforto na face.

“A DTM tem tratamento, tem cura e é só o paciente consultar um especialista que existe uma série de tratamentos, como fisioterapia da musculatura craniofacial, uso de placa oclusiva, que a gente molda a boca do paciente e confecciona uma placa de acrílico que encaixa nos dentes para que o paciente, durante a noite se ele apertar a musculatura não vai contrair e formar o ponto gatilho miofascial que é o causa a dor. Existem tratamentos também como infiltração, agulhamento à seco em ponto gatilho miofascial, aplicação de toxina botulínica na musculatura da mastigação em caso de bruxismo refratário que não responde a outras técnicas como o uso de medicamentos e placas oclusivas, psicoterapia, porque os pacientes que sofrem com dor crônica são pacientes abalados psicologicamente e muitas vezes a causa daquela dor é uma questão emocional, então existem vários tratamentos. Existem também infiltrações intra articulares com ácido hialurônico com corticoide e outras situações que também podem envolver cirurgias da disfunção temporomandibular”, finalizou.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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