Feira de Santana

Diretor do Hospital de Campanha afirma que leitos estão sempre lotados e medicamentos começam a faltar

Francisco contou que somente ontem (17), o Hospital de Campanha negou o pedido de nove leitos de UTI.

Rachel Pinto

O diretor do Hospital de Campanha, o médico Francisco Mota, mais uma vez manifestou em entrevista ao Acorda Cidade, a sua preocupação com o aumento do número de infectados pela covid-19 no município, o cenário da superlotação de leitos e o desrespeito da população com as medidas restritivas.

Ele afirmou que o Hospital de Campanha está sempre cheio e há cerca de três semanas, os 18 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), estão sempre lotados. Diariamente o hospital recebe vários pedidos de vagas para pacientes e acaba por negá-los. Francisco contou ao Acorda Cidade que somente ontem (17), o Hospital de Campanha negou o pedido de nove leitos de UTI.

“Em Feira de Santana a gente ainda não tem colapso. A rede privada está super pressionada com pouquíssimas vagas. O Hospital de Campanha tem recebido também pedidos da rede privada. Mas as UPAs e policlínicas ainda têm dado conta. Quero lembrar que ainda tem ventilador e se necessário o paciente com covid pode ficar intubado nesses locais aguardando uma vaga. O Hospital de Campanha está com uma mobilidade pequena. Temos 44 leitos na enfermaria e a ocupação é de 35. Sempre tem algum doente que complica na enfermaria e tem necessidade de UTI, naturalmente vai ser prioridade para quem já está dentro do hospital. Nesse momento eu posso dizer que estou com pelo menos uma vaga na UTI. Tenho doente na enfermaria com indicação de vaga de UTI e não tem vaga agora”, relatou.

Ampliação dos leitos

O médico comentou sobre a ampliação de mais cinco leitos de UTI no hospital e de acordo com ele, a implantação destes leitos ainda não ocorreu, devido a algumas dificuldades como demora na chegada de aparelhos, como ventiladores e bombas de infusão. Ele acrescentou ainda que o hospital, assim como outras unidades de todo o Brasil, enfrenta também dificuldades com a compra de insumos, como medicamentos específicos para a intubação e pacientes .

“Aumenta o número de pacientes intubados, aumenta a gravidade dos casos. O consumo de medicamentos aumenta. Sedativos para fazer com que o paciente tenha o relaxamento muscular, para que se consiga passar a cânula para intubar o doente. Medicamento, como clexane, que é anticoagulante, que não é só para doente de covid, mas doente de covid consome muito. Está em falta no Brasil inteiro. A indústria farmacêutica já disse que o país está começando a ficar desabastecido. Vamos ter uma reunião para discutir essas mudanças de uso de medicação. A situação é realmente de guerra, do Brasil inteiro”, declarou.

O diretor do Hospital de Campanha voltou a salientar que a média de idade de pacientes internados na UTI é de pessoas com 50 anos de idade. De acordo com ele, esses pacientes apresentam quadros graves da doença e já chegaram à unidade outros pacientes em estado grave, com 30, 24 e até 22 anos de idade também.

Medidas restritivas e prevenção

O médico analisou também sobre os números de infectados que continuam crescendo mesmo com as medidas restritivas como lockdown e toque de recolher. Para ele, além do desrespeito da população às ações para conter a doença, houve um afrouxamento na fiscalização.

Francisco Mota declarou ainda que a situação é tão grave que infelizmente quando surge uma vaga na UTI, o hospital adota o protocolo que é usado em todo o mundo, que indica ter que escolher o paciente mais viável para sobreviver.

Leia também: É crítica a situação da Covid-19 em Feira de Santana, alertam especialistas
 

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