Ney Silva e Andrea Trindade
A superlotação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que funciona ao lado do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), a UPA Estadual de Feira de Santana, é causada pela dificuldade de atendimento das policlínicas e das duas UPAs da prefeitura. A afirmação é do médico-cirurgião José Luiz Araújo Junior, diretor da unidade de saúde.
Em entrevista ao Acorda Cidade ele contesta a informação de que a UPA do Clériston, como é chamada, fecha quando está superlotada e diz que o que acontece é uma restrição temporária do atendimento.
“A UPA não fecha em momento algum, nunca fechou graças a Deus. O que acontece é a restrição temporária do atendimento de algumas especialidades. Nossa UPA é tipo 3, onde temos plantão 24 horas com ortopedista, um cirurgião, dois clínicos e dois pediatras, além de termos também um laboratório dentro da UPA 24 horas a disposição, raio-x e eletrocardiograma e também temos uma sala, tipo uma UTI que chamamos de sala vermelha, com quatro leitos com monitor cardioversor. Nesta sala podemos dar assistência completa para pacientes mais graves. Eu entendo que em virtude de ser a unidade de maior porte de Feira de Santana, as pessoas procuram mais. Nós temos a disposição 22 leitos, que inclui leitos de clínica médica, pediatria, especialidade cirúrgica e ortopédica, onde os pacientes ficam internados”, ressaltou.
Segundo José Luiz, há um encaminhamento irregular das unidades de saúde da prefeitura, policlínicas e Upas para a UPA estadual.
“Uma coisa que é muito frequente, isso está evidente para qualquer um que possa ir lá ver, são os pacientes que são encaminhados de maneira irregular pelas unidades do município. É muito frequente isso. A policlínica ou a UPA municipal em diversas situações avaliam os pacientes, como sendo pacientes de maior gravidade ou pacientes que precisam de internamento. Sem ao menos prestar o atendimento inicial, ele é encaminhado para a nossa unidade sem fazer contrarreferência. Na verdade estão se omitindo a dar o atendimento que o paciente precisa. Isso não foi nem um, nem dois paciente, isso acontece todos os dias. Eu entendo a população. Muitos procuram a nossa unidade em virtude de ser a unidade mais qualificada do município, de melhor estrutura, mas a gente precisa divulgar também que da forma que está realmente está difícil. A gente orienta que as pessoas que tiverem qualquer tipo de agrave, que procurem as unidades mais próximas nas suas casas. Lá existem profissionais, acredito que qualificadas da mesma forma como temos aqui na UPA estadual, e eles podem dar esse atendimento e a partir daí definir qual a melhor forma de conduta”, disse.
O médico informou que a Secretaria Municipal de Saúde deveria dar a população uma assistência maior, principalmente no que diz respeito à ortopedia, para evitar essa superlotação na UPA do estado.
“Se tivesse mais outra porta de atendimento para pacientes de ortopedia do SUS, do paciente que cai, tem um trauma leve, iria diminuir o atendimento da gente. A quantidade de pacientes que entram é muito grande, entra paciente de fratura fechada que precisa operar, que interna o paciente com dois, três dias. O município há muito tempo que não faz fratura fechada, então os pacientes estavam ficando aleijados. O município simplesmente cruzou os braços e não faz, então está na hora de mudar, está na hora de assumir a responsabilidade desses pacientes de fraturas fechadas, que foram abandonadas pelo governo municipal. Eu suplico que Feira de Santana mude, assuma a responsabilidade com as urgências e as emergências. Esses pacientes vão ficar aí com fraturas fechadas sem atendimento. A nossa UPA está atendendo de uma forma abarrotada, apesar de ter uma estrutura grande, nós não estamos tendo condições de atender esses pacientes que estão aqui e os das outras unidades”, declarou.
Vínculo da UPA
O diretor afirmou que a UPA não tem relação com o Hospital Clériston Andrade. “A mesma relação que temos aqui, é a relação que as outras policlínicas também têm com o hospital”, disse.
O que diz a prefeitura
A Secretaria de Saúde da Prefeitura de Feira de Santana esclareceu que algumas especialidades, como cirurgia geral e ortopedia, são da competência de Unidades de Pronto Atendimento classificadas como porte 3, caso da UPA do Governo do Estado, localizada ao lado do Hospital Geral Clériston Andrade.
As Upas municipais dos bairros Mangabeira e Queimadinha de porte 1 e 2.
Atendimentos de pediatria são oferecidos na UPA Queimadinha.
São encaminhados para a UPA do Governo do Estado apenas os casos que necessitam de especialidades que não são da competência dessas unidades.
A taxa de resolutividade dos pacientes nas unidade municipais é de 99,96% dos atendimentos, não havendo a necessidade de encaminhamento para a UPA do Estado ou para o Hospital Geral Clériston Andrade.
Mesmo em momentos de grande fluxo de pacientes, por compromisso e responsabilidade com a saúde dos cidadãos, as Unidades de Pronto Atendimento e as policlínica municipais são mantidas sempre de portas abertas, informa a Secretaria de Saúde do Município.