Saúde Mental

Dia Nacional do Luto: entenda como lidar com o processo da perda

Psicólogo explica que fenômeno mental não é doença

Acorda Cidade

Uma reação à perda, natural e constante, durante o desenvolvimento humano. É assim que o Sigmund Freud, o pai da psicanálise, entende o luto. Nesta segunda-feira (21), Dia Nacional do Luto, o psicólogo Thiago Vinicius Oliveira explica que o sentimento é um fenômeno mental, podendo ser superado após algum tempo e, por mais que tenha um caráter patológico, não é considerado doença.

“O luto é um processo lento e doloroso, que tem como características uma tristeza profunda, afastamento de toda e qualquer atividade que não esteja ligada a pensamentos sobre o objeto perdido, a perda de interesse no mundo externo e a incapacidade de substituição com a adoção de um novo objeto de amor”, ressalta o especialista da Quíron, clínica especializada em saúde mental em Feira de Santana.

Um estágio normal de quando perdemos alguém ou algo importantes em nossas vidas, o luto pode ser patológico, quando vira algo sem fim e impede a pessoa de viver como antes, ou coletivo, caracterizado pelo o mesmo processo individual, porém acomete toda uma população em virtude de um sofrimento comum a muitas pessoas – visto, geralmente, em catástrofes (a queda da barragem de Brumadinho, por exemplo), eventos traumatizantes (morte de um famoso querido) e eventos sociais que acometem toda uma população (pandemia de Covid-19).

“O luto coletivo é caracterizado pelo sentimento de impotência, agregando o sentimento de menos valia e tristeza. Sendo assim, tem as mesmas características de um luto individual, modificando apenas a condição geral de um determinado grupo de pessoas que sofrem uma perda de forma comunitária. É importante o entendimento que estamos vivendo um luto coletivo. Precisamos reconhecer, aceitar as perdas e buscar ajuda, partindo da necessidade individual, ou seja, o sofrimento próprio, balizado pela subjetividade”, esclarece o psicólogo.

É importante saber quando buscar ajuda. A procura por profissionais de psicologia e psiquiatria deve acontecer quando o processo de luto demora a passar, fazendo a permanência da angústia e tristeza, afetando atividades cotidianas e o seguimento normal da vida após a perda. “O tratamento começa na busca dos profissionais para que aconteça a condução em quatro mãos, podendo possibilitar ao paciente o acolhimento e a promoção de mudanças no seu comportamento, vivências e relações sociais”, destaca Thiago Vinicius.

Pandemia

Diante dos diversos riscos de perda – seja a vida, familiares e amigos, emprego e até a liberdade -, a pandemia tem tocado em vários vetores que afetam o modo de comportar, sentir e pensar das pessoas. O psicólogo Thiago Vinicius conta que, diante da situação, é impossível estar imune à algum nível de melancolia e adoecimento. “Todos estamos expostos a esse tipo de situação, necessitando diariamente buscar ajuda e estratégias que possam promover o conforto e bem estar em um momento tão emblemático no qual estamos vivendo. Vivenciar o luto é a melhor forma de conseguir ultrapassá-lo e promover novas possibilidades de existência”, finaliza.

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