Feira de Santana

Dia de Combate ao Câncer Infantojuvenil: saiba os tipos mais comuns em crianças e adolescentes

Em Feira de Santana, segunda maior cidade do estado da Bahia, o Hospital Estadual da Criança (HEC) se tornou referência na área de oncologia infantil.

Câncer Infantil
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Nesta quarta-feira (23), comemora-se o Dia de Combate ao Câncer Infantojuvenil. Assim como em países desenvolvidos, no Brasil, a doença já representa a primeira causa de morte entre crianças e adolescentes. No entanto, nas últimas quatro décadas, o progresso no tratamento foi extremamente significativo.

Em Feira de Santana, segunda maior cidade do estado da Bahia, o Hospital Estadual da Criança (HEC) se tornou referência na área de oncologia infantil.

Segundo a médica oncologista do HEC Jozina Maria Andrade Agareno, o câncer infantil representa neoplasias que acometem crianças e adolescentes na faixa de 0 a 19 anos de idade e são consideradas doenças raras, mas sua relevância se dá, porque atualmente elas são as principais causas de mortalidade infantil, nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, e só perdem para as chamadas causas externas.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“O câncer infantil, muitas vezes, imita as doenças mais comuns na infância, e nós temos que ficar atentos e sempre pensarmos na possibilidade do diagnóstico de câncer, porque nem sempre os sintomas são muito específicos. Por exemplo, uma criança com leucemia pode ter anemia, manchas roxas pelo corpo, febre, perda de apetite, perda de peso, alguma lesão ou tumorações pelo corpo, e no caso do retinoblastoma, tão falado atualmente, aquela mancha branquinha no olho chamada leucocoria, que muitas vezes é percebida quando se tira uma fotografia da criança, dentre várias outras causas”, informou a especialista.

Tipos de câncer

Quanto aos tipos, os mais comuns são as leucemias, os tumores que acometem o sistema nervoso central, tumores abdominais, dentre os quais estão os casos específicos, que são o tumor de Wilms, que acomete o rim, o neuroblastoma, que pode acometer vários locais do corpo, porém os mais comuns são de localização abdominal, informou a média Jozina Agareno.

“Temos também os sarcomas das partes moles, os tumores ósseos, os linfomas não Hodgkin, que também podem ser de localização abdominal, e os linfomas de Hodgkin, que acometem mais os adolescentes. Para cada tipo de doença existe um diagnóstico preciso, com determinados exames, os protocolos, porém o mais importante é a gente tentar diagnosticar o mais precoce possível, porque quanto mais rápido se dá a descoberta dessas doenças, as chances de cura são maiores e vamos tratar de forma mais efetiva, oferecendo um tratamento menos intensivo, com chances de cura melhores”, alertou.

No caso da leucemia, a médica esclareceu que a criança é avaliada do ponto de vista clínico, através de um exame simples, como um hemograma, capaz de fornecer indícios de características como anemia, baixa de plaquetas, e os leucócitos, que podem estar tanto muito aumentados, como abaixo do valor normal.

“As crianças sempre têm que ser referenciadas para um centro de diagnóstico, um centro de tratamento do câncer infantil, e daí a gente parte para exames mais específicos, como por exemplo, um mielograma, que é a coleta do exame da medula óssea, para a gente ter o diagnóstico definitivo dessa patologia. Aqui no HEC temos um centro de referência, o hospital tem uma característica, que acredito ser de importância fundamental. Ele tem uma localização muito peculiar: pega não só a região de Feira de Santana, mas muitas cidades circunvizinhas e acredito que isso foi de extrema importância para o tratamento dessas crianças”, informou.

A médica enfatizou que o HEC funciona como porta aberta para casos de suspeita de câncer em crianças e adolescentes.

“A gente recebe sem restrição, pois somos um hospital de porta aberta, e essas crianças assim que chegam ao serviço, que são avaliadas, a gente busca fazer o diagnóstico de forma mais precisa e rápida possível, para que seja instituído o tratamento, que é feito aqui também no nosso centro de oncologia. Aqui a gente trata crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, e depende muito do tipo de neoplasia que as acometem. Por exemplo, as crianças com leucemia são acometidas mais em torno dos 4 anos de idade, e aí varia, um linfoma de Hodgkin acomete mais adolescentes, e a gente tem essa faixa etária extensa, que a gente tem condição de tratar aqui neste centro”, explicou.

Jozina Agareno explicou que o tratamento é feito com o acompanhamento dos pais, e há também no hospital uma Casa de Apoio para famílias que vêm de outras cidades da região.

“A criança não fica sozinha em momento nenhum, está sempre acompanhada do genitor ou genitora, e a gente também tem a chamada Casa de Apoio, para quando elas têm alta e não podem ainda retornar para a sua cidade, quando não é oriunda aqui de Feira, e precisa ficar sob vigilância, mas não internada ou quando precisa dar continuidade ao seu tratamento ambulatorial, então ela vem, faz a quimioterapia e volta para a Casa de Apoio”, disse.

O tratamento

A especialista do HEC esclareceu ainda sobre os tipos de tratamento para cada estágio do câncer em crianças e adolescentes.

“O diagnóstico precoce é fundamental. É o que a gente mais tenta colocar, a gente participa de capacitações para agentes de saúde ou outros colegas. Quando a criança chega com menos acometimento possível, a gente tem condição de oferecer um tratamento, que normalmente é à base de quimioterapia, que costuma agredir alguns órgãos do corpo, precisa ser efetivo para matar as células cancerosas, e muitas vezes ele vem acompanhado de efeitos colaterais, e quanto menos a doença se apresente ao diagnóstico, ou seja, quanto mais precoce a gente faz esse diagnóstico, menos agressivo é esse tratamento e aumentam muito as chances de cura”, pontuou.

A agressividade do tratamento, conforme ela explicou, varia de acordo com os estágios, que vão do 1 até o 4, sendo este último o mais grave devido a uma situação de metástase.

“A gente tem criança, que a gente costuma estadiar, a depender do tipo de tumor, e se ela chega no estágio 1, recebe um tratamento; se ela chega no estágio 2, o tratamento é um pouco mais agressivo, e tem o 3 até o 4, que recebem aqueles tratamentos ainda mais agressivos, e consequentemente essa criança já tem doença em outros locais, que é a chamada doença metastática, e as chances de cura diminuem bastante em relação àquela que chega com estadiamento 1”, encerrou.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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