Dia Mundial contra a Hanseníase

Dermatologista alerta para a importância do diagnóstico precoce da Hanseníase

O Brasil ocupa a segunda colocação em diagnósticos de hanseníase em todo o mundo, ficando atrás somente da Índia.

Hanseníase
Foto: SMS de Mesquita RJ

A campanha Janeiro Roxo incentiva o diagnóstico precoce e o tratamento correto da hanseníase, infecção causada por uma bactéria que pode atingir nervos e pele. A doença, transmitida principalmente por gotículas de saliva, ainda carrega um estigma histórico.

Lucas Fernandes, dermatologista
Lucas Fernandes, dermatologista | Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

O Brasil ocupa a segunda colocação em casos de hanseníase em todo o mundo, ficando atrás somente da Índia, país que tem mais de um bilhão de habitantes. Em entrevista ao Acorda Cidade, o médico dermatologista Lucas Fernandes ressaltou a importância da campanha.

“Identificar precocemente os casos é o fator mais importante, porque uma vez que você inicia o tratamento, este paciente passa a não contaminar mais pessoas à sua volta. Então, identificar precocemente as pessoas e conscientizar sobre a doença são importantes na tentativa de erradicação da doença”, disse.

Formas de transmissão

De acordo com Lucas, a doença pode atingir nervos, pele ou ambas as áreas do corpo humano. A transmissão normalmente ocorre quando uma pessoa com hanseníase, que ainda não está em tratamento, tosse, espirra ou conversa muito próximo de alguém.

“Quando alguém com hanseníase avançada, que a gente chama de multibacilar, convive em ambiente domiciliar com outras pessoas, estas pessoas podem ser infectadas. Pessoas com baixa imunidade, seja por idade avançada, uso de imunossupressores [remédios que diminuem ou inibem a ação do sistema imunológico], HIV ou qualquer situação que reduza a imunidade, também têm maior chance de adquirir a doença”, disse.

tosse
Foto: Freepik

O dermatologista ressaltou que, apesar da convivência ser um fator de risco, o Ministério da Saúde do Brasil e a Organização Mundial da Saúde (OMS) consideram que a utilização de talheres, roupas de cama e toalhas não transmite hanseníase.

Identificando a hanseníase

Uma das formas mais comuns de manifestação da hanseníase é por meio do aparecimento de lesões cutâneas, que são alterações ou manchas em áreas da pele de cor amarronzada, avermelhada ou clara, e do aparecimento de caroços ou placas. Quando a doença afeta exclusivamente o nervo, que fica na parte interna do corpo humano, o diagnóstico só é possível com auxílio médico, através do apalpamento dos membros.

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Foto: Jorge Magalhães/ Secom

“Na maioria das vezes, há lesões na pele que o paciente não sente nada ou elas podem ser hipoestésicas, ou seja, até mais sensíveis do que o normal. Quem conhece a doença tem o hábito de beliscar uma lesão suspeita e se sentir dor acha que não é hanseníase. Mas no início da doença às vezes é o contrário. Caso surja alguma mancha diferente, principalmente na região dos membros ou face, procure assistência médica”, disse Lucas Fernandes.

De acordo com o dermatologista, áreas mais frias do corpo são os locais onde normalmente aparecem as lesões na pele provocadas pela doença. Por isso, é importante ficar atento a qualquer alteração na ponta dos membros ou na orelha.

Outros sintomas da hanseníase

  • Perda da sensibilidade
  • Fisgadas
  • Dor crônica
  • Nariz entupido por longos períodos
  • Alterações na visão
  • O tratamento

Tratamento

Após o diagnóstico da doença, que deve ser feito exclusivamente por um profissional médico, o paciente sai da condição de transmissor. O tratamento da hanseníase é feito com a técnica PQT (poliquimioterapia), utilizando a combinação de medicações e pode provocar alguns efeitos colaterais. Apesar dos transtornos, o médico afirma que o tratamento, que dura no mínimo seis meses, é eficaz contra a doença.

“A hanseníase ainda carrega muito estigma. É uma doença que vem desde a antiguidade, quando se chamava de lepra. Até algumas décadas atrás, ainda era chamada assim. Naquele período, não existia tratamento, e as pessoas ficavam com deformidades horrorosas. Isso gerava um preconceito muito sério, e os pacientes eram isolados do meio social. Levar a informação é importante para quebrar esse estigma, conhecer a doença e garantir o tratamento adequado”, disse Lucas Fernandes.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves

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