Feira de Santana

Demora em regulações causa superlotação em unidades hospitalares de Feira de Santana

De acordo com a presidente da Fundação Hospitalar, a demora na transferência pode provocar riscos de contaminação.

UPA da Mangabeira
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Na última sexta-feira (26), o município de Feira de Santana registrou 60 pacientes na fila da regulação estadual. De acordo com a Secretaria de Comunicação Social, este é um recorde em número de pessoas aguardando para serem transferidas para uma unidade hospitalar.

Em entrevista ao Acorda Cidade, a coordenadora das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e das policlínicas do município, Vera Galindo, disse que foi necessário transferir alguns pacientes para unidades localizadas nos distritos em decorrência da superlotação.

Síndrome gripal
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Na última sexta tivemos um quantitativo de 60 pacientes aguardando a regulação para as unidades hospitalares de alta complexidade. Tentamos entrar em contato com o estado, mas a demanda está alta, tivemos até que encaminhar alguns pacientes das nossas unidades para os distritos, porque realmente estamos ficando sem leitos disponíveis. Os que mais chamam atenção, são os pacientes que estão com derrame pleural, com infecção, os cardíacos e temos que ter paciência e aguardar, porque o sistema de saúde está super lotado”, apontou.

A situação não é diferente no Hospital da Mulher. Ao Acorda Cidade, a presidente da Fundação Hospitalar de Feira de Santana, Gilbert Lucas, informou que a maioria dos pacientes necessitam de uma unidade de alta complexidade para realizar cirurgias.

Gilbert Lucas
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“O Hospital da Mulher é uma unidade municipal que atende uma demanda muito grande de outros municípios, e a partir do momento que você fica com um paciente de alta complexidade cirúrgica, você tem a dificuldade do remanejamento dos leitos, principalmente quando se trata de bebês recém-nascidos. O risco é muito grande de óbito porque a maioria das regulações, são de cirurgias pediátricas, bebês que nascem com algum tipo de necessidade, com uma cardiopatia congênita, precisando de cirurgia de neuro, então são bebês que ficam por um tempo prolongado na UTI, no berçário de médio risco, e nós estamos fazendo tudo que é possível dentro da instituição”, afirmou.

Ainda de acordo com Gilbert Lucas, a demora na regulação pode provocar riscos de contaminação.

“A gente sabe que qualquer cirurgia pediatria de complexidade precisa ser de imediato, porque há chances daquele bebê ficar com sequelas e ter algum outro tipo de problema. Todo mundo sabe que um bebê que fica em um período prolongado em uma UTI, corre o risco de adquirir alguma infecção. Hoje o Hospital da Mulher tem uma taxa de partos prematuros de 9%, e temos uma rotatividade de 30 partos por dia, então a desocupação de leitos é muito necessária”, disse a presidente ao Acorda Cidade.

Caso Enzo Gabriel

No início do mês de maio, o Acorda Cidade contou a história do bebê Enzo Gabriel que nasceu no Hospital da Mulher. O bebê foi diagnosticado com estenose congênita, uma rara causa de obstrução nasal.

Segundo Gilbert Lucas, o pequeno Enzo já completa mais de 60 dias na fila da regulação.

“Nós temos o caso do bebê Enzo Gabriel que já está aqui na unidade há cerca de 80 dias e na fila da regulação a 68. É uma cirurgia de otorrino, uma cirurgia de complexidade, já que o bebê tem uma fenda palatina completa ativa e tem estenose subglótica congênita, então ele precisa de cuidados e não tem como ir para casa e aguardar uma cirurgia eletiva. Com isso, a gente acaba ficando com o bebê por um tempo prolongado, um risco muito grande deste bebê pegar uma infeção e por conta do tamanho dele, ele não cabe mais na incubadora, tivemos que comprar um berço pediátrico para ele e não só ele sofre, mas a família toda também que está acompanhando e não são de Feira, são de Água Fria, estão na casa da puérpera e recebendo todo acompanhamento psicológico, estamos fazendo o possível porque o caso dele é cirúrgico e com urgência”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

Leia também: Bebê diagnosticado com rara obstrução nasal aguarda há 1 mês regulação para fazer cirurgia

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