Ney Silva
A crise no setor de saúde na cidade de Feira de Santana se agravou ontem (14), com um aumento considerado absurdo de pacientes em unidades de saúde do município como as policlínicas e principalmente no Hospital Geral Clériston Andrade. Sem ter como atender a demanda os médicos de plantão tiveram que suspender o atendimento momentaneamente e apenas pacientes com risco de morte eram priorizados no pronto socorro.
A equipe do Acorda Cidade esteve na Clínica Médica, no Centro Cirúrgico, nos dois consultórios do pronto socorro e na sala de estabilização (APC). A situação no final da tarde era mesmo muito grave. Os pacientes não reclamaram da medicação nem da falta de atenção dos profissionais de plantão, mas problema era o desconforto de ficar o tempo todo em macas nos corredores do pronto socorro porque não haviam leitos para internamentos.
A dona de casa Neuma das Virgens que mora na cidade de Conceição da Feira estava numa maca em um corredor do pronto socorro. Com trombose em uma das pernas, ela reclamou que o hospital estava realmente com muitos pacientes e que aguardava ansiosa por um leito mais digno.
Numa maca baixa um paciente que sofre de problemas cardíacos e renais tinha acabado de ser medicado. Ele se disse está satisfeito por ter conseguido entrar no pronto-socorro para ser atendido. Mas também reclamou da situação. " Estou aqui praticamente no chão até surgir uma oportunidade de um leito para ser melhor atendido. Mas quero dizer que fui bem medicado", afirmou.
Muito atenciosa e mostrando-se compromissada com o atendimento ao público a jovem médica, Wuilma Ribeiro de Moreira, parou um pouco para atender nossa reportagem. Ela explicou que não houve exatamente uma suspensão ou restrição ao atendimento. " A demanda vem crescendo gradativamente e hoje (ontem), a gente teve uma demanda maior do que nas últimas 48 horas", afirmou.
A médica disse ainda que o Centro Cirúrgico estava com 09 salas bloqueadas com pacientes nos leitos precisando sair e não conseguiam porque mais de uma dezena de outros aguardavam no corredor. Wuilma Moreira negou que tivesse havido negação de atendimento a pacientes. Mas confirmou que realmente o hospital estava super lotado em decorrência da demanda crescente.
Com um total de 194 leitos o Hospital Geral Clériston Andrade atende Feira de Santana e mais 127 municípios. Essa situação " asfixia" as unidades de saúde como as policlínicas da Prefeitura e o hospital por ser o maior da região é diretamente prejudicado pela grande demanda de pessoas.
Policlínicas
A diretora de Gestão da Rede Própria da Secretaria Municipal de Saúde Gilberte Lucas confirmou que as policlínicas também estão com um número grande de atendimento. " Estamos atendendo cerca de 250 pacientes por dia de Feira de Santana e de outros municípios da região. Isso complica o HGCA que recebe pacientes como referência", afirmou.
Ela explicou que quando um paciente é estabilizado numa policlínica e seu estado de saúde é grave ele é levado para o Clériston Andrade por ser uma unidade de alta complexidade.
"Depois da estabilização o paciente só pode ficar na policlínica até 24h. É feita uma ficha de referência e outra de contra-referência para que esse paciente possa ser transferido para o hospital", afirmou Gilbert.
Situação grave
A situação no HGCA é muito grave. Além das condições de acomodação precárias, a super demanda de pacientes atrapalha até o atendimento nos dois consultórios do pronto socorro. Os médicos clínicos acabam ficando sem as macas para fazer a primeira avaliação dos pacientes.
A nossa equipe de reportagem observou que apenas em um desses consultórios havia uma maca que acabara de chegar porque estava ocupada por paciente no corredor do hospital. Na clínica cirúrgica havia tantos pacientes que até a porta de entrada da residência médica estava tomada pela metade por uma maca.