Rachel Pinto
A mãe de Thayne, a cabeleireira Talita da Conceição Ribeiro, contou a reportagem do Acorda Cidade que com 11 meses de vida a filha deu a primeira convulsão. De lá pra cá, o problema foi se agravando e a menina que levou uma vida normal aproximadamente até os cinco anos, hoje não anda, não fala e depende da ventilação mecânica para respirar.
“Minha filha deu a primeira crise convulsiva tinha 11 meses. A gente fazia exames, mas davam normais. Com cinco anos o eletroencefalograma dela deu uma alteração e foi diagnosticada a epilepsia. Depois desse diagnóstico, uns 30 dias depois ela teve a primeira internação em mal convulsivo, foi internada com seis anos no Hospital Estadual da Criança (HEC) e o mau convulsivo é quando dá crises são uma atrás da outra e ela não consegue controlar. Dessa primeira internação, ela passou 53 dias, voltou para casa, conseguiu voltar a vida normal. Depois apareceu alteração na marcha ao andar, mas conseguiu voltar ao normal. No entanto, ela, não conseguia controlar as crises e aí com nove anos, teve outro mal convulsivo, uma crise de ansiedade, que disparou as crises”, disse.
Talita relatou que devido ao mal convulsivo, o protocolo médico feito em Thayne foi um ‘ataque’ de medicações anticonvulsivas com o intuito de induzi-la ao coma e fazer assim que as crises cessassem. Porém, a criança como não consegue ser sedada totalmente, não houve êxito com o procedimento e ocorreram danos cerebrais. Thayne passou três meses intubada, em coma induzido e de acordo com Talita, mesmo assim não parou de dar crises.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Ela teve que fazer cirurgia de traqueostomia e gastrostomia, por conta do tempo de internação e depois dessas cirurgias ela teve uma parada cardíaca de 12 minutos. Pelo tempo, teve mais danos cerebrais e hoje ela é uma paciente acamada, não fala, não anda e respira por ventilação mecânica”, declarou.
Canabidiol
O canabidiol é uma substância que é extraída da Cannabis sativa, a planta maconha e atua no sistema nervoso central. É utilizada no tratamento de doenças neurodegenerativas ou psiquiátricas e no Brasil é comercializada com a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Talita conta que começou a pesquisar sobre o canabidiol em 2020 e depois de conversar com um médico neurologista, decidiram utilizá-lo no tratamento de Thayne. De acordo com ela, outros profissionais diziam que não havia mais o que fazer e o canabidiol trouxe uma esperança para a menina.
"A epilepsia que ela tem é a refratária, que é resistente a medicamentos convencionais. Pesquisei sobre o canabidiol, conversei com o médico, ele me disse que era uma medicação de difícil acesso e logo no início não tinha no Brasil. A gente tinha que importar essa medicação e assim a gente fez todo o processo na Anvisa. Começou a importá-la e aí em seguida eu entrei com uma ação na Defensoria Pública para que o Estado custeasse essa medicação. Aqui no Brasil ela custa R$2.500 e ela usa dois frascos por mês. Não é uma medicação que está na lista do Sistema Único de Saúde (SUS) e para consegui-la tem que ser por via judicial. Foi o que a gente fez. Demos entrada no processo em 18 de junho de 2020 ”, comentou.
Talita acrescentou que desde então ainda não houve retorno sobre o fornecimento do medicamento e a família que não possui condições financeiras, se vira como pode para comprar o remédio. Talita faz vaquinhas, rifas, conta com ajuda de amigos, pessoas da igreja e faz empréstimos em banco pra levantar o dinheiro. Thayne recebe apenas benefício de um salário mínimo.
Atualmente Talita está com uma vaquinha online que pode ser acessada pelo Instagram ou através deste link. Quem quiser colaborar com a família pode entrar em contato com Talita pelo telefone: (75) 991863312
Talita encerrou a reportagem dizendo que para comprar o remédio este mês já conseguiu arrecadar R$900 e vai fazer um empréstimo para completar. A rifa que estava fazendo não conseguiu fechá-la e o canabidiol de Thayne acabou há dois dias. A mãe teme que a filha retorne ao hospital eu aconteça o pior, que ela tenha morte súbita decorrente das crises convulsivas.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.