Acorda Cidade
Choro, gritos, desmaios…muitas crianças podem apresentar medo de tomar vacina e, por isso, alguns pais sofrem para imunizá-las. A campanha de vacinação contra a Covid-19 protege contra a face mais cruel do coronavírus: as hospitalizações e as mortes. O Butantan trouxe dicas para lidar melhor com o receio dos pequenos e pequenas de encarar uma agulha.
Os adultos, sobretudo os pais e cuidadores, podem fazer toda a diferença para evitar que o medo apareça e perdure, prejudicando a proteção da criança contra esta e outras tantas doenças, explica a gerente de farmacovigilância do Instituto Butantan e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mayra Moura.
“É importante levar a vacinação com mais tranquilidade, falar para as crianças que é importante tomar a vacina, que dói, mas passa, e que é uma oportunidade de ela se proteger e voltar a visitar a vovó e o vovô, encontrar os amigos e não precisar mais ficar tanto tempo em casa”, diz a enfermeira.
Segundo Mayra, 40% dos adolescentes desmaiam em procedimentos com agulha, segundo dados da Sbim. E isso acontece pelo que foi construído na infância, por essa cultura do medo de injeções. “A síncope não ocorre por causa da vacina, mas de todo esse medo construído desde a infância”, reforça.
De onde vem o medo?
Mas antes é preciso entender como evitar essa cultura do medo em casa. Demonstrar pena dizendo ‘tadinho’ ou usar a vacina como uma forma de punição ‘se não tomar banho, vai tomar injeção’ é o que faz à criança a eternizar a vacinação como algo ruim e levar este sentimento consigo por muito tempo, senão por toda a vida, esclarece Mayra.
Minimizar a situação não quer dizer que seja necessário mentir para a criança ou invalidar sua dor. Pelo contrário, os familiares devem se mostrar atentos no momento da imunização para deixar claro que é uma dor que não é duradoura e que os benefícios são maiores, e acolher a dor física pela injeção.
“O familiar precisa estar ali presente para dizer que aquilo é bom para criança. Se os próprios pais não estiverem seguros, não vai passar segurança para a criança”, ressalta.
Como diminuir o pavor da vacina?
Evitar que surja o medo e que ele continue na adolescência requer muita conversa e normalizar o ato o máximo possível. Mayra, que é enfermeira especializada em imunização, dá dicas para os pais e cuidadores.
1- Fale de vacinas no dia a dia não só no dia da aplicação
Converse com as crianças sobre a importância das vacinas, dê exemplos de como ela está protegendo pessoas na pandemia e fale sobre seus benefícios, que é evitar que eles fiquem doentes, que hoje não existem mais certas doenças por causa da vacinação. Não precisa falar sobre o assunto somente no dia da imunização e não demonstre apreensão ou chore ao lado da criança.
2- Não demonstre pena da criança que vai tomar vacina
Pode parecer empático, mas falar “coitadinho”; “seja forte”, “é difícil, mas você precisa tomar” cria mais a sensação de medo do que de aceitação. Ao invés disso, trate o ato de vacinar com naturalidade e acolha a dor física e emocional da criança com palavras amorosas, com um abraço e depois siga em frente com outros assuntos do dia a dia.
3- Não associe a vacina com uma punição
Evite dizer que vai levar a criança para tomar vacina a cada vez que ela contrariar um adulto, como forma de castigo. Por exemplo: “vai tomar injeção se não comer tudo”, “vou te levar para tomar vacina se você não fizer o que estou te pedindo”, entre outras ameaças. Falas como estas associam às vacinas a punições e só aumentam o medo da criança.
4- Esteja ao lado da criança quando ela for vacinada
Crianças tendem a ficar mais calmas quando cuidadores estão próximos delas durante a vacinação, dando suporte, colo, secando as lágrimas, olhando nos olhos. As menores ficam mais relaxadas se sentadas no colo do cuidador do que sozinha na cadeira, e bebês também se acalmam ao serem amamentados pelas mães durante a aplicação, pois tanto a sucção da mama, quanto o leite materno relaxam.
5- Distraia a criança durante a vacinação
Distrair a criança com brinquedos, vídeos, algum objeto com música, que prenda a atenção da criança é uma técnica que traz resultado e evita que a criança fique apavorada.
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia