Saúde

Como está o funcionamento dos seus rins? Médico destaca o poder multifuncional desse órgão no corpo humano

A doença renal é silenciosa, segundo o nefrologista, Cesar Oliveira, uma pessoa pode perder 90% da função renal sem ter manifestado sintomas.

Dia Mundial do Rim
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Dia Mundial do Rim é celebrado nesta quinta-feira (9). Neste ano a Campanha do Dia Mundial do Rim, coordenada pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), tem o objetivo de disseminar informações sobre as doenças renais, com foco na prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado. Todos esses pontos estão resumidos no tema central que é “Saúde dos rins e exame de creatinina para todos”.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o médico nefrologista, César Oliveira ressaltou que a Campanha deste ano pretende chamar atenção para as doenças renais, porque habitualmente elas surgem de forma silenciosa e não são tão conhecidas por toda a população.

Dia Mundial do Rim
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Muitas pessoas não sabem que os rins são lesados, e frequentemente, quando descobrem a doença renal já descobrem em uma fase muito tardia, já precisando de hemodiálise, ou transplante”, observou.

As três principais causas da doença renal e da perda da função dos rins em pacientes no Brasil, segundo ele, são a Hipertensão Arterial, a Diabetes e as Glomerulopatias, que são doenças imunológicas.

“Já no mundo a principal causa da doença renal é a Diabetes. Essas são as três principais, mas existem outras, por isso é importante ter muito cuidado com os rins e sempre avaliá-los”, reiterou.

Existem vários tipos de doenças renais, algumas são agudas e outras crônicas.

“Quando a gente tem uma Lesão Renal Aguda, ou uma Injúria Renal Aguda, de modo geral, é possível uma recuperação. Quando temos uma doença renal crônica ela é progressiva, a funções vão se perdendo à medida em que o tempo vai passando, até que chega a um ponto em que o paciente tem que fazer hemodiálise, ou um transplante renal, porque não é mais possível manter a vida quando se tem menos de 12% de função renal. O rim tem uma capacidade muito grande de manter o seu funcionamento, você pode perder quase que 90% do seu rim e não ter sintoma, ou ter poucos sintomas. E só a partir daí é que a pessoa vai precisar de uma terapia renal substitutiva”, revelou.

Órgão multifuncional

O rim é o grande mantenedor do corpo humano, é este órgão que mantém o equilíbrio e a homeostase de todos os sistemas.

“Quem regula a água do corpo é o rim, quem regula a pressão do corpo é o rim; quem manda fabricar sangue é o rim; quem regula os eletrólitos, que é o sal do organismo, é o rim; quem regula parte dos nossos hormônios é o rim; quem excreta todas as substâncias do metabolismo é o rim; quem mantém o nosso ar condicionado na temperatura ideal, o nosso PH, é o rim. Portanto, o rim é um órgão multifuncional e ele trabalha de forma silenciosa para manter o equilíbrio corporal. O rim tem um papel essencial na manutenção do equilíbrio e funcionamento do corpo, não é a toa que temos dois rins”, elencou.

Diagnóstico

Conforme o médico César Oliveira, um em cada 10 brasileiros possui doença renal crônica.

“A Campanha deste ano diz: ‘Creatinina para todos’. Todas as pessoas que fazem parte do grupo de risco, que têm hipertensão arterial, diabetes, idosos, pessoas que usam muito anti-inflamatório, pessoas que têm doenças imunológicas, como lúpus, quem já fez retirada parcial dos rins, todas essa pessoas precisam, obrigatoriamente, dosarem a creatinina. Nós temos alguns exames de sangue que são importantes como a ureia e a creatinina, nós temos um exame de urina chamado sumário de urina, que é o exame simples de urina em que a gente ver também algumas alterações, mas nesta Campanha o foco é o exame da creatinina. Porque uma em cada dez pessoas tem doença renal crônica, é um percentual da população muito grande. Quando forem ao médico peçam para dosar a creatinina, é o exame que avalia a função renal”, orientou.

Tratamento

Algumas doenças renais, inflamações e cistos podem ser hereditários, já outras doenças renais podem não possuir nenhum componente de hereditariedade, mas afetam o rim da mesma forma. Cada doença possui um tratamento específico.

“Nós temos aproximadamente 150 mil pacientes em hemodiálise no Brasil, ou seja, é a minoria dos pacientes que vão para a hemodiálise, a maioria não vai para a diálise. Cada doença tem um tratamento específico. Se eu tenho pressão alta eu tenho que tratar a minha pressão para ficar próxima de 13×8; 40% dos pacientes com diabetes tipo II têm alteração renal, então por isso que todo diabético deve dosar a sua creatinina para ver a sua função renal, tem um tratamento específico, têm drogas cada vez mais específicas. Pacientes que têm doenças do coração, que afetam o funcionamento do rim e fazem ele funcionar menos, tem um tratemento específico, então, em verdade, cada doença renal vai ter um tratamento específico a ser oferecido”, considerou.

Prevenção e orientações

A pressão arterial deve ser tratada com atenção. Conforme o nefrologista, ela é a principal causa de morte cardiovascular, de Infarto, Acidente Vascular Cerebral e doença renal crônica.

“Precisamos tratar adequadamente a pressão arterial, precisamos reduzir o sal. Precisamos fazer exercício físico, porque o exercício vai proteger a pressão arterial elevada e vai proteger o rim, além de proteger também contra a obesidade que é um fator muito grande para a diabetes, hipertensão e doença renal. Então é importante que se tenha o controle do seu peso que tratemos o colesterol e o triglicérides, porque acelera a aterosclerose, que é o envelhecimento vascular. E se o vaso envelhece nós vamos perder também vasos do rim, é importante que a gente faça esse tratamento”.

Beba água

Ele frisou ainda que a água possui efeito protetor, reduz a infecção urinária, mantém a pele hidratada e bonita.

“A gente deve beber em média 30 ml de água por quilo. Então se você pesa 70 quilos o ideal é que se beba uns dois litros ou dois litros e 100 ml por dia”, explicou.

Síndrome Renal Glomeruloesclerose Segmentar Focal

O jornalista e professor de Comunicação e Marketing, Tiago Oliver foi diagnosticado, há quatro anos, com a síndrome Glomeruloesclerose Segmentar Focal (GESF).

“Eu fiz diagnosticado há quatro anos quando eu fui fazer um exame de rotina e descobrimos que eu tinha uma lesão no rim, dessa lesão eu fiz um outro exame chamado ‘Urina 24h’, em que foi detectado perda de muita proteína pela urina, a proteinúria. A partir daí fui sendo acompanhando pelo médico e já tinha previsão para fazer hemodiálise”, relembrou.

Foto: Arquivo Pessoal

Doença silenciosa

A doença é renal é silenciosa, apontou Thiago. “É difícil ter sintomas, eu comecei a desconfiar porque quando eu urinava, tinha uma espuma muito grande no vaso sanitário e essa espuma demorava a sumir, a partir daí fui para os exames de rotina e descobrimos a proteinúria, porque dor mesmo, a doença renal não dá, eu não sentia nada, bem silenciosa mesmo”, destacou o jornalista.

Todo o corpo humano é atingido quando os rins não estão saudáveis. Thiago relatou que realiza a hemodiálise, procedimento de limpeza e filtragem do sangue, três vezes por semana.

“Talvez as pessoas pensem que a doença renal faz a gente ficar com a pele verde, ficar fedido, mas graças a Deus hoje tá bem evoluído, as máquinas são em HD, mas é um doença em que precisamos tomar muito cuidado, porque ela mexe com todo o nosso sistema. Precisamos fazer a hemodiálise com frequência, no meu caso eu faço três vezes na semana, por três horas cada vez. É claro que a gente se sente mais cansado, porque além de limpar o sangue das impurezas, também perdemos os nutrientes, mas tem sido tranquilo por enquanto”, contou.

Como funciona a rotina de um paciente renal?

Thiago Oliver contou ao Acorda Cidade que consegue trabalhar e manter a rotina normal em sua vida, mas nem todos conseguem manter o ritmo das atividades durante o tratamento.

“Tem pessoas que fazem o tratamento e não conseguem trabalhar, elas se sentem muito exaustas. Eu graças a Deus consigo manter a minha vida normal. Eu faço academia três vezes na semana, eu trabalho todos os dias, em um ritmo normal de oito horas, ainda dou aula à noite”, compartilhou.

O diagnóstico precoce é muito importante.

“As pessoas precisam beber água continuamente, e não podemos negligenciar. É preciso também ir ao médico, fazer exames, porque a gente pode adoecer”, aconselhou o jornalista.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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