Neste sábado, ações por todo o Brasil comemoram o Dia Nacional de Combate ao Fumo, data criada para alertar a população brasileira sobre os riscos do tabagismo. A boa notícia é que o número de fumantes no país vem caindo a cada ano. Atualmente, 16% dos brasileiros fumam, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). A má notícia é que ainda existem mais de 1 bilhão de fumantes pelo mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a maioria em países em desenvolvimento como o Brasil, a China e a Índia.
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem um programa gratuito para quem quer parar de fumar. Para receber o tratamento, é necessário procurar um posto de saúde ou ligar para o Disque Saúde (0800 61 1997).
Para especialistas, a decisão dos governantes de proibir o fumo em locais públicos é uma das medidas mais importantes já feitas no país para proteger a saúde de quem não fuma, principalmente das crianças e das gestantes, as mais afetadas pelo fumo passivo. Segundo o Inca, mesmo quando não sentimos o cheiro da fumaça, podemos estar respirando um ar intoxicado com substâncias cancerígenas que causam alergias, dor de cabeça e asma, elevam a pressão arterial, aumentam o risco de doenças cardíacas e podem causar câncer de pulmão.
– Cerca de 60% dos fumantes não são dependentes e com a inibição do consumo em locais públicos, pode ser que muitos abandonem o hábito – afirma o pneumologista José Jardim, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O pneumologista Carlos Alberto de Barros Franco, coordenador do Serviço de Tratamento de Tabagismo da Casa de Saúde São José, também concorda com a decisão de proibir o fumo em locais fechados. " Uma em cada 100 pessoas que bebe se torna alcoólatra, mas 90 em cada 100 que fumam acabam dependentes do cigarro", disse Barros Franco.
– A lei não proíbe ninguém de fumar, nem pretende fazer com que os fumantes larguem o vício. É uma lei absolutamente democrática. Seu objetivo é proteger aqueles que não querem fumar e são obrigados a respirar a fumaça do cigarro por causa de quem fuma. Os fumantes precisam ser informados de que forma estão sendo prejudicados pelo fumo, e também como estão prejudicando a saúde daqueles no seu entorno – explica.
O médico frisa que a maioria dos fumantes vai precisar de ajuda para largar o vício, já que a nicotina é uma das substâncias mais viciantes que existem.
– Uma em cada 100 pessoas que bebe se torna alcoólatra, mas 90 em cada 100 que fumam acabam dependentes do cigarro. A nicotina é altamente aditiva. Alguns estudos mostram que é mais fácil largar o vício da heroína do que parar de fumar. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem um programa gratuito para quem quer parar de fumar. Para receber o tratamento, é necessário procurar um posto de saúde ou ligar para o Disque Saúde (0800 61 1997).
Asma, câncer e risco de aborto
Cada cigarro contém mais de 4 mil substâncias químicas, sendo 250 delas altamente tóxicas, como a naftalina, o pireno, o cádmio, o benzopireno e o polônio-210, que é radioativo. Crianças que convivem com fumantes têm um risco maior de ter doenças respiratórias como asma e pneumonia, e sofrem mais com infecções de todo o tipo. Bebês com pais fumantes correm um risco cinco vezes maior de morrer de morte súbita no primeiro ano de vida, e grávidas que fumam correm o dobro de risco de abortar. O cigarro mata metade de seus consumidores, e 25% dos fumantes acabam com algum grau de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
– Na maioria dos casos de tabagismo, as lesões no tecido pulmonar causadas pelo cigarro são irreversíveis, mesmo que a pessoa tenha parado de fumar há muitos anos – alerta José Jardim.
Fumo no trabalho
Um levantamento feito pela rede de exames complementares Centro de Medicina Nuclear da Guanabara mostra que o número de fumantes nas grandes empresas do Brasil têm caído. Entre os 868 pacientes que se submeteram a exames, somente 11% eram usuário de cigarros. Desse percentual, 64% eram do sexo masculino e 31% do feminino.
O médico Eduardo Duarte, responsável pela pesquisa, credita a diminuição do número de fumantes não só à campanha mundial feita contra o tabagismo, mas também às restrições cada vez maiores impostas aos fumantes em ambientes públicos.
Para quem quer um incentivo para largar o vício, o médico recomenda a realização periódica de exames como o raio-x de tórax, o hemograma ou até uma pesquisa de sangue oculto em fezes, que chamam a atenção para prováveis doenças causadas pelo tabagismo. Caso o paciente já seja vítima de algum tipo de lesão cancerosa, o diagnóstico precoce facilita e aumenta a chance de cura.
– Um pequeno tumor, por exemplo, quando aparece em um raio-x de tórax, pode ter uma história prévia de mais de 10 anos. Ao fazer exames, o paciente que fuma há bastante tempo consegue entender a importância de interromper o vício – acredita.