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Acompanhado do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, assinou o acordo de transferência de tecnologia do laboratório AstraZeneca para que o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), possa produzir o imunizante contra a Covid-19 com Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) fabricado em território nacional. O acordo é mais um passo importante para o avanço da vacinação do povo brasileiro.
O empenho do governo em proporcionar a produção da vacina teve início em 2020, quando o presidente da República assinou uma Medida Provisória destinando um crédito extraordinário de R$ 1,9 bilhão para viabilizar o desenvolvimento, produção e aquisição do imunizante contra o novo coronavírus. O acordo que agora permitirá o IFA nacional é resultado da cooperação entre o governo brasileiro e governo britânico, onde estão sediadas a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, responsáveis pelo desenvolvimento da vacina.
As instalações do laboratório já receberam as Condições Técnico-Operacionais (CTO), concedidas pela Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa), bem como o certificado de Boas Práticas de Fabricação (CBPF) para a produção do IFA. A transferência de tecnologia com essa complexidade costuma levar de 5 a 10 anos. A pandemia, entretanto, exigiu que o acordo ocorresse em tempo recorde, inferior a um ano.
A Fiocruz passará a produzir o insumo em suas instalações, sem depender de produtos vindos do exterior, como o IFA oriundo da China ou doses prontas compradas da Índia. A falta desse insumo tem impactado a capacidade de os países garantirem a vacinação de suas populações. Com a produção de IFA nacional, a Fiocruz contribui para que o Brasil avance na superação deste desafio. A expectativa é que as primeiras doses 100% nacionais sejam entregues em outubro. As instalações têm a capacidade inicial de produção de IFA para cerca de 15 milhões de doses de vacinas.
“Esso é um grande passo que o Brasil dá: é um dos poucos países do mundo que passa a produzir o IFA e brevemente nós poderemos até exportar essa vacina, porque o mundo todo só estará seguro quando grande parte ou quase a totalidade da população mundial estiver imunizada. O Brasil é um país responsável, que tem um governo que se preocupa com a vida do próximo”, enfatizou o presidente Jair Bolsonaro.
A Fiocruz assina também com a AstraZeneca um contrato para o fornecimento de 50 milhões de doses de vacina Covid-19 já previstas para o segundo semestre a serem distribuídas para toda a população brasileira. Nesta quarta-feira (2) chega ainda o banco de células da AstraZeneca, último insumo necessário para a produção de IFA no Brasil.
“Como resultado dessa parceria, a fábrica de Bio-Manguinhos, no Rio de Janeiro, já entregou mais de 47 milhões de doses de vacinas para todo o Brasil. Os atos de assinatura de contrato que hoje testemunhamos evidenciam o acerto da estratégia de vacinação contra a Covid-19 do Governo Federal. Com mais de 600 milhões de doses de vacinas encomendadas, nosso objetivo é oferecer até o final do ano, imunização a toda a população do país, atendendo prioritariamente trabalhadores da saúde e grupos mais vulneráveis.”, disse Queiroga.
Mais vacinas
O contrato de encomenda tecnológica foi formalizado entre a Fiocruz e a AstraZeneca em setembro do ano passado. O acordo previa o desenvolvimento e importação do IFA para o processamento final, que inclui formulação, envase, revisão, rotulagem, embalagem e controle de qualidade de 100,4 milhões de doses em Bio-Manguinhos/Fiocruz.
No total já foram entregues 47,6 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), incluindo 4 milhões de doses prontas da vacina do Instituto Serum, da Índia. Com o IFA já em estoque no instituto, estão garantidas outras 12 milhões de doses, além da entrega de cerca de 6,5 milhões de doses de vacina já produzidas que estão em diferentes estágios de controle de qualidade.
Competência tecnológica para o SUS
A vacina Covid-19, fruto da parceria com a AstraZeneca, foi desenvolvida pela Universidade de Oxford através da plataforma tecnológica de vírus não replicante. A partir do adenovírus de chimpanzé, obtém-se um adenovírus geneticamente modificado, inofensivo ao ser humano, por meio da inserção do gene que codifica a proteína S do vírus SARS-CoV-2.
A existência de estrutura industrial para produção de imunobiológicos, aliada à competência tecnológica estabelecida ao longo dos 45 anos de existência do Instituto Bio-Manguinhos e dos 121 anos da Fundação Oswaldo Cruz, facilitou a implantação das etapas de processamento final da vacina e a estruturação para a incorporação tecnológica em tempo recorde.