Laiane Cruz
Tem aumentado em Feira de Santana o número de internamentos de crianças com suspeita de Covid-19. Nesta segunda-feira (15), de acordo com dados atualizados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), cinco leitos de UTI pediátrica do Hospital Estadual da Criança (HEC) estavam ocupados. Também os cinco leitos de UTI adulto da mesma unidade estavam com pacientes internados.
Segundo o médico infectologista do HEC, Igo Oliveira, os números são muito dinâmicos. Ele explicou que em muitos casos suspeitos é feito o teste, outros são confirmados de forma clínica e epidemiologia, quando algum pai ou parente próximo testou positivo e esse paciente tem sintomas que sugerem a doença.
“A maioria vem trazida pelos pais com os sintomas. Temos alguns quadros gripais, alguns confirmados para covid e outros a gente consegue excluir, quando vem algum outro sintoma respiratório. Em criança a gente tem casos só com febre e diarreia, outros só com diarreia. Em crianças é muito mais esperado um quadro diarréico com febre do que apenas um sintoma respiratório isolado”, explicou o infectologista.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
O tratamento, de acordo com o especialista, é sintomático. O paciente é triado e fica em isolamento até a confirmação do quadro. Ele ressaltou que diante da situação atual é preciso ter cautela e continuar mantendo os cuidados.
“Num dia tivemos 13 pacientes e no mesmo dia conseguimos dar cinco altas. O paciente vai ser triado, a gente deixa isolado até ter uma confirmação e coloca na rota covid. Aqui desde o primeiro dia de vida. É uma situação que requer cautela, e há preocupação dos médicos. Eu entendo que a sociedade está cansada e nós até mais. A gente tem visto um aumento do número absoluto de covid em crianças e adultos jovens sem comorbidades, que a porcentagem em adultos jovens é mais preocupante com certeza.”
Apesar do aumento no número de casos confirmados em crianças, o médico afirma que a recuperação delas é muito melhor que em adultos. “A gente vê uma evolução mais rápida, melhor e sem tantas sequelas, como com os adultos. Temos poucas mortes, mas não temos que ignorar, e lembrando que temos crianças indo a óbito sem comorbidades também.”
Também em entrevista ao Acorda Cidade, a médica pediatra Maína Vieira, que trabalha em um hospital pediátrico da rede privada na cidade, informou que no local houve um aumento em cerca de 40% de pacientes com sintomas respiratórios, em que a suspeita de Covid-19 é avaliada.
“Até o mês de março houve sim um aumento do número de internamentos de crianças, na verdade até de avaliação em emergência. O nosso percentual aumentou em cerca de 40% de pacientes com sintomas respiratórios, que acabam se tornando suspeita de covid por mais que não sejam. Apesar dos internamentos com suspeitas, confirmados desde o início da pandemia há um ano, só tivemos confirmados 15 casos em crianças, e nenhuma delas de forma grave”, afirmou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
De acordo com ela, a maioria dos atendimentos é para crianças abaixo de cinco anos, porém há muitos pacientes com idade mais avançada e os que têm sintomas mais graves são os pacientes com idade entre 10 a 19 anos.
“São sintomas como se fosse uma gripe, nariz escorrendo, tosse, nariz entupido, alguns pacientes sentem falta de ar, geralmente aqueles que já têm alguma doença respiratória, como as asma, pacientes que têm doenças cardíacas associadas, mas em geral é como se fosse uma gripe, com febre e dor de garganta.”
Maina Vieira ressaltou que as crianças não são imunes à Covid, mas a doença neles causa menos problemas do que em pacientes mais velhos, adultos e idosos.
“As crianças têm sintomas leves e raramente a gente interna crianças com quadros graves. A gente tem um paciente hoje internado na UTI, que tem suspeita de Covid. Temos sete leitos, mas somente um está sendo usado por um paciente suspeito. Gravidade as crianças não tiveram, elas se infectam com sintomas leves e muitas vezes nem sintomas têm. Tem estudos que mostram que eles transmitem em menor intensidade do que adultos, por isso que se fala que a abertura de escolas seja segura, porque as crianças transmitem menos. Mas, transmitem, e se estiverem infectados, o ideal é serem afastados de idosos, quem tem problemas cardíacos ou respiratórios graves, para evitar o contágio”, esclareceu.
Para a pediatra é importante continuar com as medidas de prevenção, uso de máscara e álcool em gel. Evitar aglomerações e contato com as pessoas consideradas grupos de risco.
“A situação pode ficar preocupante. Aqui ainda não temos superlotação, mas temos que ter cuidado porque os leitos são limitados e cada vez mais tendo mais casos o sistema pode falir. Hoje nós temos cinco crianças com suspeita na enfermeira, e uma na UTI.”
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade