Caso Ágatha

Após ter ambulância negada, mãe enfrenta dificuldade para levar filha acamada ao hospital em Feira de Santana

A pequena Ágatha Vitória, de 3 anos, faz uso de ventilação mecânica e só pode sair de casa em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) móvel.

Ágatha Vitória, de 3 anos
Ágatha Vitória, de 3 anos | Foto: Paulo José / Acorda Cidade

A moradora da Zona Rural de Feira de Santana, Simone Almeida, vive dias de verdadeira aflição após receber uma negativa ao solicitar uma ambulância para levar a filha a uma consulta médica. A pequena Ágatha Vitória, de 3 anos, enfrenta complicações após ter ficado sem oxigenação no momento do parto, condição que a medicina classifica como asfixia perinatal, e só pode sair de casa em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) móvel.

Ágatha está acamada e faz uso de ventilação mecânica, procedimento médico que ajuda ou substitui a respiração espontânea do paciente. A garotinha conta com Home Care, uma espécie de tratamento domiciliar, e tem suporte de enfermeiros 24h, porém, precisa passar regularmente por consultas no Hospital Estadual da Criança (HEC).

Um inacreditável “NÃO”

Em entrevista ao Acorda Cidade, Simone contou que há cerca de três anos vem solicitando ambulâncias sem enfrentar nenhum tipo de dificuldade, mas ficou surpresa ao receber um “não” após pedir o transporte da última vez, o que fez com que Ágatha perdesse uma consulta, no último dia 26, com um pneumologista, médico que trata de doenças que afetam os pulmões e as vias respiratórias.

Simone Almeida, mãe da pequena Ágatha Vitória
Simone Almeida, mãe da pequena Ágatha Vitória | Foto: Paulo José / Acorda Cidade

“Todo mês ela tem consulta no HEC, eu mando uma guia branca para o Home Care e eles solicitam uma UTI móvel. Da última vez, em menos de 24h, eles falaram que a Sesab [Secretaria de Saúde do Estado da Bahia] não liberou a ambulância porque a guia não é para pedir ambulância e sim para consulta. Há três anos eu uso essa mesma guia, como que agora não aceita? Eu temo perder as outras”, disse Simone.

A moradora da Fazenda Olhos D’água da Formiga, que fica no Distrito de Maria Quitéria, contou ao Acorda Cidade que, apesar de ter se acostumado com as dificuldades diárias que enfrenta no tratamento da filha, está muito preocupada com o que pode acontecer caso não consiga a ambulância.

“A gente tem que agradecer a Deus por tudo. Ela não pediu para vir ao mundo desse jeito, a gente tem que aceitar. É difícil, mas vou lutando e chamando por Deus. O meu medo maior é acontecer o pior, porque minha filha é uma paciente grave. Eu sei dos riscos que ela corre, eu já vi várias coisas acontecerem, então eu temo pela vida dela”, disse a mãe.

Mais uma dificuldade

Simone revelou que, além da dificuldade em conseguir uma ambulância, agora está tendo que conviver com a incerteza sobre onde, e de que forma, levar a filha em uma emergência. A mãe contou que Ágatha está há cerca de um mês com uma infecção no dispositivo de traqueostomia (TQT), procedimento cirúrgico no qual é feita uma abertura na garganta para levar o ar até os pulmões do paciente.

“Toda hora ela passa mal, já falei para o Home Care que ela precisa ser assistida, precisa ir para a emergência para ser avaliada e trocar a TQT, e ninguém até agora me deu uma resposta. Fui no HEC perguntar se atendia na emergência, eles disseram que sim, que a Agatha lá é porta aberta, que pode ir qualquer hora que atende e que faz a troca da TQT. Só que o Home Care insiste em dizer que não, que não atende. Agora eu não sei”.

Ágatha Vitória, de 3 anos
Ágatha Vitória, de 3 anos | Foto: Paulo José / Acorda Cidade

O apelo de uma mãe

Ao final da entrevista, Simone demonstrou toda a preocupação característica de uma mãe, potencializada pela condição delicada da própria filha, para fazer um apelo às autoridades responsáveis pela liberação da ambulância.

“Eu queria que eles dessem mais atenção a este caso. Porque quando se trata de saúde, o SUS é complicado. E a gente, mãe atípica, sofre muito com isso. Eu queria pedir o apoio de vocês, autoridades, para que possa dar um jeito nisso. Porque minha filha precisa ir para o hospital. Ela precisa ser atendida, precisa ir para a emergência trocar a TQT. Ela não pode ficar desse jeito. Ela já tomou antibiótico, continua tendo queda de saturação. Isso para ela é grave”, concluiu Simone.

O que diz a Sesab?

O Acorda Cidade entrou em contato com a Sesab solicitando um retorno sobre o caso. A secretaria informou que estava em tratativas com o município e, após a publicação desta matéria, respondeu que o caso foi resolvido. Leia a nota na íntegra abaixo:

A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informa que o caso da paciente Ágatha Vitória Santos Almeida, de 3 anos, foi resolvido. A criança já possui agendamento para avaliação com o cirurgião pediátrico Dr. Bruno Barros, na emergência do Hospital Estadual da Criança (HEC), no dia 11 de março, às 11h.

A Sesab esclarece que a paciente faz parte do programa de atenção domiciliar e que a equipe do Núcleo de Atenção Domiciliar (NAD) já providenciou a logística necessária para o transporte da criança na data marcada, garantindo que ela receba a assistência adequada.

A secretaria reforça o compromisso com o atendimento humanizado e eficaz às crianças que necessitam de cuidados especiais, e lamenta qualquer eventual dificuldade enfrentada pelos familiares no acesso ao serviço de transporte.

Matéria atualizada às 12:33 do dia 8 de março de 2025.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.

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