Gabriel Gonçalves
Com o surto de gripe que está atingindo o estado da Bahia, principalmente após as enchentes que foram provocadas pelas fortes chuvas na região Sul do estado, o Hospital Estadual da Criança (HEC) em Feira de Santana, passou a atender um quantitativo maior de pacientes com sintomas gripais.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o diretor-geral e cirurgião pediátrico da unidade hospitalar, Bruno Barros, explicou que todo o setor da emergência, está passando por um momento atípico, em que não era registrado neste período do mês de janeiro em anos anteriores.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
"Estamos passando por um momento delicado, não só aqui em Feira de Santana, mas na Bahia e de forma geral também, agravado pelas enchentes que nós tivemos no Sul do estado. Estamos com um período atípico, porque existe um grande número de pacientes com quadros respiratórios e com sintomas gripais, o que não acontece nesse período do ano, a gente costuma ter no período do inverno. A demanda de atendimento está aumentando aqui na emergência, inclusive com pacientes críticos, pacientes que necessitam de ventilação mecânica, necessitam de leitos de UTI, então comparado com anos anteriores, houve sim um grande aumento da procura pelo atendimento médico. Em média, estamos atendendo mais de 100 crianças aqui", destacou.
De acordo com o diretor-geral, o atendimento é específico para crianças desde o nascimento até adolescentes com 16 anos. Segundo ele, a preocupação maior da equipe médica, é com as crianças mais novas que possuem um calibre menor para respirar.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
"Hoje nós atendemos as crianças desde o nascimento até os adolescentes com 16 anos de idade, mas o grupo que mais nos preocupa é das crianças mais novas, aqueles pacientes que apresentam sintomas mais complexos e de gravidade pela própria condição da criança. A via respiratória da criança tem um calibre menor, e estes costumam ser mais hiperativos, então com sintoma gripal, existe essa dificuldade maior da criança poder respirar, além disso, associamos com outras patologias, como é o caso da asma. Muitas crianças sofrem com este tipo de problema a medida que esta criança se contamina, outras doenças secundárias podem surgir, a exemplo de infecções bacterianas, derrame pleural, que é o líquido fora do pulmão e às vezes precisa de uma drenagem e neste caso, a criança necessita da ventilação mecânica", informou.
A secretaria municipal de Saúde (SMS) está investigando a causa da morte de uma criança de quatro anos de idade e um homem de 49, que testaram positivo para a gripe H3N2.
A criança morreu no dia 29 de dezembro no HEC, e apresentava uma comorbidade neurológica grave após ter sofrido um acidente de carro.
Ao Acorda Cidade, o diretor-geral, Bruno Barros, explicou que a causa principal da morte da criança, foi decorrente à complicações no cérebro e após constatação do óbito, foi confirmado que a criança também teria testado positivo para a gripe H3N2.
"Essa criança deu entrada em nossa unidade não por uma patologia respiratória, mas por uma patologia cerebral, e que no caso foi grave, avançando para uma hipertensão intracraniana com sérias complicações. Portanto, o problema fez com que essa criança tivesse uma morte encefálica e durante a investigação posterior ao óbito, foi testado no painel viral e identificou que ela também tinha a infecção concomitante de H3N2", explicou.
No dia de ontem (5), o prefeito Colbert Martins informou que um surto de H3N2 foi confirmado no Hospital Estadual da Criança, mas em nota, a direção da unidade explicou que do mês de dezembro até esta quinta-feira (6), 44 casos foram confirmados para a doença, mas apenas três servidores ainda estão com o vírus e os outros já retornaram às atividades e a situação permanece sob controle.
De acordo com o médico e diretor geral, a medida em que os servidores apresentam sintomas gripais, testes são feitos e em caso positivo, os mesmos são afastados.
"A infecção está para todos, não apenas para os pacientes. Os servidores que apresentam os sintomas gripais, são testados e em caso positivo, são afastados para cumprirem o período de quarentena em casa. Essas infecções não estão acontecendo em momentos isolados, mas sim, ao longo do tempo. Dos 44 infectados, apenas três ainda não retornaram para as atividades", destacou.
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Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade