Covid-19

'A vacina não é passaporte da imunidade', alerta infectologista baiano

O médico Adriano Oliveira enfatiza que uma pessoa imunizada pode transmitir o vírus e que é preciso manter os cuidados até que a pandemia seja controlada. "O vírus está sempre um passo à nossa frente", adverte.

Acorda Cidade

A caminhada para vencer o vírus ainda é longa e depende de uma vacinação mais rápida, da manutenção de medidas sanitárias e da conscientização da população. “Nenhuma vacina contra Covid-19 garante 100% de proteção, o indivíduo vacinado pode se contaminar ficar assintomático ou ter a forma leve da doença e assim continuar transmitindo para outras pessoas”, explica o infectologista Adriano Oliveira, que desde o início da pandemia atua na linha de frente de combate ao novo Coronavírus. “A vacina não é passaporte de imunidade, é fundamental continuar com todos os cuidados como uso de máscara, lavagem de mãos e distanciamento social”, ressalta o médico. Ele também lembra que após a aplicação da vacina, o sistema imunológico leva semanas para produzir a imunidade desejada.

Segundo o infectologista, o descontrole da pandemia no Brasil pode ser atribuído a um conjunto de fatores: “A demora na vacinação, as variantes mais transmissíveis e a mudança de comportamento dos mais jovens, que se soltaram e passaram a se expor como se nada estivesse acontecendo, levaram o Brasil a essa situação atual com tantas centenas de morte por dia”.

“O que está faltando para o cidadão entender a situação?”, reflete o infectologista Adriano Oliveira. “Parece que as pessoas criaram uma insensibilidade à informação, elas normalizam as mortes e insistem em descumprir as medidas sanitárias como se nada estivesse acontecendo”, desabafa o especialista. “Estamos em uma situação de calamidade pública”, afirma o médico.

“O vírus parece sempre estar a vários passos a nossa frente”, afirma o médico ao falar sobre as variantes do novo Coronavírus. “Quanto mais as pessoas ignoram o vírus, mais se contaminam e quanto mais o vírus circula, mais variantes surgem”, enfatiza o médico ao explicar sobre o risco de surgimento de cepas mais potentes e resistentes aos anticorpos neutralizantes produzidos pelas vacinas e por outras variantes genéticas

“A medida em que o vírus é transmitido ele vai sofrendo pequenas mutações em seu código genético, por isso quanto mais ele circular, maior a possibilidade de que surjam novas cepas”, explica Adriano Oliveira. “Cada vez que o virus se divide ele cria uma oportunidade de surgimento de novas variantes. Portanto, a melhor forma de impedir o surgimento de novas cepas virais é, sim, bloquear a transmissão por medidas de distanciamento, higiênicas ou por vacinas”

"Estamos lidando ainda com o desconhecido e para conseguirmos controlar a pandemia é fundamental que todos redobrem os cuidados”, afirma o médico.

Avanços no tratamento

Além do desenvolvimento de inúmeras vacinas seguras e eficazes, que já têm ajudado a reduzir o número de internações em vários países, a ciência e a medicina avançaram bastante no enfrentamento do novo Coronavírus, de março de 2020, quando a OMS declarou a pandemia, para hoje.

O manejo do paciente evoluiu bastante, com o uso de algumas drogas comprovadamente seguras e eficientes, como os corticoides, aprimoramento de técnicas de ventilação mecânica e técnicas usadas na medicina intensiva (UTI). “Isso significa menos tempo de internação e mais vidas salvas”, afirma Adriano Oliveira. 

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