No Brasil, estima-se que cerca de 50 milhões de pessoas convivam com hipertensão arterial, uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Também conhecida de pressão alta, ela acontece quando os valores, máximos e mínimos, são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (14 por 9). Neste Dia Mundial da doença, 17 de maio, conversamos com o cardiologista para alertar sobre a importância de prevenir e tratar esse mal que atinge e afeta cotidiano das pessoas.
Ao Acorda Cidade, o médico cardiologista, Edval Gomes, trouxe detalhes bastante explicativos em relação à doença. Segundo ele, pressão alta funciona da mesma forma em que colocamos algum líquido dentro de um tubo. Vai haver a pressão dentro do vaso, assim como, com o nosso corpo, com veias, vasos e artérias. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 300 pessoas morrem por dia por hipertensão no país.
Como acontece?
O ideal de uma boa pressão arterial seria de 12/8. Quando esses índices sobem, principalmente, chegando a 14/9, já é considerada a hipertensão e isso traz alterações ao organismo. O bombeamento de sangue mais forte aumenta o recebimento pelos órgãos.
“O corpo precisa se adaptar a essa pressão elevada e ele modifica a nossa estrutura, dos nossos órgãos. Então, o coração altera, às vezes pode até dilatar, o rim pode passar por mudanças e a gente desenvolver a insuficiência renal. A circulação do organismo, as artérias das pernas e de outros órgãos também se alteram e a gente pode desenvolver doença arterial periférica”, explicou.
Para o médico, as complicações mais graves e comuns são aquelas ligadas ao coração e ao cérebro, que causam o infarto do miocárdio e o AVC (Acidente Vascular Cerebral). A pressão alta também pode acometer doenças oftalmológicas.
Causas
Conforme o Ministério da Saúde, 90% dos casos são herdados pelos pais. Mas, maus hábitos também influenciam no surgimento da doença. Estudos na especialidade revelam que pessoas da raça negra, diabéticos e idosos podem sofrer uma incidência maior. Pessoas de 35 a 55 anos também são mais acometidas, apesar de que, em qualquer faixa etária da vida, a pessoa pode desenvolver a doença.
Fumo;
Consumo de bebidas alcoólicas;
Obesidade;
Estresse;
Elevado consumo de sal;
Níveis altos de colesterol;
Falta de atividade física.
“As doenças microvasculares e macrovasculares acometem tanto homens quanto mulheres. Ela acomete mais as pessoas com mais idade. Então, a relação é mais com o envelhecimento propriamente dito do que com o sexo do indivíduo. À medida que a gente envelhece, as complicações começam a aumentar cada vez mais. Primeiro, a hipertensão fica mais comum. A cada década é maior a chance de se tornar hipertenso”, observou o doutor.
Prevenção
Além de evitar os maus hábitos citados como fumar e não praticar exercício físico, realizar a aferição da pressão é fundamental para prevenir e acompanhar o andamento da saúde corporal.
“O ideal da nossa pressão é 12 por 8. Quando passa disso, começa a andar inicialmente até 14/9 como uma pré-hipertensão. O indivíduo está sob risco de desenvolver hipertensão de complicações. Já é preciso um atendimento e exames mais frequentes, por exemplo, fazendo o mapa de pressão. De 14 até 16 já é uma hipertensão leve, estágio 1. De 16 a 18 é uma intermediária, estágio 2 e acima de 18 sistólica, a mais importante e séria, estágio 3”, explicou.
Tanto para prevenir como forma de tratamento, pacientes devem regular seu estilo de vida para algo mais saudável, balanceando a alimentação, longe de comidas processadas, realizando exercícios físicos, como caminhada e corridas, além de não fumar e fazer o uso de bebidas alcoólicas.
“Movimentar é importante para qualquer indivíduo, sobretudo para o hipertenso. Reduzir a carga de calorias, diminuir o sal, embutidos, enlatados, gorduras e fazer uma alimentação mais natural, à base de frutas, verduras e carnes magras. Ter cuidado com o estresse, tentar tomar medidas que organizem a vida dentro do possível. Aquela pessoa que é tabagista tem que largar o cigarro, que usam cigarro eletrônico, não façam isso, abandone já. O álcool em excesso também é um grande problema”.
Sintomas e Diagnóstico
Quem desenvolve a doença pode não ter sinais de alerta, nem sintomas; por isso, é importante ressaltar a necessidade de se aferir a pressão pelo menos uma vez por ano. Geralmente, pessoas mais idosas têm um aparelho em casa, em algumas farmácias e nos postos de saúde o serviço é rápido e gratuito.
Quando a pressão sobe muito sinais como dores no peito, de cabeça, tonturas, zumbidos no ouvido, fraqueza, sangramento nasal e visão embaçada podem surgir.
Embora sejam simples os cuidados com a hipertensão, ainda falta informação e conscientização da população sobre os riscos da doença no geral. As pessoas só aferem a pressão caso estejam passando mal e isto é errado. Segundo o cardiologista, cerca de 30% dos hipertensos sabem que têm a doença e esse é um desafio importante.
“Primeiro as pessoas não querem fazer o diagnóstico e quando faz, ele se cuida um mês, dois meses e depois para. Então, a conscientização de que é uma doença crônica que não tem cura, mas que o tratamento é eficiente, tem mínimos efeitos colaterais e protege demais as pessoas, sobretudo a longo prazo, lá na frente”, acrescentou.
Além disso, a palpitação, a sensação do coração acelerando, na grande maioria das vezes essa é uma situação emocional ou em circunstâncias de susto, de esforço. Edval explicou que pode ser confundido com a pressão alta. Ele também pontuou quando essa aceleração pode indicar algo.
“Para algumas pessoas pode ser uma arritmia. Preocupa quando a palpitação está associada a algum outro sintoma, como dor no peito, desmaio, quando é uma palpitação demorada, mais de 15 minutos. Quando gera falta de ar. Quando essa palpitação ocorre no adulto, sobretudo quando ele acumula outros problemas de coração”.
Outros problemas de saúde podem confundir e também trazer essa aceleração, como anemia e doenças de tireoide.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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