Laiane Cruz
O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) registrou de 1º de janeiro até a última quarta-feira (10), 112 casos de pessoas que foram vítimas de mordidas de animais domésticos e silvestres e picadas de animais peçonhentos.
De acordo com Gerusa Scher Vieira Sena, enfermeira coordenadora do núcleo hospitalar de epidemiologia do hospital, o Clériston é a unidade referência em Feira e região para ofertar o uso do soro antirrábico ou antipeçonhento
“A gente tem os animais peçonhentos, entre escorpiões, cobra, abelha, aranha, e temos também os animais portadores do vírus da raiva, como cachorro, gatos, morcegos, raposas. Quando se trata de animais peçonhentos, o maior número que nós temos está relacionado a escorpiões, justamente por conta de locais onde tem entulhos, restos de construções. E em relação ao atendimento antirrábico temos uma quantidade grande em relação aos cães, mas a maioria é de cães conhecidos, passíveis de observação. Temos também muitos casos de vítimas de mordida de morcego e raposa, principalmente na zona rural”, informou a coordenadora do núcleo.
Ela informou que nos casos envolvendo mordida de cachorros, a maioria é de cães domésticos, mas existem situações de cães de rua em que não é possível fazer a observação e tem que se fazer o uso do soro antirrábico. Já em relação a animais peçonhentos, os casos também estão muitos associados com os acidentes com cobras, como a jararaca, cascavel, onde há necessidade do uso do soro específico pra espécie, além das situações de animais silvestres.
“Quando as pessoas são acometidas por acidentes com animais peçonhentos ou animais passíveis do vírus da raiva vão ao Clériston, geralmente chegam com prazo de três horas. Esse paciente é avaliado clinicamente e pela história que ele conta, o médico decide de acordo com os protocolos se é passível de usar o soro. Ele passa por uma triagem e o médico vai decidir. No ano passado tivemos apenas um caso de óbito, de uma paciente idosa que foi acometida por picada de abelha”, explicou.
Abandono de animais
De acordo com a responsável técnica pelo Centro de Zoonoses de Feira de Santana, Mirza Cordeiro, muitos casos de mordidas envolvendo cães e gatos ocorrem devido à situação de abandono desses animais em vias públicas ou que foram soltos por seus proprietários para fazer suas necessidades fisiológicas na rua.
“A gente tem um problema que ocorre na maioria dos centros urbanos, que é o número crescente de animais abandonados em vias públicas. Não só cães e gatos, mas também de outros animais, pois infelizmente a gente tem a conduta das pessoas de não tratar bem ou não ter uma guarda responsável dos seus animais. Os animais têm que ser domiciliados. Nós estamos vivendo hoje em um grande centro urbano, que não condiz mais deixar animais soltos em vias públicas”, destacou.
Ela considera errada a conduta de deixar animais soltos em vias públicas, pois nesse espaço de tempo esse animal pode vir a agredir uma pessoa.
“Por isso que o animal precisa estar vacinado. A pessoa tem que estar com o porte do cartão de vacinação para evitar algumas coisas. Muitas vezes a gente verifica que o animal tem proprietário, mas pela conduta errada de deixar o animal solto para fazer suas necessidades, acontecem muitas agressões”, explicou.
Ela esclareceu que, com relação aos animais agressores, é feito um acompanhamento de 10 dias desses animais, que pode ser no domicílio da pessoa responsável ou o animal pode ser encaminhado ao centro de zoonoses.
“Se for animal de rua, ele é encaminhado para o centro, porque o nosso papel é realmente a remoção dos animais agressores, para observação da raiva. O Centro de Zoonoses não é um abrigo de animais. Nós temos a função de controlar as zoonoses, então tem coisas que não são pertinentes às nossas atribuições, como atendimento clínico e cirúrgico. Nós realmente vamos até o domicílio das pessoas quanto tiver algo relacionado às doenças zoonóticas”, salientou Mirza Cordeiro.
Ela disse também que o programa desenvolvido pelo Centro de Zoonoses envolve tanto a parte animal quanto a parte humana.
“Existe esse controle com essas duas vigilâncias. Então quando uma pessoa é agredida por um animal ela vai até o Centro de Referência da Raiva Humana, que é o no CSE, e a gente tem esse controle desses dez dias para liberar o paciente da vacinação ou não. Existe esse controle para que o paciente não venha a ter nenhum dano com relação a zoonoses”, finalizou.
Acidentes com animais peçonhentos 2021
Janeiro – 79 casos
Escorpião – 54
Cobra – 12
Aranha – 10
Abelha – 02
Não identificado – 01
Fevereiro até 10/02 – 22 casos
Escorpião – 15
Cobra – 04
Aranha – 01
Não identificado – 01
Acidentes com animais peçonhentos 2020 – total 689 casos no ano
Janeiro – 56 casos
Escorpião – 42
Cobra – 10
Aranha – 02
Não identificado – 02
Fevereiro – 120 casos
Escorpião – 89
Cobra – 15
Aranha – 13
Não identificado – 03
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade