Daniela Cardoso
O candidato ao governo da Bahia pelo PT, Rui Costa, foi o entrevistado desta quarta-feira (13), dando sequência à série de entrevistas realizada pelo Acorda Cidade, no projeto Eleições 2014. Na terça-feira (12), ouvimos as propostas do candidato do PSOL, Marcos Mendes. Amanhã, será entrevistado o candidato Rogério Da Luz, do PRTB; na sexta, Paulo Souto, do DEM; e, no sábado, Lídice da Mata, do PSB.
Acorda Cidade: Quem é Rui Costa?
Rui Costa: Sou filho de um metalúrgico e minha mãe, já falecida, era doceira e dona de casa. Tenho três irmãos. Sou filho de uma família humilde e ao longo da vida sempre estudei em escolas públicas. Fiz o curso de Economia e comecei minha militância política no movimento social no Sindicato dos Químicos e Petroquímicos de Camaçari. Depois disso, fui vereador de Salvador por dois mandatos, sendo que no último fui o mais votado do PT (Partido dos Trabalhadores) com 9 mil votos e, em seguida, assumi por duas vezes uma secretaria de estado. Atualmente sou deputado federal, o mais votado da nossa coligação com 212 mil acvotos.
AC: Quais são as propostas do senhor para Feira de Santana?
Rui Costa: Eu penso na proposta de uma nova Feira de Santana. Chamo de nova Feira de Santana, pelo conjunto de intervenções planejadas para essa cidade. O estado da Bahia, durante muitos anos, ficou sem planejamento. O último grande planejador do nosso estado foi Rômulo Almeida, que pensou o polo petroquímico de Camaçari. Depois disso, o estado parou. Não fez um planejamento de médio e longo prazo e, portanto, ficou governando sempre com propostas de curto prazo e a Bahia, assim como Feira, não crescerá, não será competitiva, se não der saltos na infraestrutura e no desenvolvimento. Feira de Santana é uma cidade muito bem localizada, cortada por três BRs, que estão sendo e serão duplicadas ao longo dos próximos anos. A ordem de serviço da duplicação da BR-116/Norte será dada entre essa semana e a próxima pelo Ministro dos Transportes e o governador Jaques Wagner. A duplicação da BR-101 de Feira até a divisa de Sergipe também terá a ordem de serviço dada com obra iniciando imediatamente. A primeira etapa do aeroporto está concluída e nós já estamos dialogando com a empresa Azul para colocar voos regionais, mas essa é apenas a primeira parte. Nosso projeto que entregamos ao governo federal é de quase 400 milhões de reais para transformar Feira de Santana no grande polo logístico do Nordeste, ou seja, para cargas que venham do Sudeste, do mercado internacional e se destine a outras cidades do Nordeste. Aqui seria o ponto de encontro e este aeroporto, nós queremos capacitá-lo para carga e também para ser terminal de passageiros. A presidente Dilma Rousseff lançou um projeto de logística para o Brasil e nesse projeto tem a ferrovia que vai sair de Belo Horizonte, chegando até Feira de Santana. Essa ferrovia quando chegar em Feira terá um ramal que vai até o Porto de Aratu, ou seja, Feira estará conectada por ferrovia ao Porto de Aratu, e eu diria mais, ao Porto Sul também, que estamos construindo em Ilhéus. Ainda quando eu estava na Casa Civil, formalizei junto ao Ministério dos Transportes, e já tive a oportunidade de conversar com a nossa presidente, que este ramal de ferrovia que vai para o porto, segue margeando a BR-324 e na altura de Candeias ele entra para o Porto de Aratu. Pedimos para que, além de ele entrar nesse porto, siga até o viaduto de Águas Claras, em Salvador, para que possamos colocar o trem de passageiros de alta velocidade e ele seja conectado à estação do metrô, que já está funcionando, e terá 41km chegando à estação junto ao viaduto de Águas Claras, onde terá a rodoviária de Salvador. Tem a proposta ainda do novo hospital para Feira de Santana, que vai substituir o Clériston Andrade. Eu pretendo iniciar essa obra ainda no primeiro ano de governo. Esse hospital será ao lado do Hospital da Criança. Vamos ainda fazer o complexo de viaduto da Avenida Nóide Cerqueira com a BR-324. Já tenho a concepção e o desenho básico da via expressa do aeroporto de Feira de Santana, que será uma avenida no padrão de BR para carga, que vai sair no sentido Feira, logo depois do viaduto da BR-101. Com esse conjunto de intervenções, eu capacito Feira para que ela seja uma das principais cidades do país na competitividade para atrair investimentos, porque o modelo de incentivo fiscal para atrair empresas, está se esgotando.
AC: A construção de um novo hospital será mesmo viável?
Rui Costa: Eu nunca afirmo algo que eu tenha dúvidas ou que eu não vá fazer. Eu disse que vou fazer o hospital de Feira e disse que as obras serão iniciadas no primeiro ano de governo, porque considero uma prioridade. Mais do que um novo hospital, quero construir uma rede na área de saúde em Feira. Quero também regionalizar o atendimento na saúde. Não faz sentido que as pessoas de outras cidades que têm um trauma e precisam de um cirurgia de ortopedia venham para Feira de Santana. Os hospitais de cada região têm que ser adequados, capacitados para que as cirurgias sejam feitas em cada região e não superlotar o hospital de Feira de Santana. Também pretendo investir em outros tipos de tratamento. Não faz sentido as pessoas viajarem 700 quilômetros para fazer um tratamento. Eu vou implantar até o final do meu mandato atendimento regionalizado para tratamento contra o câncer. Quero abrir hospitais especiais para isso, contratar serviços da rede particular, portanto a minha meta é regionalizar e qualificar a saúde, para que os grandes centros como Feira e Salvador não superlotem com a demanda regional.
AC: Quais são suas propostas para o Centro de Convenções e o Polo Logístico?
Rui Costa: O Polo Logístico vamos construir em parceria com a iniciativa privada. Algumas coisas não precisam de recursos do estado, pois a iniciativa privada responde. Com esse conjunto de intervenções, nós não teremos só um, mas alguns polos terão interesse porque é uma coisa rentável. O teatro do Centro de Convenções fica pronto ainda esse ano e tenho que ressaltar que o projeto estrutural estava errado. Nós licitamos o mesmo projeto que existia e quando a empresa que ganhou a licitação foi analisar, informou que faltavam algumas coisas. Por isso tivemos que recuar e refazer o projeto estrutural do teatro, mas o secretário de Cultura me garantiu que até o final do ano o governador inaugura essa primeira etapa. A segunda etapa, que é o Centro de Convenções, é um compromisso meu e vamos fazer buscando uma parceria na iniciativa privada para assumir a gestão.
AC: Ao ter o nome escolhido pelo governador Jaques Wagner, para disputar a eleição, muito se comentou sobre o desconhecimento da população baiana ao seu respeito. A essa altura, os eleitores já sabem quem é Rui Costa?
Durante aquelas manifestações que ocorreram no ano passado, as pessoas clamaram por uma nova prática política. As pessoas querem renovação, ideias e pessoas novas. Querem um jeito novo de fazer política e não aquele jeito tradicional de promessas não cumpridas, de políticos de sorriso largo e pouca ação. Se nós não tivermos sempre pessoas novas, não será possível uma renovação. São 10 milhões de eleitores na Bahia e só tem duas ferramentas para que o candidato se torne conhecido, que é rádio e TV. A partir do dia 20, quando começa o horário eleitoral, teremos a oportunidade de apresentar nossas propostas. Teremos os debates, que permite o eleitor fazer as comparações e a partir daí ele deve tomar sua decisão. O desconhecimento não me assusta.
AC: Um ouvinte não está confiante com a ferrovia, o que o senhor tem a dizer sobre isso?
Rui Costa: Muita gente também tinha descrença com relação ao metrô de Salvador, que ficou durante 12 anos na mão do município, um erro grave cometido no passado, porque metrô é para estar na responsabilidade do Estado. O Estado chamou para si a responsabilidade e o governador me perguntou em quanto tempo eu colocaria o metrô funcionando, caso ele puxasse a responsabilidade para o Estado. Eu respondi a ele que em um ano. Dia 11 de junho o metrô começou a funcionar e nós estamos em obra, pois o modelo que eu licitei é de Parceria Público Privada (PPP). A mesma coisa será com Feira. Durante muitos anos a Bahia não teve grandes projetos, porque outros foram pessimistas. Eu estou dando prazos. A ferrovia está no plano logístico da presidenta e irei iniciar durante meu mandato. Posso afirmar isso, pois tenho convicção de que a presidente tem clareza que só com ferrovias vamos tornar o país e o Nordeste competitivos para atrair empresas. Pessoas pessimistas não constroem obras grandes. As maiores obras construídas no mundo foram feitas por pessoas determinadas, que colocam objetivos e buscam alcançá-los. Eu sempre fui uma pessoa otimista e muito determinada. Eu não descanso enquanto não alcançar meus objetivos.
AC: Que avaliação o senhor faz das pesquisas de intenções de voto para candidatos ao governo da Bahia?
Rui Costa: Vocês se lembram que em 2006, na véspera da eleição do governador Jaques Wagner, um jornal divulgou que ele não iria nem para o segundo turno. Quando abriu a urna no dia seguinte, ele foi eleito no primeiro turno. Em 2010 o mesmo instituto divulgou, mais uma vez na véspera da eleição, que o candidato Walter Pinheiro seria o terceiro colocado entre os senadores. 24h depois, quando abriu a urna, Pinheiro foi o senador mais votado na Bahia, com uma frente de quase 12 milhões de votos para o terceiro colocado. Agora eu pergunto: ‘Isso é um erro técnico da pesquisa ou é a intenção de desviar e orientar a vontade do eleitor?’. Tem eleitores que gostam de votar em quem vai ganhar e essa é uma forma de direcionar a vontade das pessoas. Eu deixo que as pessoas reflitam sobre isso e tomem suas próprias conclusões. Eu não estou preocupado com pesquisa. Foi divulgada uma hoje, onde aponta, quando as pessoas identificam que eu sou o candidato de relações com Lula e Dilma, 28% das intenções para mim. Eu ainda apareço com uma taxa de desconhecimento de em média 50%, portanto a campanha nem começou. Os especialistas em eleição dizem que pesquisa só pode ser levada a sério 15 dias após o horário eleitoral, quando o eleitor já formou as primeiras impressões e começa a definir o voto.
AC: O senhor tem algum projeto para a Embasa?
Rui Costa: Sim. Vou fazer mudanças para melhorar o desempenho da Embasa. Durante mais de 10 anos a Embasa ficou com um padrão de investimento muito tímido. Só a partir de 2007, com a chegada de Wagner é que há um crescimento. O maior investimento na história da Embasa foi em 2012. Só aqui em Feira, temos mais de 300 milhões de investimento.
AC: E para os municípios da região de Feira, o que está previsto no plano de governo do senhor? E sobre a mobilidade urbana?
Rui Costa: Em todas as cidades do entorno de Feira, as pessoas olhavam com desconfiança o crescimento do município, pois na medida em que Feira crescia, houve uma diminuição das cidades do entorno, então era como se Feira estivesse sugando as energias e também a população. Mas com esse conjunto de investimentos que vamos fazer em Feira, a realidade muda e as cidades do entorno também começam a ser beneficiadas. Hoje isso já é visível. São Gonçalo dos Campos, por exemplo, já começa a se beneficiar. Com os grandes projetos, inclusive com o novo Parque Industrial de Feira, onde nós queremos localizá-lo próximo ao aeroporto, todos serão beneficiados.
AC: O senhor afirma que pretende expandir a educação profissionalizante. Como?
Rui Costa: Antes só tinha uma escola técnica na Bahia. Depois de Lula, Dilma e Wagner, podemos comemorar, pois até dezembro teremos 30 institutos federais de educação tecnológica federais, que oferecem não só curso técnico, mas também curso superior. Wagner quando entrou, só encontrou 4 mil matrículas em 2007 em toda a Bahia. Hoje tem 69 mil alunos matriculados. Eu coloquei a meta de 150 mil vagas do ensino profissionalizante. Todo aluno que fizer curso profissionalizante na rede estadual terá um estágio garantido. Muitas empresas têm incentivo fiscal para se instalar na Bahia, muitas têm financiamento de bancos públicos e mesmo outras que não tenham, eu vou chamar a responsabilidade social e vou pedir que elas ofertem vagas. Mandarei um projeto de lei, tornando isso obrigatório para quem tem incentivo fiscal na Bahia. Ainda na área da educação, eu constatei que muitos jovens de origem humilde estão tendo dificuldade em se manter na universidade, por questões financeiras. As universidades têm feito esforço para ajudar, mas eu resolvi colocar no meu plano de governo a criação de uma assistência estudantil. É uma bolsa de estudo para que o estudante que tiver família de baixa renda possa concluir o curso. O dinheiro para isto virá do Fundo de Combate à Pobreza, que já existe, e é utilizado para financiar projetos sociais.
AC: Se o senhor for eleito vai convocar os candidatos excedentes do concurso da Polícia Militar?
Rui Costa: Não só da PM, como vamos ampliar o quadro da Polícia Civil. Na área de segurança eu pretendo reforçar o policiamento, aumentando o contingente. Eu pretendo fazer uma parceria com os empresários e com as prefeituras para aumentar o monitoramento das cidades, através de câmeras. Também vou criar pelotões específicos, como na PM onde vou criar o Bope, para combater as quadrilhas organizadas, e no interior criar mais três pelotões especiais.