Laiane Cruz e Gabriel Gonçalves
O segundo depoente convocado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga supostas irregularidades na distribuição de cestas básicas durante a eleição de 2020 pela prefeitura de Feira, Emerson Tavares, informou na manhã de hoje (21), durante seu discurso na tribuna da Câmara de Vereadores, que desconhece os critérios que foram utilizados pela Secretaria de Desenvolvimento (Sedeso) na escolha das associações que receberam os alimentos à época e que desconhece se houve distribuição dos alimentos em troca de votos.
Segundo ele, naquele período, ocupava o cargo de chefe da Divisão de Juventude da Sedeso, e que os responsáveis por gerir o processo de compra e distribuição das cestas era do diretor da divisão básica, Cristiano Queiroz, e o secretário à época, Pablo Roberto.
“Eu respondi com muita clareza e muita verdade as perguntas que foram feitas. Respondi aquilo a que cabia a mim responder, e o que eu não sabia eu disse que era pra eles perguntarem às pessoas aos interessados na CPI, que era o secretário Pablo Roberto e o diretor da assistência básica, que era Cristiano (Queiroz) na época. Em nenhum momento fui responsável pela distribuição das cestas. O responsável era Cristiano, que junto com a equipe técnica, é quem fazia a avaliação e olhava os critérios de quem tinha que receber as cestas. Eu não soube se houve doação de cestas”, afirmou em entrevista ao Acorda Cidade.
Segundo Emerson Tavares, ele participa de um grupo político e é aliado a Pablo Roberto. “E diretamente eu pedi a voto a Pedro Américo, porque é uma pessoa que eu confio no trabalho e acho sincero, e eu sei que ele tem um grande projeto pra comunidade de Feira de Santana e é muito honesto.”
Ele disse ainda que está tranquilo em relação à investigação. “Na verdade há um ditado que a gente tem que ser igual a massa de pão, que quanto mais toma pancada mais vai se fortalecendo. Eu já ando preparado. Estou bastante tranquilo. Eu entrei na prefeitura em 2019 e fui nomeado para Sedeso, quando Pablo foi.”
Rixa antiga
O depoente declarou também que não sabia por que havia sido chamado a depor na CPI, mas acredita que o vereador Paulão o tenha citado em decorrência de uma rixa antiga, e denominou o ato como vingança.
Ele então contou aos vereadores que quando tinha 15 anos de idade, se envolveu num acidente ao dirigir o carro do pai e bateu no carro do vizinho, que é o vereador Paulão. “Ele chegou e me falou um monte de coisas, que meu pai iria pagar o prejuízo. Eu dei um chute na canela dele, e ele disse que um dia eu iria pagar. Ele é meu vizinho de bairro. Então acredito que esse dia chegou, e ele usou essa tribuna, que é para utilização e benfeitoria do povo. Usou essa tribuna para falar de mim, inverdades que eu nunca fiz”, disse.
Contradições
A relatora da CPI, a vereadora Eremita Mota (PSDB), informou à reportagem do Acorda Cidade que durante o depoimento Emerson Tavares se mostrou em determinados momentos inseguro com a fala, entrando em contradições.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"A gente considera um depoimento normal, porque quando uma pessoa está dentro de uma CPI, ela tem o direito de responder tudo aqui que deve ser respondido, de acordo com o documento que é assinado. Se ele cometeu algum deslize, se ele falou algo que não estava dentro daqui, que ele se comprometeu a dizer, este é um problema dele. Dentro das perguntas que foram feitas, nós detectamos algumas falas distorcidas, algumas inverdades, o que chamamos de contradição. Iremos nos reunir na próxima segunda-feira, ouvir por completa toda a gravação, identificar essas contradições, mas tudo isso faz parte da CPI. Estamos também acompanhando a CPI no congresso, esta é uma situação que estamos vivenciando e, a cada dia, vamos também aprendendo", afirmou.
O vereador Lulinha (DEM) informou à reportagem do Acorda Cidade que Emerson Tavares nem deveria estar depondo na Câmara Municipal. De acordo com ele, Emerson foi convidado a depor por conta de uma briga interna com o vereador Paulão (PSC).
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"Emerson veio aqui como convidado, mas não era nem para ele estar aqui hoje. Ele teve uma briga interna com o mentor da CPI, Paulão, que aqui na casa foi votado com requerimento pedindo exoneração desse rapaz, uma briga interna com uma questão de cheque sem fundo, teve a questão do leite do Feira IX e não tinha nada relacionado com cesta básica. Tentaram colocar Emerson em uma 'arapuca', obrigando Emerson a confessar algo que ele não fez. A gente viu aí Silvio Dias, dando uma de inspetor da Polícia Federal, por várias vezes fazendo o mesmo questionamento, fazendo a pergunta várias vezes, como se o rapaz fosse bandido, mas ele não é bandido", afirmou.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade