Eleições 2012

Facebook, Twitter e blogs falsos viram armas para atacar candidatos

Coordenadores de campanha de Neto e Pelegrino repudiam o uso da internet para disseminar boataria

 

Acorda Cidade
 
Campanha difamatória, boatos com fotos, notícias e montagem de vídeos sem identificação do autor. Nada disso é novidade em campanhas eleitorais, mas ganhou novo campo com a ampliação do uso das redes sociais. Em Salvador, perfis falsos no Facebook e Twitter, além de blogs apócrifos, servem de munição para ataques contra ACM Neto (DEM) e Nelson Pelegrino (PT), com material que é compartilhado entre grupos de usuários, o que gera dor de cabeça para os candidatos.
 
No Facebook, rede social mais popular do país, os candidatos são vítimas de dois perfis falsos (no jargão em inglês, fakes). O democrata é atacado através do ‘Netinho Chateado’ e ‘ACM Neto Depressão’. o petista sofre com o ‘Solta a Língua, Pelegrino’ e o ‘Pelegrino Linguinha’. Nesses perfis, infográficos e fotomontagens repetem acusações que são trocadas durante a campanha.
 
Entre elas, as polêmicas envolvendo as cotas e o helicóptero do governador Jaques Wagner. Mas vão além. De forma debochada, contra ACM Neto, por exemplo, acusações de envolvimento com o mensalão do ex-governador cassado do Distrito Federal, José Roberto Arruda. o petista é relacionado à morte do servidor Neylton Souto da Silveira, em 2007, em uma paródia da novela Avenida Brasil, da Rede Globo.
 
No Twitter, a ação é mais orquestrada e, em geral, difícil de ser identificada. A estratégia é criar diversos perfis fakes, mas que tentam passar a aparência de pessoas que realmente existem. Esses perfis tentam interagir com candidatos adversários e seus adeptos como se fossem eleitores indecisos, apresentando argumentações e dúvidas.
 
“As agências utilizam essas contas para fazer um monitoramento, para saber qual o perfil do seguidor do candidato adversário, como podem contra-argumentar, e faz com o que o candidato se exponha em argumentações, e muitas vezes eles acabam tomando um xeque-mate”, explicou o professor Camilo Aggio, doutor em campanhas online. Segundo ele, o sucesso ou fracasso dessas argumentações na internet servem como laboratório para balizar mudanças na orientação da campanha como um todo.
 
Anonimato
As coordenações de campanhas dos dois candidatos negam a autoria dos ataques online e repudiam seu uso. “É uma sequela das redes sociais, expressa a covardia de quem faz, não tem coragem de falar pela frente suas opiniões, não espaço para o contraditório, à  discussão”, disse Antônio do Carmo, responsável pela campanha de Pelegrino na internet.
 
“Procuramos monitorar o ambiente online com estratégias de palavras-chave, nunca com perfis falsos. Interagimos com perfis que valem a pena, que realmente estão com dúvidas, que querem saber mais sobre propostas ou têm críticas construtivas. Os outros, bloqueamos, ignoramos ou denunciamos”, completou Pascoal Gomes, marqueteiro da campanha de ACM Neto.
 
O responsável pela campanha petista reclama da utilização de blogs com conteúdo difamatório, que chegam a anunciar seus links em grandes portais do país. “O Triste Bahia é uma coisa monstruosa, porque ele manipula todas as notícias e faz parecer que é verdadeiro”, avalia.
 
Alcance
A repercussão das mensagens falsas nas redes sociais tira o sono dos marqueteiros, devido à facilidade que esse tipo de material tem de atingir um grande número de pessoas. Uma foto de Pelegrino com os condenados no Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento com o mensalão, por exemplo, teve 1.806 compartilhamentos. Como cada usuário da rede no Brasil tem, em média, 229 amigos, segundo dados oficiais do próprio Facebook, para
estimar que a tal foto alcança cerca de 400 mil internautas.
 
O professor Camilo Aggio destaca não haver estudos capazes de detectar o real poder que as peças apócrifas têm para influenciar eleitores, mas salienta que a grande adesão dos internautas a esse tipo de material revela uma nova tendência: a militância política através das redes sociais.
 
“É relevante, muito mais pela forma do novo modo de engajamento, potencialmente poderoso e que requer que se dedique muito pouco tempo a isso, é clicar. É de se pensar como isso pode fidelizar votos conquistados, ou aumentar o cinismo e a desconfiança do voto indeciso”, analisou.
 
Recusa em retirar vídeo levou diretor do Google no Brasil  à prisão
O descumprimento de ordem judicial para retirar do ar de material apócrifo e ofensivo da internet acabou em prisão na eleição deste ano. O diretor-geral do Google no Brasil, Fabio Coelho, foi preso em 26 de setembro porque não retirou do YouTube vídeos com ataques ao candidato do PP a prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal. O executivo ficou  detido por algumas horas, mas foi o suficiente para o caso ir parar nos jornais de todo o mundo.
 
Candidato tucano em Vitória vai à TV contra ataques virtuais
O candidato a prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), teve de dedicar parte de seu tempo na propaganda eleitoral de ontem na TV para rebater ataques apócrifos que surgiram na internet. O tucano é acusado de ser alcoólatra e usuário de drogas. Em resposta, publicou depoimentos de seus três filhos, André, Laura e Rafael. “Afetaram a minha família. E eu estou aqui hoje para dizer para você que isso não é verdade”, declarou. As informações são do Correio.
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