Chuvas e planejamento da cidade

Empresário diz que secretário tem fala 'infeliz' e o desafia: "Apresente um plano de manutenção preventiva"

A discussão surgiu após o pedido de aprovação de um empréstimo da prefeitura à Câmara Municipal.

Artêmia Pires
Avenida Artêmia Pires | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Diante do registro das chuvas que afetam diversos bairros de Feira de Santana e logo vem à tona o pedido de empréstimo por parte da prefeitura à Câmara de Vereadores que ainda não foi votado e aprovado, o secretário de planejamento Carlos Brito e o empresário Yuri Guimarães, filho da presidente da Câmara, Eremita Mota, voltaram a protagonizar uma discussão acerca do assunto.

Isso porque Yuri Guimarães contestou a fala do secretário que justificou que o pedido de empréstimo para a realização de drenagens ainda perduraria na Câmara. Na manhã desta terça-feira (20), no Programa Acorda Cidade, na Rádio Sociedade News, o secretário Carlos Brito foi questionado sobre as condições de algumas vias que são afetadas pela água no período das chuvas.

Ele afirmou à princípio que o objetivo da prefeitura é realizar uma série de obras para o enfrentamento desses alagamentos, como é o caso de algumas bacias que cortam a cidade, mas que por ‘birra’ da presidente da Câmara, o pedido de empréstimo de R$160 milhões ainda não foi aprovado.

Secretário de Planejamento - Carlos Brito ft Paulo José Acorda Cidade
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“Esse projeto de drenagem, não está indo contra o prefeito Colbert Martins, está indo contra o povo. O pessoal da Baraúnas com uma chuvinha alaga, estava parecendo um rio. O que acontece é que precisa pensar no povo. É triste chegar em casa e ver a água passando na rua, na minha não passa porque eu moro no alto. Agora imagine comprar uma casa e dar uma chuva torrencial e perder tudo? O projeto está pronto, o prefeito já explicou, já deu coletiva, inclusive ele já me determinou para lançar um edital. Se a Câmara não aprova ou não vota, a responsabilidade passa a ser dela [Eremita]. A boa vontade do governo está em dizer que o projeto está pronto, Bacia do Pojuca, do Subaé, todos os projetos prontos com previsão de área de alagamento, de enchente, tudo pronto. O que está existindo é a birra que só prejudica a comunidade pobre de Feira, e nem só a classe pobre, porque a água está invadindo até os condomínios de luxo como no Papagaio. É preciso bom senso”, disse.

Ainda segundo o secretário, o empréstimo solicitado pela prefeitura não pode ser utilizado para outras obras. Ele ainda mencionou que é taxado de que atua há anos no mesmo cargo, mas que cumpre a sua missão na secretaria de Planejamento.

Carlos Brito também disse que está à disposição da presidente da Câmara, Eremita Mota, para dialogar sobre o projeto do empréstimo.

“Esse dinheiro quando é tomado, não pode ser desviado para outro tipo de obra. O banco só vai emprestar se tiver onde será aplicado o dinheiro. Esse projeto teve audiência pública, consulta pública, teve tudo. Não posso acusar a presidente de ser negligente porque não acompanhou o projeto, alguma razão ela deve ter tido mas se não conhece é porque não quer. Eu estou estressado porque o povo está sofrendo. Quando você vê a água entrando na sua casa, destruindo o patrimônio que você construiu, por birra, é um negócio que o pessoal fica querendo justificar dizendo que tem um secretário que tem 20 anos e quem tem sou eu, mas eu trabalho. Cumpro a minha missão. Algumas ações já tomamos de precaução neste período de chuvas e estamos fazendo o que podemos. Feira tem isso de querer atingir o político e esquecer do principal que é o povo. Estou com os projetos prontos à disposição da presidente ou quem quer que seja. Precisamos salvar o povo de Feira de Santana, principalmente quem está passando por essas enchentes e março está vindo aí, também é mês de chuva”, frisou.

Questionado sobre os principais problemas acerca da duplicação de vias públicas, a exemplo da Estrada do Francês, no bairro Papagaio, o secretário de planejamento também contou que algumas localidades ficaram ‘estreitas’ com o passar do tempo devido à invasão de construtoras.

“As construtoras foram fazendo, a coisa começou a apertar e a na Estrada do Francês, por exemplo, não tem alvará se não tiver pista dupla. Então estamos dando prioridade com alguns projetos de prolongamento”.

Contraponto

Empresário, Yuri Guimarães, filho da vereadora Eremita Mota também entrou em contato com o Programa Acorda Cidade para dar o seu contraponto em virtude da menção do secretário sobre o desenvolvimento de Feira de Santana.

Yuri classificou como ‘infeliz’ a fala de Carlos Brito em relação às construtoras da cidade.

“Não pude deixar de vir aqui falar sobre o secretário Carlos Brito onde ele afirmou que os construtores foram construindo e ficou neste estado, se referindo ao Papagaio. Quero dizer que conheço todas as construtoras de Feira de Santana e o município tem o privilégio de ter boas construtoras. Então, é inadmissível que um secretário acuse a desordem, o desplanejamento da cidade à uma construtora. Não tem um planejamento para ser construído na cidade, sem alvará, sem licença? Mas se ele com a equipe dele não teve a capacidade de se planejar com a ocupação do solo, de como haveria o desenvolvimento na cidade, ele põe a culpa nas construtoras? Ninguém tem culpa, o construtor investe na cidade, contribui com impostos. Essa fala dele foi extremamente infeliz”, contou.

Foto: Iasmim Santos/Acorda Cidade

O empresário apontou também como ‘desplanejamento’ algumas áreas que estão em ascensão em Feira de Santana, mas que não possuem melhorias investidas pela prefeitura, à exemplo de escolas e unidades de saúde.

Yuri falou também sobre o tempo de atuação de Carlos Brito à frente da Secretaria de Planejamento.

“Isso justifica que tem 20 anos e não tem problema algum ele ter 20 anos, mas não pode é perder a capacidade de pensar. Ele tem 20 anos, quero que ele aponte um planejamento que ele fez para a cidade. Hoje na Artêmia Pires moram mais de 60 mil pessoas e ele vem dizer que a culpa é do construtor? Na Artêmia Pires, não há uma área para se montar uma unidade de saúde, não tem uma área institucional para uma escola, uma área de lazer, uma praça. O que é isso? Desplanejamento. Aí ele se aproveita de uma fase infeliz que a cidade está passando de chuva e vem julgar alguém. Assuma a sua responsabilidade. Se em 20 anos ele guarda um pouco do orçamento, o mínimo que seja, ele teria uns R$160 milhões. Eu duvido que a Secretaria de Planejamento tenha sequer as redes de drenagem cadastradas. A cidade carece de um planejamento”, frisou.

Empréstimo

Sobre o pedido da aprovação do empréstimo de R$160 milhões à Câmara Municipal para o investimento de rede de drenagens no município, o empresário destacou que o valor deve ser explicado de acordo à sua necessidade.

“Na minha opinião, é que diversas vezes vemos o próprio secretário gravando vídeos, indo a os programas e falando que vai fazer a construção do viaduto do Viveiros e precisa do empréstimo, que vai fazer a Tomé de Souza e precisa do empréstimo, que vai fazer a duplicação da Artêmia, que vai fazer um Hospital e precisa do empréstimo. Se for somar essas obras, dá mais de R$1 bilhão. Como é que R$160 milhões vai dar? Ou eles estão perdidos, ou estão brincando, subestimando a inteligência das pessoas”.

Yuri Guimarães finalizou desafiando o secretário para que ele apresentasse um plano de manutenção preventiva para minimizar os problemas causados pela chuva.

“Depois que houve um colapso na cidade, vem dizer que é para a rede de drenagem. Então, eu acho que a cidade precisa de investimento, mas é preciso fazer o dever de casa. Eu quero que ele apresente um plano de drenagem. Eu o desafio, todo ano tem enchente, mas se pensou de uma forma preventiva? não pensa, mas quando chove, pede empréstimo. É ano de eleição, será que o dinheiro vai ser utilizado para essas drenagens mesmo? que ele apresente tudo o que foi e será gasto, o papel da Câmara é fiscalizar, mas fiscalizar um dinheiro que foi utilizado de forma errônea, como no caso do BRT, é complicado. Essa é minha opinião, acho que tem que ter investimentos, mas o dinheiro tem que ser condicionado em lei”, concluiu.

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