Entrevista

Zé Neto apresenta propostas para solucionar problemas na saúde e transporte público

Pela ordem de sorteio, o deputado estadual José Neto foi o primeiro a ser entrevistado.

Rachel Pinto

O Acorda Cidade iniciou nesta segunda-feira (29) a rodada de entrevistas com os candidatos a prefeito de Feira de Santana. Pela ordem de sorteio, o deputado estadual José Neto foi o primeiro a ser entrevistado. Candidato pelo PT, José de Cerqueira Neto tem 52 anos, é casado, deputado estadual e advogado formado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Ele nasceu em Feira de Santana, foi vereador em 2001, mas renunciou o cargo em 2003 para ser deputado. É filiado ao PT desde 1989 e atualmente é líder do governo na Assembleia Legislativa.

Durante a entrevista, Zé Neto apresentou algumas de suas propostas de governo, comentou sobre alguns problemas da cidade, possíveis soluções e respondeu aos questionamentos de ouvintes.

Acorda Cidade: Quais são as suas principais propostas de governo?

Zé Neto: Aos meus 52 anos me sinto muito preparado para enfrentar esse momento na minha vida. Eu que fui vereador em 2001, em 2003 me elegi deputado, renunciei ao cargo de vereador para ser deputado. Já estou como líder do governo na Assembleia Legislativa há cerca de seis anos e isso me deu régua e compasso para buscar aqui em Feira de Santana ampliar os diálogos e buscar evidentemente mais desenvolvimento. Tenho uma história que as pessoas conhecem na cidade. Fui advogado e tenho andado e muito no dia a dia da cidade, enfrentando as dificuldades que são postas, desde a cultura, até a indústria.

Faço os diálogos todos e busco junto ao governo estadual e federal sempre recursos para que tenhamos evidentemente a cidade com mais qualidade. Fui advogado dos movimentos de habitação da cidade, chegamos a ter 21 mil pessoas na cidade sem pagar casa, perseguidas na época pela Caixa Econômica Federal e pelo sistema que estava vigorando, depois que Lula chegou passei a ser um consultor da Caixa a nível nacional e Feira de Santana gozou de um prestígio junto a Caixa que hoje nos faz ser a cidade que mais tem o Programa Minha casa Minha Vida no Brasil. São 45 unidades do Programa Minha casa Minha Vida que atendem a pobres e a classe média. Lembrando que dessas casas, 24 mil são casas que atendem as pessoas mais carentes e eu sou um dos que mais esteve dentro desse contexto.

Agora eu vejo a necessidade de ampliarmos essa política para um plano municipal. A gente precisa dar os passos no governo municipal e corrigir inclusive as anacronias que existem no Programa Minha Casa, Minha Vida. Vejo também que as mesmas dificuldades no diálogo que precisa ser feito nessa identificação de problemas com a saúde, com o setor da informalidade desse município, com a indústria que não tem uma política adequada de alinhamento com o estado, para que a gente possa fomentar mais emprego.

Com a educação que a gente tem visto muitas reclamações oriundas dessa falta de legitimação das decisões que são tomadas e em todos os campos eu vejo que eu posso fazer em Feira esse diálogo e buscar junto com o estado e junto com a união e primeiro com a população, com os setores organizados saídas para os diversos problemas.

Posso aqui adiantar que uma das coisas mais interessantes na cidade é que a gente bote para funcionar todos os conselhos que nós temos. Com isso, a gente vai ter muito mais capacidade de identificar os problemas da cidade e fazer com que a cidade tenha condição de participar das decisões.

Acorda Cidade: Um dos problemas que nós temos enfrentado aqui em Feira de Santana é a obstetrícia. Nem o Hospital da Mulher, nem o Hospital Geral Clériston Andrade estão atendendo a essa demanda. Nessa questão qual é o seu projeto?

Zé Neto: Primeiro que o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) deveria atender obstetrícia da parte de alta complexidade, ou seja, lá tem UTI para adulto e quando a mãe tem um problema grave, ou a gravidez é difícil o Clériston tem esse atendimento para garantir a UTI para a mãe e também para a criança no que for necessário. O que se vê na prática é que às vezes tem períodos que chega a 60% o número de mulheres que têm parto normal no Clériston porque não tem lugar para as pessoas terem seus filhos.

A obstetrícia teve uma redução do ponto de vista do crescimento da cidade. Ao invés de termos avançado e ampliado o número de leitos, houve uma redução. Na minha opinião é transformar o Hospital da Criança Municipal e com uma ampliação da obstetrícia. Ampliar a obstetrícia para o Hospital da Criança Municipal a demanda do Hospital da Criança Municipal passar para o Hospital da Criança Estadual. No Hospital da Criança Estadual inclusive já estamos entregando nos próximos meses 53 leitos de maternidade de alta complexidade, tirando inclusive do Hospital Geral Clériston Andrade e passando par ao Hospital da Criança. Isso vai dar uma maior harmonia com as intercorrências que possam acontecer com as crianças que estão nascendo.

Com certeza vamos avançar nos distritos, nas três regiões distritais. Ipuaçu, Bonfim e Jaguara. Com essas três regiões quero também facilitar a parte de obstetrícia. Além de criar as regiões de saúde, eu quero em cada uma delas uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) funcionando permanentemente, adequada e com resolutividade e garantir que funcione minimamente o atendimento médico.

O atendimento está com dificuldade e a gente tem que resolver isso e também nessas UPAS eu quero ver se a gente instala parto natural. A gente tem que pensar na cidade o parto natural. O governo federal tem uma das linhas que tem crédito e dinheiro sobrando nessa área. As mulheres que estão grávidas que vão fazer o pré-natal vão ter garantia de onde os seus filhos vão nascer é preciso ter essa garantia. Eu volto a reabrir a maternidade do Dom Pedro e a maternidade da Casa de Saúde Santana para melhorar o atendimento de obstetrícia da cidade. Isso é um dos maiores problemas que nós temos na saúde e vamos enfrentá-lo com decisão, segurança e buscar o apoio do governo do estado nessa demanda.

Acorda Cidade: O senhor propôs o BRT na Getúlio Vargas e agora a obra já está em andamento caso eleito o senhor pretende modificar alguma coisa?

Zé Neto: Eu propus o BRT fora da Getúlio Vargas passando pela Getúlio Vargas apenas com o corredor e não com aquela alteração que foi feita. O primeiro a ser a favor do BRT sou eu. Excluíram o Tomba, excluíram a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Excluíram os bairros e o recurso do BRT foi manobrado para fazer uma obra que não estava em Brasília. Não estava no projeto do BRT que é aquela obra ali da Avenida Maria Quitéria e da Avenida João Durval. Aquelas duas trincheiras não estão nas obras, não fazem parte do contexto BRT.

Eu vou pegar o BRT para que ele possa ligar os bairros ao centro da cidade. Você tem que ter o BRT em Feira, mas ligando os bairros ao centro da cidade Outra coisa quando se fala de BRT, fala-se de mobilidade urbana. Em Feira de Santana 36% das pessoas andam a pé. Tem-se que cuidar dos passeios e da mobilidade urbana para que as pessoas andem a vontade na cidade e depois tem-se que pensar nos veículos não motorizados, pensar no skate, na bicicleta, no patins e criar espaços para isso.

Inclusive no meu projeto de governo eu vou fazer 60 quilômetros de ciclovias, depois pensar em transporte público coletivo. Feira de Santana só 12% pegam transporte público e a gente tem que avançar para melhorar esse transporte. Fazer essa transformação no sistema de transporte e posteriormente tem-se que pensar em transporte de cargas. Temos graves problemas, inclusive na Avenida Presidente Dutra as pessoas reclamam que proibição de passar carretas e caminhões está levando a falência muitas oficinas e lojas que vivem disso. Tem-se que se pensar no transporte de cargas também como elemento importante na mobilidade e depois é que a gente vai pensar no caro pequeno.

Há uma inversão. Esse BRT que está ai inverteu. Eu não sou contra o BRT. Quero melhorar o BRT. Esse BRT que está aí pensou primeiro no carro que seria outro ponto. E aí criou um túnel, chamam de túnel que não é túnel é na verdade uma trincheira que só passa carro pequeno praticamente. Isso tem que ser pensado e temos que encaixar no nosso projeto como utilizar aquilo adequadamente. Mas, eu vou avançar com o BRT para ligar o BRT do centro aos bairros mais carentes, principalmente.

Acorda Cidade: E o transporte coletivo?

Zé Neto: O transporte coletivo é umas das grandes reclamações. Ou tem um conselho municipal de transporte funcionando plenamente para todo mundo sentar numa mesa e resolver o problema da cidade ou não. Eu vou fazer com que o conselho municipal de transporte funcione. Vou inclusive ampliar o número de mototáxis regulamentados. Vou dialogar, fazer uma pesquisa para chegar a 1500 a 2000. E acabar com a desorganização desse sistema. Ampliar o diálogo com os taxistas que sofrem muito na cidade. Com as empresas de ônibus, discutir com eles outro sistema. O Sistema Integrado de Transporte (SIT) está falido e eles precisam entender que é preciso ter vans funcionando na cidade de forma suplementar, como acontecia no passado e essas serão as saídas para que a gente chame o transporte clandestino de ligeirinho e diga “se vocês querem disputar o espaço a gente vai abrir uma licitação aqui”.

Nós temos que tirar o transporte coletivo desse número absurdo. Em Feira só 12% da população usa o transporte coletivo. Em Feira esse sistema precisa ser repensado, ou reestruturado e precisamos ouvir quem pega transporte. É preciso que o transporte coletivo tenha funcionando um conselho adequadamente e podendo dar alternativas para a cidade. Todo o sistema precisa ser repensado com técnica com legitimidade e ouvindo quem está na ponta.

Acorda Cidade: E as propostas para segurança pública?

Zé Neto: Segurança não é só polícia. Mas polícia tem que está cada dia mais presente. O problema da droga eu quero reunir a cidade, chamar os evangélicos, os católicos, as associações esportivas e convidar todo mundo para entrar nessa batalha, nessa cruzada contra as drogas. E 84% das ocorrências policiais de Feira, principalmente de morte são ligadas às drogas e nós precisamos avançar. Melhoramos muito. Nós íamos ter apenas uma Base Comunitária, hoje nós temos duas fixas e mais duas móveis e essas bases comunitárias onde elas estão instaladas dão resultados.

A Rua Nova diminuiu mais de 90% a violência. No George Américo foi mais de 95% da redução da violência. Essas bases comunitárias funcionam. Porque tem juntamente com a base comunitária ações sociais, como a Neojibá. A orquestra sinfônica que faz com que as crianças tenham música, discernimento e tenham capacidade de ver a cidadania mais próxima.

Eu quero qualificar muito a guarda municipal, fazer com que a guarda municipal trabalhe juntamente com a Policia Civil e Militar e trabalhar mais essa interação. Mais uma vez eu te digo que nós precisamos dialogar mais.

No Centro de Abastecimento recebi reclamações, mas não tem onde botar polícia, porque o posto está abandonado, todo depredado e a gente precisa fazer com que o município e o estado tenham mais interatividade para enfrentar a segurança pública tanto com policiamento, como também nas questões sociais.

Acorda Cidade: Sendo eleito o senhor vai aumentar o IPTU da cidade?

Zé Neto: Ao contrário, vou fazer uma grande revisão. Eu vou criar o IPTU mínimo para as famílias de baixa renda e nos conjuntos populares principalmente o Minha Casa Minha Vida, isenção de IPTU. Vou fazer com que o IPU possa ser todo revisado, aumentaram tanto que a arrecadação não aumentou e há muita gente inadimplente.

Acorda Cidade: A conclusão da duplicação do Anel de Contorno, há planos?

Zé Neto: Essa semana o governo do estado está retomando aquela obra do Cajueiro até a Getúlio Vargas. O problema é a liberação de recursos do governo federal. A parte executiva que liga a Cidade Nova à BR 116 Sul está já está pronta, e a outra parte estamos aguardando o encerramento da crise toda para continuar cobrando a liberação de recursos.

Nós próximos dias vamos entregar uma parte grande da Lagoa Grande ali inclusive vai dar uma melhorada no contorno porque vai dar um acesso para o contorno e as ruas haverá um processo de melhoria dos fluxos da avenida de contorno e bairros vizinhos. A gente precisa resolver a questão do contorno norte e isso vai ser uma meta minha.

Acorda Cidade: Qual o seu plano de governo para os distritos de Feira de Santana?

Zé Neto: Os distritos nos últimos 20 anos principalmente, eles estão um tanto quanto esquecidos e vemos poucas intervenções importantes. As escolas a gente precisa dar uma requalificada nos distritos. Tem distritos que o celular chega mal, tem distritos que tem dificuldades de água. Precisamos conveniar mais municípios e governo do estado para não deixar um distrito sem água. Vou ampliar os convênios entre governo do estado e município para que os distritos tenham mais água, que os distritos tenham mais tecnologia. Fazer com que os distritos tenham uma atenção mais qualificada e a construção das três regiões de saúde distritais que vão melhorar significativamente o atendimento de saúde dos nossos distritos.

Acorda Cidade: E o Hospital Geral Clérisotn Andrade com o problema da falta de vagas?

Zé Neto: Vamos construir um grande hospital. Já está tudo pronto, projeto pronto. O dinheiro já está chegando junto com o Banco Mundial e quando terminar a construção do grande hospital regional, maior do que o Clériston eu vou construir um hospital municipal para cirurgias eletivas para tratamentos e atenção a imagem. Vamos fazer um grande ambulatório. Feira de Santana precisa de mais ambulatórios.

Acorda Cidade: Sendo eleito o que o senhor fará em ralação à melhorias do aeroporto de Feira de Santana?

Zé Neto: O aeroporto está preparado para receber voos internacionais. Nosso aeroporto precisa avançar, os passos foram dados e eu espero que nos próximos três meses a gente possa instalar definitivamente o voo Feira de Santana Campinas. É uma meta que eu vou trabalhar para alcançar.
 

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