Rachel Pinto
O presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM), concedeu uma entrevista exclusiva ao Acorda Cidade na manhã desta quarta-feira (18) e comentou sobre questões da política nacional, estadual e da sua pré-candidatura a presidente da república.
Ele afirmou que entendeu a desistência do prefeito de Salvador ACM Neto em não se pré-candidatar ao governo do estado e salientou que acredita que o colega de partido, o ex-prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho (pré-candidato ao governo do estado) pode fazer com que o Democratas volte a governar a Bahia e que será um líder competente.
“Meu pai foi prefeito do Rio, durante quatro anos e depois mais oito anos. Em 2006 ele teve a oportunidade de deixar a prefeitura do Rio para ser candidato principalmente a governador e a decisão final dele foi continuar na prefeitura e eu entendo muito a decisão do prefeito de Salvador. Ele faz uma prefeitura espetacular, organizou as contas da cidade, tem projetos prontos começando e executando e outros que vão começar. Ser prefeito de uma capital como Salvador, uma cidade tão importante , que é referência para todos nós no Brasil, tomar a decisão de sair da prefeitura não é uma decisão simples e como eu disse eu vi dentro da minha casa e eu entendo perfeitamente essa decisão . Eu tenho certeza que ele tomando essa decisão, foi adequado e correto. Ao mesmo tempo lançou-se a pré-candidatura de Zé Ronaldo, que foi prefeito. Foi deputado comigo e também é um grande quadro do Democratas. Tenho certeza que vai liderar com muita competência, com muito diálogo, construindo projetos, para que a gente possa disputar a eleição e possa ter êxito e possa voltar. Pro nosso partido tem um simbolismo muito importante pelo que o senador Antonio Carlos Magalhães representou não apenas para o partido, mas para a política brasileira”, declarou.
Sobre o projeto do Democratas para a Bahia, Rodrigo Maia relatou que este será apresentado na convenção do partido. Para ele, o partido com o nome de José Ronaldo poderá construir o campo da oposição e de forma respeitosa enfrentar o processo eleitoral na Bahia.
Presidência da República
O pré candidato a presidência de república enfatizou que enxerga o momento da política brasileira como um ambiente polarizado, de muita radicalização. Para ele, é preciso existir mais racionalidade no debate, discutir temas com mais naturalidade, criando um pacto a favor da sociedade brasileira.
“Em um quadro político desse que a credibilidade está colocada, a sociedade de fato quando olha as pesquisas com cuidado vê que nenhum candidato consegue tomar base forte de uma eleição para outra. Significa que o eleitor está mudando muito, os indecisos, sem o nome do ex-presidente Lula crescem muito e há um caminho nesse novo momento da política brasileira. O Brasil viveu um ciclo que vem desde a redemocratização que foi muito importante. Presidentes que passaram que acertaram e erraram, mas foi um momento. Porque saímos do regime militar, um momento de muita polarização de muita radicalização e de alguma forma é isso que a gente ainda vê na política brasileira. Eu acho que tem um espaço pra construir um projeto onde se possa ter mais unidade para o Brasil ter uma política com menos radicalismo”, enfatizou.
Dentre alguns aspectos que listou que considera importante discutir o estado brasileiro, a redução de despesas em áreas que não são fundamentais para que haja uma política de investimentos mais clara em relação a educação,
Relacionamento com o presidente Temer
Rodrigo Maia falou sobre o seu relacionamento com o presidente Michel Temer que possivelmente também será candidato a presidente da república pelo MDB. Maia pontuou que não mistura questões partidárias com institucionais e é natural que os partidos tenhas as suas candidaturas. Ele pontuou que busca trabalhar enquanto presidente da Câmara dos Deputados de forma harmoniosa com o governo e sobretudo pautado nos princípios contitucionais
“Nós encaminhamos os projetos do poder executivo positivos para a sociedade. Mas, aquilo que a gente acha a que está errado a gente não encaminha. Essa independência é fundamental. Os partidos têm projetos distintos, é democrático, a gente respeita e vamos continuar o nosso projeto que não é o mesmo projeto do governo”,completou.
Maia destacou que não recebeu nenhum tipo de pressão sobre pedidos de impeachment do presidente Michel Temer. Segundo ele, para aceitar um impeachement deve haver um embasamento muito forte. “O Brasil vive uma crise muito profunda para que o presidente da câmara seja instrumento para uma piora ainda maior da situação política”, disse.
A abertura de inquérito contra Aécio Neves e a prisão de Lula
Rodrigo Maia declarou ainda que não há o que comemorar sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) ter recebido a denúncia contra do senador Aécio Neves e o ter decidido pela prisão do ex-presidente Lula. Maia afirmou que não se pode comemorar, mas aceitar e respeitar a justiça sobre a decisão dos fatos.
“A justiça Brasileia ela de fato precisa ser igual para todos tanto em infração como em delito cometido por uma pessoa simples precisa ser investigada e julgada e condenada se for o caso da mesma forma que o crime de um político. Em relação ao senandor Aécio Neves a denúncia foi oferecida e os ministros do Supremo decidiram por aceitar a denúncia. Agora começa o processo , a ação penal contra ele. Em relação a prisão de Lula, não é para comemorar a prisão de um ex-presidente da república. Mas, a gente precisa entender que a justiça analisou todas as provas, tomou a sua decisão e depois os recursos foram levados ao Supremo. A decisão foi tomada em segunda instância, é um momento triste da política brasileira. Um presidente que fez muito pelo Brasil sem dúvida nenhuma. Mas, não pode separar a justiça para uns e deixar de julgar os outros. A decisão foi tomada e precisa ser respeitada”, ressaltou.
O presidente da Câmara dos Deputados opinou que o Supremo Tribunal Federal tem avançado para a mudança da constituição, como por exemplo tomar decisões em relação a segunda instância. Ele enfatizou que a câmara também precisa debater sobre o assunto e avançar.
“O nosso papel é legislar que é a única forma que o parlamento tem de debater o tema. Esse debate que é o debate da segunda instancia e foi apresentado uma emenda constitucional e a gente sabe que a câmara não pode votar no plenário apenas essa emenda. Eu estou trabalhando para que a emenda constitucional possa ser admitida na Comissão de Constituição e Justiça. A sociedade em cima desse debate está cobrando uma posição clara do parlamento em relação ao debate e a posição do supremo. No meu ponto de vista, é muito importante que a Câmara possa debater esse tema e criar uma decisão definitiva”, concluiu.