Tácido Rodrigues
Jair Bolsonaro, candidato à presidência pelo PSL, participou na noite de segunda-feira (30) do programa “Roda Viva”, da TV Cultura. O aspirante ao Planalto voltou a mencionar o coronel Brilhante Ustra, defendeu a liberação do porte de arma e se disse contrário às cotas em universidades. Não à toa, sua participação em cadeia nacional teve grande repercussão nas redes sociais, chegando, inclusive, a ser o assunto mais comentado do Twitter no mundo.
No momento mais embaraçoso da entrevista, Bolsonaro questionou se há de fato uma dívida histórica com os negros por conta da escravidão, regime social que durou por mais de três séculos no país. Como argumento, disse que “não escravizou ninguém” e que “os negros escravizaram os negros, já que os portugueses nem pisavam na África”. Quando perguntado se tornaria público o acesso aos arquivos da ditadura, o candidato do PSL afirmou que a lei da anistia é “ampla, geral e irrestrita” e que é preciso enterrar o passado.
“É uma ferida que tem que ser cicatrizada, esquece isso aí. O povo está sofrendo com 14 milhões de desempregados, com 60 mil mortes violentas por ano, com 50 mil mulheres estupradas. É daqui para frente, vamos tocar esse barco para frente. E eu tenho falado, se eu chegar lá, é daqui para frente, o passado é a justiça e a história”.
No aspecto econômico, Bolsonaro disse que não tem “um plano B” caso o economista Paulo Guedes abandone seu eventual governo. Defendeu ainda a necessidade da reforma da Previdência, não necessariamente nos moldes da proposta apresentada por Michel Temer. Em outro trecho, reforçou que, por considerar o sistema injusto e desigual, vai propor a diminuição do percentual de cotas no ensino superior. Perguntado sobre qual seria seu sonho como presidente, o militar foi enfático.
“Um redirecionamento do Brasil no tocante a sua política. Nos cansamos da esquerda, queremos um Brasil liberal, que faça comércio com o mundo todo sem o viés ideológico, que respeite a família, bem como as crianças em sala de aula. E jogue pesado na questão da segurança pública para você, exatamente, proporcionar paz a todos”.
Jair Bolsonaro sustentou ainda que todo brasileiro deve ter o direito de possuir uma arma, mas que “quem não quiser, não precisa ter”. Ao falar sobre segurança pública, declarou que a intervenção federal no Rio de Janeiro é um fracasso porque “não há uma retaguarda jurídica” que garanta a operação das forças policiais. No fim do programa, o presidenciável citou o livro de memórias “A Verdade Sufocada”, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, primeiro militar reconhecido pela Justiça como torturador, como um de seus favoritos.