Entrevista

Leonardo Pedreira defende política com participação dos trabalhadores e sem delimitação do espaço público

Durante a entrevista Leonardo falou das suas propostas caso seja eleito, respondeu dúvidas de ouvintes e destacou sobre a política operária, revolucionária e socialista do partido a favor dos trabalhadores.

Rachel Pinto

Leonardo Pedreira, candidato a prefeito de Feira de Santana pelo Partido da Causa Operária (PCO), foi o entrevistado desta manhã no Programa Acorda Cidade. Com 30 anos, o candidato é feirense é casado e estudou Licenciatura em História na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), é militante do partido e atua na luta pela garantia dos direitos dos trabalhadores.

Durante a entrevista Leonardo falou das suas propostas caso seja eleito, respondeu dúvidas de ouvintes e destacou sobre a política operária, revolucionária e socialista do partido a favor dos trabalhadores. Entre as propostas, ele defende a não delimitação do espaço público e a estatização dos serviços de saúde, educação e transporte. Leonardo também esclareceu sobre a não participação nos programas eleitorais de rádio e televisão e de acordo com ele, os programas não foram apresentados devido a dificuldades do partido. Ele informou que o PCO tem utilizado mídias eletrônicas para a divulgação da campanha.

Acorda Cidade: Quais as propostas caso seja eleito?

Leonardo Pedreira: O Partido da Causa Operária (PCO), a nossa candidatura não é uma candidatura individual, o meu nome não foi um nome simplesmente levantado pelo acaso, o nosso partido decidiu em conjunto de participar das eleições e assim como já é de costume, todas as decisões passam por um coletivo da própria militância do partido. Nesse sentido, nós avaliamos que foi importante o Partido da Causa Operária decidir por essa intervenção política em Feira de Santana, por já ser parte do projeto político da cidade desde as últimas eleições quando o próprio Adroaldo até participou e Feira de Santana faz parte desse próprio projeto nosso de inserção de uma política operária, de uma política revolucionária, de uma política socialista, que é a proposta que o PCO não só tem para Feira de Santana, mas também para o nosso país. Nesse sentido a gente avalia que a participação do PCO para os municípios é muito importante porque a gente entende que hoje os municípios não participam de uma autonomia política que se deveria ter.

Nesse sentido também a gente avalia que nesse momento a própria ideia de se participar das eleições não quer dizer que basicamente nós pretendemos alcançar algum espaço político através das eleições, até porque nós não acreditamos que as eleições seriam a solução viável para a organização dos trabalhadores, para que os trabalhadores pudessem realmente alcançar os seus direitos no âmbito do município, do governo estadual e federal. Mas, nós entendemos que a participação do partido nesse momento nas eleições, é de muita importância para que a gente possa levar essa informação para o trabalhador.

Principalmente a organização dos trabalhadores nas fábricas, nas escolas, nos seus ambientes de trabalho, nos seus bairros, nos seus locais de moradia, através de conselhos populares, pode-se desenvolver esse tipo de consciência. A consciência da mobilização política através da ocupação das ruas e da reivindicação dos seus direitos.

Nesse sentido, o PCO vem trazer essa informação de mobilização para os eleitores, para os trabalhadores e trabalhadoras de Feira de Santana. Nós entendemos que as eleições são um jogo de cartas marcadas. Feira de Santana não está fora desse jogo de cartas marcadas, já sabemos dos muitos candidatos a vereadores, os candidatos vitoriosos. É um jogo de ilusões. Não temos um programa para vender ilusão para o trabalhador, nós temos realmente um programa político para apresentar para o trabalhador feirense.

Acorda Cidade: Como o senhor vai apresentar o programa de governo sem um tempo específico de rádio e de televisão?

Leonardo Pedreira: Isso mostra a própria caracterização da face antidemocrática das próprias eleições. As eleições passam a imagem de uma democracia, mas não existe essa participação democrática. A própria questão é do nosso tempo, do tempo da nossa participação eleitoral de rádio e TV que também outros partidos sofrem essa questão do tempo mínimo de atuação de rádio e TV. Temos dez segundos que é um tempo praticamente inexistente para se discutir um programa com a devida consistência, com a devida atenção para que o expectador, o eleitor que está acompanhando do outro lado possa entender e até se identificar com um possível programa partidário.

Isso já apresenta a própria ilusão que hoje são as eleições. Não é nada democrático. Nós entendemos que se as eleições fossem democráticas, todos os partidos deveriam comungar de um tempo igualitário, todos deveriam ter o mesmo tempo. Nós denunciamos essa própria face antidemocrática das eleições. Essa semana a gente já percebe até uma campanha nas redes sociais por parte de jornalistas que fazem parte de uma imprensa que tem os seus próprios candidatos de fazer uma campanha contra a nossa participação nos debates políticos. Pela lei, nós até não teríamos, porque precisaríamos ter os nove deputados. Mas, nós entendemos que se as eleições configura-se como um momento de se demonstrar a própria democracia porque não participarmos? Por que não apresentarmos à população feirense esse nosso programa político? Por que não discutir com os outros candidatos as suas propostas em conjunto? A democracia é isso. Ela é feita do debate, ela é feita da conversa com as pessoas e com os outros candidatos.

Nós temos um próprio calendário de atividades, que estamos divulgando para a imprensa como um todo e também para o próprio conjunto da população feirense. Todos os dias na semana nós temos alguma atividade com a população. Temos um calendário que é atualizado toda semana e nós usaremos das ferramentas possíveis para poder levar essa discussão para a própria população. Quando se fala de lei, pela lei nós não poderemos participar do debate e participar do programa, mas nós estamos falando de uma lei burguesa, de uma lei que se caracteriza de acordo com os seus interesses. A mesma lei que defende os próprios políticos dos seus interesses. Não é uma lei que dialoga com o trabalhador, nem com o morador da periferia, não é uma lei que dialoga com a população que é maioria dos explorados do conjunto de uma sociedade.

Nesse sentido nós denunciamos esse tipo de lei, nós não aceitamos esse tipo de lei e nós estamos aqui realmente passando essa informação para denunciar a face que são as eleições hoje no conjunto nacional.

Acorda Cidade: O senhor acha possível mudar esse critério do tempo?

Leonardo Pedreira: Seria possível. Mas, se formos guiados pelo conjunto da lei, seria impossível. Mas, a gente entende que nesse sentido somente a própria mobilização popular poderia mudar algum tipo de situação. Nesse sentido do congresso, você confiar que o congresso possa reivindicar algo dos interesses dos partidos que representam um programa para os trabalhadores, um programa operário, claro que seria impossível. Porque o congresso está todo cooptado pela própria burguesia, pelos grandes empresariados, pelas grandes empreiteiras. O próprio Supremo Tribunal Federal (STF), també já está todo corrompido, nós estamos vendo isso inclusive com o processo de julgamento do Impeachment.

Nesse sentido não dá para acreditar que pelo congresso a gente possa mudar alguma coisa. A gente só pode mudar alguma situação política do nosso país através da mobilização popular, da organização dos trabalhadores em torno de alguma luta.

Acorda Cidade: E essa autonomia política dos municípios de que forma ela poderia ser aplicada?

Leonardo Pedreira: Primeiramente nós temos até uma política em relação à autonomia dos municípios que é em relação às próprias dívidas que os municípios têm com os estados e também com o governo federal. O PCO de forma imediata, ele defende o cancelamento total dessas dívidas. Essas dívidas em grande parte são infladas através dos altíssimos juros que são vigentes no nosso país.

O Brasil é governado por uma taxa altíssima de juros e essas dívidas tendem a se perpetuar pela própria inflação, pela própria questão dos juros. Nós defendemos o cancelamento total dessas dívidas, o que se paga com essas dívidas anualmente seria um recurso de grande valor para ser aplicado no próprio município e que isso daria essa autonomia ao município.

Por exemplo, investir melhor em saúde, investir melhor em educação, investir em um melhor plano de cultura municipal, em um plano de desenvolvimento.

Acorda Cidade: Qual é a sua proposta para melhorar a saúde de um modo geral em Feira de Santana?

Leonardo Pedreira: A gente precisa chamar atenção para um primeiro ponto que é a questão nacional. Feira de Santana está dentro desse conjunto que é a própria privatização da saúde pública. Nós temos aqui hoje a maioria do sistema de saúde de Feira de Santana que é apresentado como o benefício público está ligado as próprias terceirizadas, está diretamente ligado as próprias cooperativas.

Qualquer questão ligada a um benefício da saúde, à um sistema de saúde está ligado as cooperativas. Nós denunciamos isso em Feira de Santana e como proposta nós já solicitamos a total desvinculação do sistema de saúde de Feira de Santana de qualquer cooperativa de qualquer sistema de privatização. Nós do PCO temos uma proposta que é nacional que está ligada diretamente à todos os municípios que é a total estatização da saúde pública.

Na verdade qualquer serviço que deva ser apresentado de forma pública nós defendemos que ele seja estatizado. Não só como a saúde, mas o transporte público e a educação. Nós defendemos a estatização. Nós defendemos que a saúde precisa ser estatizada e apresentada de forma pública. Nós temos as fundações hospitalares que acabam de certo modo administrando a saúde em Feira de Santana e nós decidimos, temos essa alternativa desse programa de desvinculação.

O que é público precisa ser público. Então fim às cooperativas, fim a qualquer tipo de fundação que tente administrar a saúde pública da cidade. Ela precisa ser administrada pelo próprio conselho da população. A gente defende que Feira de Santana precisa passar por uma auditoria e a saúde precisa estar dentro desse processo de auditoria, que hoje é uma das ferramentas políticas mais usadas para se politizar, ou despolitizar, para se controlar o próprio mecanismo político da cidade.

Hoje é uma das ferramentas de cunho eleitoral, de barganha de voto do sistema de saúde. Nós defendemos que o próprio plano de carreiras dos trabalhadores da saúde precisa ser discutido, precisa ser atualizado. Precisa se abrir mais a discussão para os próprios trabalhadores da saúde, apresentar as suas necessidades e reivindicações, como também o próprio conjunto da população que tem interesse em discutir a saúde em Feira de Santana.

A gente precisa ampliar essa discussão do plano de carreira dos trabalhadores da saúde e discutir, uma melhor política para as mulheres. O PCO também tem um programa específico na área da saúde da mulher. A gente precisa discutir inclusive a legalização do aborto. Muitas moradoras de bairros periféricos, muitas operárias, muitas mulheres que não tem condição de arcar com o custo e por ter que recorrer ao sistema clandestino de aborto acabam sofrendo vários danos na sua saúde física muitas acabam ficando estéreis e até morrendo. Enquanto isso muitas mulheres da própria elite, que tem recurso para fazer esse aborto, acabam fazendo esse aborto e não são marginalizadas por isso.

Nós não aceitamos esse tipo de política de marginalização da mulher e não entendemos uma política que tem o direito de controlar o corpo das mulheres. Nós defendemos que a mulher tem que decidir sobre o destino do seu corpo e ter autonomia pela decisão do seu corpo. Também precisa ser ampliada a política de creches. Nós defendemos a maior autonomia para a mulher para que elas tenham tempo para buscar sua autonomia política, trabalhista, mais tempo para a sua vida cotidiana. Precisamos chamar uma auditoria e isso precisa ser uma reivindicação popular em Feira de Santana, principalmente na área da saúde.

Acorda Cidade: Há um orçamento na saúde para implantar essas propostas?

Leonardo Pedreira: Tem a questão do imposto único. Nós defendemos o imposto único. O PCO defende uma reforma fiscal e tributária no país e esse imposto tem que está ligado diretamente à taxação das grandes riquezas, por exemplo. A gente defende que o trabalhador tem que pagar o menor imposto e também para chamar atenção à própria questão do IPTU, por exemplo.

Nós tivemos uma elevação da cobrança do IPTU e isso acabou sobrando para o trabalhador. Não só o rico passou a pagar mais caro, mas o pobre pagou mais caro ainda que o rico. Isso já é comum no sistema burguês, o pobre acaba sempre pagando mais que o rico. A própria questão do imposto único tem que retornar na saúde, no transporte púbico e na educação.

Acorda Cidade: O senhor não acha que se tivesse se coligado poderia ter um desempenho melhor?

Leonardo Pedreira: Nós defendemos diretamente a independência dos trabalhadores e nesse sentido as coligações elas não representam na verdade essa independência dos trabalhadores. Uma coligação não vai representar que os trabalhadores participem diretamente das decisões do governo.

A gente percebe que as coligações existem para que facilitem a vitória do candidato A ou o candidato B. O PCO também não se coligou porque nós entendemos que outros partidos não representaram para essas eleições municipais o mesmo conjunto de programas que nós representamos para os trabalhadores. Nós defendemos que não se deve fazer conciliação de classe. Não dá para conciliar o interesse do rico com o interesse do pobre. Nós denunciamos que não existe essa questão de governo para todos.
Não há como governar para todos. Por isso que nós não fazemos coligações. Nós defendemos um programa que não defende um programa para todos. Nós representamos um governo diretamente para os trabalhadores da cidade e do campo e também apresentamos um programa político que não defende a conciliação de classes.

A gente apresenta um programa de classe, para o trabalhador e trabalhadora da cidade e do campo, um programa político que vá de encontro aos interesses do imperialismo. É um governo para o trabalhador, um governo operário.

Acorda Cidade: Qual a proposta do PCO para o transporte público em Feira de Santana?

Leonardo Pedreira: A gente defende que de início precisa ser abolido o contrato com as empresas atuais. Defendemos isso para que esteja ligado para a questão da estatização que nós defendemos para os serviços públicos da cidade.

O transporte público é emergencial precisa ser diretamente administrado por um conselho municipal. Entendemos que o conselho hoje do transporte público em Feira de Santana é uma farsa e só se reúne de ano e ano e nada mais para discutir o aumento da tarifa. Não há uma discussão para se discutir melhorias para o transporte público, se esse transporte está adequado, se está atendendo uma necessidade de locomoção e de mobilidade urbana da cidade.

Também é uma pauta nacional do partido o passe livre para os estudantes. E a própria questão do imposto vai dar conta do passe livre para os estudantes.

Acorda Cidade: Como o PCO vai lidar com a organização do centro da cidade?

Leonardo Pedreira: A gente entende que os camelôs, assim como os perueiros também são segmentos de trabalhadores de um conjunto de cidades que são os mais marginalizados e perseguidos dentro de uma administração municipal. Nós tivemos vários exemplos desta perseguição nos últimos anos e nesse último ano de 2016 foi intensificado uma perseguição aos trabalhadores informais, principalmente aqueles que vendem verduras e hortaliças na Praça Bernadino Bahia.

Nós denunciamos, por exemplo, a política do “rapa” de tomar a mercadoria dos trabalhadores. Denunciamos também a perseguição aos perueiros e de forma também de programa partidário defendemos a total liberação para esses trabalhadores ao espaço publico para poder comercializar seus gêneros alimentícios e não vamos delimitar espaço para o trabalhador atuar.

O nosso programa de governo é para o trabalhador e para a trabalhadora. Há Também os trabalhadores do artesanato do Centro de Abastecimento que estão sendo atacados e perseguidos com um programa de ”higienização social”.

Nós denunciamos esse tipo de política de perseguição ao trabalhador, chamamos a atenção e dizemos não ao Shopping Popular que de popular não tem nada e não foi discutido com a classe, foi discutido com o sindicato que não representa os interesses dessa classe. O Shopping Popular não vai resolver a questão da uma organização do centro da cidade, como também não vai melhorar a vida desses trabalhadores. Vai piorar.

Acorda Cidade: Como o senhor pretende atender as demandas dos distritos?

Leonardo Pedreira: A gente precisa chamar os moradores dos distritos de Feira de Santana para discutir as suas necessidades em assembléias populares. Isso é uma prática nossa, em qualquer situação. Chamamos também para a discussão a questão da agricultura familiar.

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