O empresário Carlos Medeiros, candidato pelo Partido Novo, ficou em terceiro lugar nas eleições municipais de 2024, com 9.717 votos (2,95%). Ele ficou atrás de Zé Neto (PT), que obteve 154.147 votos (46,73%), e do prefeito eleito José Ronaldo de Carvalho (União Brasil), com 165.970 votos (50,32%), que assumirá o cargo pela quinta vez. Em entrevista coletiva realizada na tarde desta segunda-feira (7), Medeiros compartilhou suas impressões sobre o resultado das eleições e suas expectativas para o futuro.
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“A gente esperava que a questão do voto útil não pesasse tanto. A gente chegou a ter pesquisa de trabalho que já pontuava acima de dois pontos percentuais. A gente sabia que tinha esse risco, mas pensamos que não ia pesar tanto. Sabíamos que, no final da campanha, poderíamos dar uma grande alavancada e a população se revoltar e vir junto com a gente, mas também poderia acontecer o que ocorreu: derretermos em função do voto útil. Seja por campanhas bem feitas dos meus concorrentes ou por informações mentirosas que chegaram a vários eleitores nossos, dizendo que a gente tinha desistido da campanha para apoiar um lado ou outro. Isso realmente nos pegou de surpresa”.
Segundo o candidato, ele observou um crescimento em relação à eleição anterior como um incentivo positivo. Em 2020, ele obteve 7.259 votos, e nesta eleição, o aumento foi de 33%.
- “Esse resultado foi sensacional porque Carlos Medeiros era praticamente desconhecido da população. Lutamos contra dois gigantes que comandam a política de Feira de Santana há mais de 30 anos e com uma condição financeira de fazer uma campanha maior que a nossa, um tendo a máquina pública do município, outro tendo o estado. Um trouxe O Polêmico, o outro trouxe Kannário, e a gente só tinha o povo e Deus. A campanha nos colocou como uma nova liderança política na cidade. Feira de Santana sabe que uma nova liderança surgiu”, disse.
Carlos Medeiros também comentou sobre o futuro do Partido Novo em Feira de Santana e seus planos de se desvincular de alguns negócios pessoais a partir de 2025, para se dedicar mais à política.
“Já estou fazendo isso. Estou trabalhando pra me desvincular desses trabalhos e eu vou montar um grande grupo, uma grande equipe que esteja com vontade realmente de trabalhar, de vir para a política, de fazer a diferença. Vamos começar a trabalhar forte desde janeiro, pensando nas eleições daqui a dois anos, porque 2026 é logo ali”.
Em entrevista ao Acorda Cidade, Carlos afirmou que não deve participar do governo de José Ronaldo, pois sua política não está alinhada com a do candidato.
“A gente tem que parar com essa política de ser contra por ser contra, de ter uma câmara de vereadores às vezes atrapalhando simplesmente porque é contra, sem ter fato ou dados. Se tiver projetos que realmente não estão legais, a câmara tem que fazer o papel dela, discutir. Nós vamos fazer o nosso papel, não de oposição, mas para a sociedade: fiscalizar, ver o que está bom, o que não está bom, sugerir. Agora, em relação a participar diretamente do governo com algum tipo de secretaria, eu não vejo viabilidade nesse caminho, porque nós não chegamos a um determinado acordo. As práticas que eles têm são muito diferentes do que a gente defende. Prefiro torcer para que José Ronaldo faça a melhor gestão da vida dele, pois torço por Feira de Santana”.
Carlos Medeiros também comentou sobre as lições aprendidas com a campanha e o que o Novo deve fazer de diferente no futuro.
“Cada eleição que passa, a gente aprende um pouco mais. Eu lhe confesso que com essa eleição, o contato que eu tive com vários políticos experientes, como o próprio José Ronaldo, que conversamos várias vezes, a gente vê que fazer campanha é muito diferente de governar. E a gente vem aprendendo a fazer campanha cada vez mais. O que a população mais nos pede é que a gente não apareça de quatro em quatro anos. E é isso que a gente vai mudar de verdade. Não é que não soubéssemos disso, é que a gente tinha limitações. Eu não sou um político de carreira, nunca tive dinheiro público na minha vida em nada. Estou na política porque entendo que isso é uma atividade de ajuda à sociedade, uma atividade social. E você só consegue se dedicar 100% à atividade social na hora que você está tranquilo. Então eu me planejei para que, a partir de 2025, eu fizesse isso, e tudo está conforme o planejamento”.
Carlos pontuou a atuação do Partido Novo e o crescimento que eles estão conquistando de eleição em eleição.
“O Partido Novo elegeu 18 prefeitos nessa eleição no Brasil, mais de 250 vereadores. Ainda estamos na disputa por mais duas prefeituras no segundo turno. Na Bahia, elegemos nossos primeiros vereadores, três vereadores do Novo foram eleitos na Bahia, e uma vice-prefeita foi eleita em Ilhéus. Quer dizer, estamos construindo uma base para, daqui a dois anos, estarmos muito fortes para as eleições, e vamos ter muito mais condição de disputar de igual para igual com nossos concorrentes. Isso significa mais tempo de televisão, obrigatoriedade do debate”.
Ele ainda falou sobre o sistema político atual e suas limitações, que, segundo ele, José Ronaldo vai enfrentar quando assumir a prefeitura.
“Por mais que eu torça pela gestão do eleito, eu acho muito difícil ele conseguir fazer um trabalho de verdade porque, para se fazer esse trabalho, ele precisa de dinheiro. E como é que vai arrumar dinheiro na hora que você tem tanto conchavo político, tanta gente para empregar, tanta boca para alimentar? E essas pessoas que você vai botar para trabalhar não estão lá pela competência delas; você vai botar um bocadinho de ruim que só sabe pedir voto. Então, ele não vai ter condição, na minha visão, de ter dinheiro suficiente para acabar com tudo aquilo de ruim que a cidade tem. Do fundo do meu coração, torço muito para que ele consiga fazer, e, se fizer, eu vou ser o primeiro a bater palma. Mas é muito difícil você realizar qualquer mudança, se não mudar a forma de trabalhar”.
Carlos também falou sobre os novos vereadores reeleitos em Feira de Santana e criticou a atual maneira de fazer política.
“16 vereadores foram reeleitos de uma das piores Câmaras Municipais que a gente já teve. Então, o nosso sistema político é extremamente complicado. A população está escravizada nesse sistema porque uma grande parte do voto que a gente tem é de cabresto. E é de cabresto porque o cara depende daquele trabalho. Todo mundo em Feira de Santana conhece alguém que tem um cargo na prefeitura, que tem um cargo no governo do estado. As terceirizadas que estão na prefeitura, a grande maioria, quem emprega as pessoas que estão lá são os políticos. Quer dizer, você contrata uma empresa terceirizada que não tem nem autonomia para contratar as pessoas, porque é o político que diz, porque ele precisa daquelas vagas e todo mundo sabe disso. É assim que acontece, não vamos tapar o sol com a peneira”, concluiu o empresário.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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