Na próxima composição da Câmara Municipal, Salvador terá um vereador de apenas 19 anos. Sandro Filho (PP) foi o candidato ao Legislativo mais novo a conseguir se eleger na capital baiana nas últimas eleições municipais. O jovem morador de Coutos, bairro localizado no subúrbio da capital baiana, conquistou uma cadeira no Legislativo Municipal após ser votado por 12.565 pessoas.
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Liderança do Movimento Brasil Livre (MBL), Sandro Filho é seguido por 127 mil contas no Instagram. Na rede social, o vereador se denomina “Cristão, guiado por Deus” e faz críticas sobretudo à segurança pública do estado.
“Eu sou um jovem, que apesar de muito novo, passei por muitas coisas no subúrbio ferroviário. Sou de Coutos e a gente que é de comunidade assim vê muita coisa acontecendo, principalmente relacionada a criminalidade”, contou ao g1.
“Eu, por exemplo, tive amigo que morreu devido ao crescimento das facções e vi isso de perto”, exemplificou.
Segundo Sandro Filho, desde que era estudante do Ensino Médio, sempre teve comportamento questionador. O vereador eleito contou que em eleições passadas se indignou com posturas de candidatos que iam aos bairros do subúrbio para “comprar votos” e oferecer serviços de “boca de urna”.
“Sempre via essas figuras repetidas ganhando as eleições baseada na compra do voto da população, que estava sofrendo por um problema criado por eles. Então me indignei e comecei a falar desses problemas na internet”, afirmou.
Sandro Filho acredita que uma das explicações para ele conseguir a eleição foi os eleitores terem se identificado com a indignação dele diante da criminalidade em Salvador.
“Como é um problema que afeta também a vida das pessoas, elas acabaram se identificando comigo e eu acho que essa identificação acabou criando esse senso de missão nas pessoas”.
‘Minha eleição representa uma renovação’
Um dos quatro filhos de um casal humilde e morador de Coutos, o jovem vereador é o primeiro da família na carreira política. Sandro acredita que a eleição dele representa a vontade que as pessoas tinham de mudança.
“Tenho certeza que as 12.565 pessoas que votaram em mim, pelo menos uma boa parte dessa galera, recebeu uma oportunidade de ter vendido o seu voto e não vendeu, porque está indignada”, disse.
Agora eleito, Sandro Filho afirma que a população pode esperar um mandato “combativo” e “propositivo”.
“Vou continuar batendo de frente com todo mundo que está fazendo trabalho péssimo. Agora a Câmara de Vereadores ganhou não só o vereador mais novo da cidade, mas também o fiscalizador mais novo”.
Preparação e promessas
Também ao g1, o vereador afirmou que se preparou para exercer o cargo caso fosse eleito. Ele conta que nos últimos dois anos fez diversos cursos para saber atuar na Câmara de Vereadores.
O novo edil de Salvador também incluiu na preparação para o cargo as visitas a bairros da cidade para conhecer os problemas das pessoas. “Não quero ser apenas o vereador mais jovem, mas também o mais produtivo da cidade”.
A estratégia de campanha foi apostar no poder da internet. A equipe do vereador entrou em contato com os seguidores dele e ofereceu formulários para que os interessados recebessem as propostas do candidato em casa.
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“Meu material foi colocado na mão das pessoas de maneira inteligente, não foi de maneira louca. Não foi pagando as pessoas para distribuir, foi entrando em contato com as pessoas que gostam do meu trabalho”, contou.
“A gente fez quase mil entregas de materiais com santinhos, adesivos perfurados e no boca a boca. A gente foi fazendo essa campanha esperando o resultado e a surpresa veio no dia 6”.
Agora eleito, o vereador pretende iniciar o curso de Direito, para ter ainda mais conhecimento sobre assuntos abordados na Câmara.
“Esses dois últimos anos foram 100% focados no estudo, para saber como atuar dentro da Casa Legislativa, tanto com o regimento interno, quanto para a criação de projetos”.
O vereador eleito informou que a grande prioridade dele é encontrar formas da Câmara de Vereadores ajudar no enfrentamento à violência. Entre os objetivos está a proposição de projetos para o fortalecimento da Guarda Municipal e a criação da Secretaria de Segurança Pública Municipal.
“O combate ao crescimento das facções é a responsabilidade deles, mas o Governo do Estado não combate”.
Sandro Filho também contou que através do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), vai priorizar a revisão do orçamento e incentivar a verticalização de localidade periféricas.
“É um assunto importante, porque você facilita o acesso da polícia e da Guarda Municipal, o acesso à educação”, ponderou.
“Por exemplo à Cidade de Plástico, em Periperi, tem uma escola dentro da comunidade, justamente porque verticalizou. Vou trazer essa pauta também para ser debatida, porque aí você também resolve o problema do saneamento básico e de habitação, que afetam diretamente a vida do cidadão soteropolitano”, complementou o vereador eleito.
Polêmicas com outros políticos
A fama de Sandro Filho na internet se deu também pelo posicionamento provocador e de desafiador em relação ao governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), ao vice-governador Geraldo Junior (MDB), terceiro colocado na disputa pela Prefeitura de Salvador, e ao candidato Kleber Rosa (PSOL), que ficou em segundo.
Neste embate, Sandro e Kleber por pouco não chegaram às vias de fato após o agora vereador eleito, na época apenas candidato, questionar o cenário de segurança pública na cidade.
Sandro Filho também já se envolveu em discussões com o filho do vice-governador, o deputado estadual Matheus Ferreira (MDB). Na oportunidade, questionou sobre a proximidade de Geraldo Júnior com os irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima.
Em outro episódio de embate com figura política, o vereador eleito discutiu com a vereadora Laina Crisostómo (PSOL), que não conseguiu à reeleição no domingo (6).
“É claro que na posição que eu estava antes, de cidadão, eu só tinha a opção de cobrar, fiscalizar e de bater de frente contra os políticos. Por isso que muitas das vezes o pessoal colocava que eu criava polêmica, só que agora estou na posição de político e tenho o poder para fazer aquilo que eu percebia que os políticos não faziam”, disse.
“Vou continuar batendo de frente com tudo aquilo que acho errado, mas agora vou ter a voz no plenário, vou ter o microfone”.
Fonte: g1
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